O Village Vanguard está situado no coração de Greenwich Village, bairro ainda boêmio da cidade porém longe da agitação que o notabilizou como a vizinhança cool entre as décadas de 60 e 90.A casa, no nível da rua, é uma droga, desprovida de qualquer luxo, entre um restaurante mexicano e uma drogaria decaídos e só mesmo o toldo vermelho com o nome famoso em letras douradas a distingue e lhe traz alguma dignidade.
Ao descer-se a longa escada, porém, os sons longínquos vão se tornando mais perceptíveis e o beat das freqüencias mais graves começa a incorporar-se a você e, quando a porta enfim se abre, você descortina "o ambiente", perfeito para o jazz.
O tamanho é o suficiente para abrigar uma platéia interessada no que acontece no palco, e mesmo no assento mais distante você está "dentro" do clima. As pesadas cortinas de veludo (vermelhas, também, e com umas duas décadas de idade) são os anteparos necessários para a acústica perfeita.
As paredes, recobertas de fotos dos grandes mestres que lá se apresentaram, aperfeiçoam o clima do basement club.
A platéia, acrescida dos parentes/amigos dos músicos (achei ter visto uma duas mãezonas deles lá, pelo menos), vibra intensamente com cada segundo do concerto, percebendo e respondendo com yeahs às mínimas filigranas deste ou daquele solo. Esse calor genuíno, tanto pela proximidade dos músicos como pelo nível de interesse dos presentes - diferentemente do Blue Note, os turistas visíveis no V.V. eram todos, sem exceção, admiradores do bom e verdadeiro jazz, e dava para notar que não estavam ali por mero acaso, em busca de um programa que incluísse um jantar e um "jazzinho"- criou e cria um clima que acredito seja tudo o que artistas desejam quando estão destilando sua arte.O V.V., nesse ponto, é imbatível e merece toda a projeção histórica que tem como um templo para algumas das mais antológicas sessões do jazz - as gravadas ao vivo são vastas. Em NYC, é parada obrigatória.
A programação do templo:
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