Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ – nº 51

27 dezembro 2007

OSCAR PETERSON


Não me canso de falar nos sebos da Rua São José, fontes de abastecimento de muitas discotecas niteroienses. Alí adquirimos o que hoje são consideradas raridades. A série da Dial de Charlie Parker, alguns volumes do Jazz at the Philarmonic e os meus primeiros discos de Oscar Peterson, tudo no chamado formato de dez polegadas. Não sabíamos a origem dos discos mas com certeza nem todos eram usados, até porque, alguns tinham vários exemplares iguais.

Era obrigatória a visita diária para que nenhuma oportunidade fosse perdida. Os saúvas criaram até um bordão: “percorrer a via sacra em direção à Praça XV rumo à última carroça.” Ou seja, descer a Rua São José entrando em todos os sebos (entre Rodrigo Silva e Carmo) e seguir até a velha Cantareira para pegar a barca das sete.

Numa dessas investidas me deparei com um Lp intitulado “Oscar Peterson at Carnegie”, da Clef Records e lendo a contracapa do mesmo, escrita por Norman Granz, fiquei sabendo do início de Peterson, desde quando fora convocado no Canadá, até sua estréia no Jazz at the Philarmonic. Esse exemplar contem a primeira apresentação ao vivo do pianista em gravação ao vivo no Carnegie Hall. Apenas três faixas são suficientes para mostrar quem era o jovem canadense. “Fine and Dandy”, “I Only Have Eyes for You” e “Carnegie Blues”, que ocupa todo um lado do disco, onde, contando apenas com o apoio de Ray Brown, Peterson deslancha numa improvisação fascinante, cheia de swing e com uma pitada de humor, quando insere no discurso melódico um cliché da Polonaise, de Chopin. Fiquei convencido que alí estava um gigante do teclado.

Dias depois, “passando em revista as tropas” no sebo do Ferreira, encontro dois álbuns de Peterson intitulado “Collates”. Alí, interpretando sete “standards” e um original (Debut), ele tem como acompanhantes Major Holley e Ray Brown alternando-se nas faixas e Herb Ellis surgindo com sua guitarra em “Lover”. O volume 2 segue em linhas gerais o primeiro com sete “standards” e um original (Nameless), aparecendo em duas faixas a guitarra de Barney Kessel e a bateria de Alvin Stoller. Ótimos discos onde se repara que Peterson ainda mostrava alguma influência de Nat King Cole.

Finalmente,em outra ocasião, encontrei mais um 10 polegadas do pianista intitulado “Oscar Peterson Quartet”. Alí estava uma seção rítmica que acompanharia inúmeros solistas em gravações para os selos de Norman Granz, Clef, Norgran, Mercury e mais tarde Verve, formada por Barney Kessel, Ray Brown e Alvin Stoller. Apenas duas faixas ocupando os lados inteiros do disco. (Astaire Blues e Stompin’ at the Savoy). Na contracapa, Norman Granz esclarece: “Esse é o tipo de Jazz que eu amo”.

Esses foram os primeiros discos de Peterson que adquiri, uma espécie de apresentação mostrando todo seu virtuosismo e técnica de improvisação. Claro, muitos outros chegaram depois, já em formato de 12 polegadas.



PETERSON EM PESSOA


Em 27 de Janeiro de 1978, Oscar Peterson estreava no Rio de Janeiro, Teatro João Caetano, para uma série de quatro apresentações.

O saudoso Ézio Sérvulo, encarregado dos setores de Jazz e clássicos da Polygram, pessoa que definiria bem o brocardo “The right man in the right place”, que diga-se de passagem, dinamizou aquela gravadora, já amigo nosso, nos deu uma frisa para assistir o primeiro espetáculo. Local privilegiado, com ótima visibilidade do palco. Ansiedade enorme de toda a platéia aguardando o início do espetáculo, foi quando Ézio, meio sem jeito, me chamou e perguntou se eu me incomodaria em levar as garrafas de água mineral para o camarim. Claro que não respondi. Abrí a porta e entrei dando de cara com Peterson, seu filho, maior que ele e Joe Pass. Entreguei as garrafas e imediatamente solicitei os autógrafos, que foram dados com satisfação. Agradeci e ao estender a mão para Peterson, tive a sensação que segurava um cacho de bananas. Dedos enormes quase cobriram o meu antebraço.

Começa o espetáculo com Peterson abrindo com um inebriante “Body and Soul”. Usava smoking, camisa de punhos rendados e a todo momento enxugava o rosto com um lenço. Suava em bicas. Terminado seu set, entrou Joe Pass vestido da mesma maneira e logo o suor pingava de seu rosto.

Termina a primeira parte e logo ficamos sabendo que o ar refrigerado do teatro pifara. Realmente a temperatura subira consideravelmente. Toca o sinal anunciando o fim do intervalo. Foi quando Peterson adentrou ao palco com outra vestimenta, uma camisa estampada, com folhas verdes, tipo havaiana e recebeu uma verdadeira ovação. Aí ele mostrou tudo que sabia, principalmente num “blues” em uptempo quando dialogou com Joe Pass. Bons tempos.

Nenhum comentário: