
O
Village Vanguard está situado no coração de Greenwich Village, bairro ainda boêmio da cidade porém longe da agitação que o notabilizou como a vizinhança
cool entre as décadas de 60 e 90.
A casa, no nível da rua, é uma droga, desprovida de qualquer luxo, entre um restaurante mexicano e uma drogaria decaídos e só mesmo o toldo vermelho com o nome famoso em letras douradas a distingue e lhe traz alguma dignidade.
Ao descer-se a longa escada, porém, os sons longínquos vão se tornando mais perceptíveis e o
beat das freqüencias mais graves começa a incorporar-se a você e, quando a porta enfim se abre, você descortina "o ambiente", perfeito para o jazz.
O tamanho é o suficiente para abrigar uma platéia interessada no que acontece no palco, e mesmo no assento mais distante você está "dentro" do clima. As pesadas cortinas de veludo (vermelhas, também, e com umas duas décadas de idade) são os anteparos necessários para a acústica perfeita.

As paredes, recobertas de fotos dos grandes mestres que lá se apresentaram, aperfeiçoam o clima do
basement club.

A platéia, acrescida dos parentes/amigos dos músicos (achei ter visto uma duas mãezonas deles lá, pelo menos), vibra intensamente com cada segundo do concerto, percebendo e respondendo com
yeahs às mínimas filigranas deste ou daquele solo. Esse calor genuíno, tanto pela proximidade dos músicos como pelo nível de interesse dos presentes - diferentemente do Blue Note, os turistas visíveis no V.V. eram todos, sem exceção, admiradores do bom e verdadeiro jazz, e dava para notar que não estavam ali por mero acaso, em busca de um programa que incluísse um jantar e um "jazzinho"- criou e cria um clima que acredito seja tudo o que artistas desejam quando estão destilando sua arte.
O V.V., nesse ponto, é imbatível e merece toda a projeção histórica que tem como um templo para algumas das mais antológicas sessões do jazz - as gravadas ao vivo são vastas. Em NYC, é parada obrigatória.
A programação do templo:

Fui colhendo o material que estava disponível pela mesa e fotografei o que pude. Só o que rolou em maio e o que estava rolando neste mês era suficiente para qualquer aficionado pelo jazz permanecer em estado de graça por um ano inteiro: Frank Wess, Charlie Haden, Paul Motian, Tom Harrell, Al Foster, Eric Reed, Diego Urcola, Miguel Zenón, Brian Blade e Fred Hersch são apenas alguns dos nomes pinçados da programação da casa. Sem contar os escudeiros de altíssimo nivel, cujos nomes se pode ver ampliando a foto ao lado.
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