Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ N° 49

12 dezembro 2007

O INCRÍVEL MACIEL

Essa história remonta ao ano de 1961, mês de março, quando junto com Paulo Santos integrei o Juri do “1° Festival de Jazz” promovido pela Folha de São Paulo.

Foi um evento paulista que movimentou o Rio de Janeiro, numa época em que a música instrumental estava em alta. A tal ponto que nossos principais músicos,que atuavam na noite, principalmente no “Bottle’s” e “Little Club”,no Beco das Garrafas, e mais o “Sacha’s” e o “Flag’s” e outros menos votados, foram convidados e essas casas tiveram problemas com sua programação. Giovani e Alberico, proprietários das casas do beco resolveram o problema fechando as mesmas naquele fim de semana e embarcando para São Paulo junto com a numerosa delegação carioca.

Lá nós éramos tantos que tivemos que dividir o pessoal. Metade no Hotel Commodoro e metade no Hotel Lord. Aí, houve um troca-troca diário de hotel para hotel com os músicos se deslocando para os ensaios realizados no Bar do Commodoro ou no Lord.
E foi num desses ensaios que assisti uma de Maciel. Era um quinteto com Paulo Moura e seção rítmica que não me lembro (talvez Luiz Carlos Vinhas, Tião Marinho e Edson Machado). O ensaio ia bem até que no último número, quando Moura interrompeu a música quase no fim e pediu que Maciel tocasse mais “stacatto” na frase final. Houve a primeira tentativa sem sucesso. Moura então repetiu as instruções.
Maciel calmamente respondeu: “Ah, é assim? Vou botar no saco e me mandar”, e unindo o gesto à palavra guardou o trombone no estojo e saiu calmamente. Foi para o bar e pediu um whisky. Ao ser atendido, o garçom perguntou qual era o apartamento e Maciel calmamente respondeu: 215. (Ele estava no oitavo andar).
Pensei que de noite, na hora da apresentação do quinteto, aquele número fosse cortado do repertório. Entretanto, tal não aconteceu. Antes de iniciar o tema, Maciel calmamente colocou a partitura em cima do bumbo da bateria e tocou de costas para a platéia.

A outra foi no jantar realizado com toda a delegação no Hotel Lord. Ambiente formal com o “maitre” anotando os pedidos. Como era boca livre, a preferência caía sobre os pratos mais caros. “Filé a Oswaldo Aranha”, “à Francesa”, “de Haddock”, “Costeletas de porco”, etc.
Chegou a vez de Maciel e estabeleceu-se o seguinte diálogo:
Maitre – O senhor deseja o que ?
Maciel – Quero uma “Rã com bertalha”
Maitre – Infelizmente, senhor, aqui não servimos rã.
Maciel – Então me traz um whisky.
Maitre – Pois não, qual é o seu apartamento ?
Maciel – Apartamento 215.

Fiquei imaginando a surpresa dos hóspedes dos apartamentos 215 de ambos os hotéis quando fossem pagar suas contas e encontrassem alguns whiskys em suas faturas. Isso sem falar nos chocolates que ficavam em cima do “frigobar”, que Maciel esvaziava quando visitava apartamentos de outros músicos.

E teve mais. Na época em que o governo confiscou nossas poupanças, recebi em meu programa três integrantes do sexteto “Bossa Rio”: Edson Machado, Tião Neto e Maciel. Durante uma das entrevistas, sem que nem pra que, Maciel gritou alto e bom som: “Zélia, eu quero meu dinheiro!”.

O jeito foi aplaudir.

Edson Maciel – deixou saudades.


Juarez, Aurino e Maciel

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