Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

OUSADO, BRILHANTE

09 fevereiro 2008

Aproveitando as inúmeras citações recentes aqui no CJUB do pianista Stefano Bollani, nada mais oportuno do que uma resenha de seu mais novo CD, ainda inédito, e que, se não é jazz de raiz, pelo menos deve despertar a curiosidade de qualquer apreciador da boa música. Bollani dessa vez resolveu prestar uma homenagem à música brasileira, depois da visita ao Rio que fez em Dezembro último, como parte de um intercâmbio entre Itália e Brasil (Umbria Jazz Brasil). O italiano até fez uma apresentação gratuita numa favela em Laranjeiras para lançar o álbum, com a participação dos mesmos músicos brasileiros que atuaram no projeto. Bollani Carioca – é o título do CD – contou com Marco Pereira (violão), Zé Nogueira (sax), Jurim Moreira (bateria), Jorge Helder (contrabaixo) e Armando Marçal (percussion), além dos cantores Zé Renato e Mônica Salmaso. Bollani já havia homenageado Jobim em 2003 com um bonito álbum chamado Falando De Amor. Gravou também temas da Bossa-Nova em duo com Phil Woods. Dessa vez o repertório foi bem mais variado, como um retrato da música brasileira em todas as suas manifestações e épocas.
Aos 35 anos, o pianista de Milão já mostra maturidade e competência suficientes para se arriscar a qualquer projeto mais ousado. Bollani Carioca é uma prova, a partir de alguns clássicos da nossa música não muito familiares aos gringos, passando por Pixinguinha, Nelson Cavaquinho e Chico Buarque. O CD é agradável e criativo do início ao fim, com um momento no mínimo emocionante quando Mônica Salmaso canta Folhas Secas em duo com o italiano. Se Bollani foi eleito o músico do ano na Europa – prêmio Hans Koeller – não foi à toa. Além de jazzista, é um pianista completo. E já para 2008 tem mais de 200 apresentações agendadas.

01. luz negra
02. ao romper da aurora
03. choro sim
04. valsa brasileira
05. a voz do morro
06. a hora da razão
07. segura ele
08. doce de coco
09. folhas secas
10. il domatore di pulci
11. samba e amor
12. tico-tico no fubá
13. caprichos do destino

Repubblica e L’Espresso (2007)
Stefano Bollani – piano, arranger
Zé Nogueira – sax , producer
Jurim Moreira – drums
Marco Pereira – guitar
Jorge Helder – bass
Zé Renato - vocal (*6)
Mônica Salmaso - vocal (*9)
Armando Marçal - percussion
..........................................................
PS. No Som na Caixa, uma aula de como um tema surrado (Tico-Tico No Fubá) ganha quando o músico sabe a importância da harmonia no jazz moderno. Aqui, um Bollani "monstruoso", expressão benechisniana...
..........................................................
No estúdio com Stefano Bollani (Antônio Carlos Miguel)
.
O tal disco carioca que o pianista italiano comentou na entrevista publicada neste domingo no Segundo Caderno está se material¡zando. Hoje, no fim da tarde, passei quatro horas no estúdio e pude ouvir algo do que eles gravaram ontem e acompanhei Marçalzinho botando sua percussão em algumas das faixas. Produção de Zé Nogueira e Alberto Riva (este um jornalista italiano especializado em música, autor da biografia do trompetista Enrico Rava, e que agora, casado com uma brasileira, trabalha como correspondente de agências italianas aqui no Rio), o repertório passa longe da obviedade, incluindo Nelson Cavaquinho, Ismael Silva, Zé Kéti ("A voz do morro"), um "Tico-tico no fubá" genialmente desconstruí­do e um maxixe do próprio Stefano, que também ouvi. Uma base brasileira, com o baterista Jurim Moreira, o baixista Jorge Helder e o violonista Marco Pereira, garante o balanço local, mas Bollani manja muito da música brasileira - Riva contou que ao conhecê-lo, dez anos atrás, ele já tocava samba. Dois músicos do seu quinteto, que se apresentará domingo, no palco Club do TIM Festival, também participam do "discacarioca": o saxofonista Mirko Ismael Silva que iria gravar em seguida e o clarinetista Nico Gori. Segundo Zé Nogueira, que também participa, num duo de piano e sax soprano, o disco sairá no Brasil pela gravadora MP,B (distribui­da pela Universal), enquanto na Europa ficará por conta de Bollani e Riva o acerto com algum selo.
PS. (em 10 de novembro): acabei de falar com Riva, e ele me corrigiu: "Apenas Stefano que cuidará do lançamento na Europa").


Nenhum comentário: