Graças ao gentil convite recebido de nossa confrade LaClaudia, pude estar presente a essa noite mágica e ver convergirem para o Golden Room, aquele tão nobre salão do Copacabana Palace Hotel, vários de meus acalentados sonhos. Desde que soube que nossos Mestres Raf e Goltinho tinham participado, junto com ela, de alguma maneira, da produção de noites jazzísticas internacionais no Caesar Park no passado - deve haver posts anteriores por aqui, relatando noites com Stan Getz, Phil Woods e Wayne Shorter -, fiquei muito interessado em conhecê-la pessoalmente, vez que sempre imaginei noites de gala para o jazz naquele local, ou seja, num ambiente confortável e glamuroso, onde se poderia dar ao que aconteceria no palco, total atenção.
Descobri assim, em Claudia Fialho, a par de todas as suas demais qualidades, uma grande entusiasta pelo jazz, assim como no Guilherme Ferraz, dublê de marido e excelente praça. Foi na mesa deles que, instalado, pude ver o início de uma virada do hotel na direção da música que nos interessa. Explicou-me LaClaudia que havia uma decisão da organização em recriar ali, em algumas ocasiões especiais a cada ano, um ambiente para a audição de música de qualidade, para uma parcela específica da população, não necessariamente popular mas revestida de características mais sofisticadas, coisa de que o Rio carece bastante hoje, principalmente em vista do fechamento - transitório, espera-se - do Mistura Fina.
Para a retomada, a escolha foi muito boa. Jobim e Jazz, dois elementos perfeita e facilmente complementares, em produção de Bernardo Vilhena e sob a batuta de Mario Adnet. Desnecessário falar de Adnet, o homem que juntamente com Zé Nogueira, recuperou para a cultura brasileira a maior parte do trabalho do genial Moacir Santos, em árdua e detalhada faina de transcrição que resultou no estupendo álbum duplo Ouro Negro, indispensável em qualquer CDteca.
Pois bem, a noite foi maravilhosa. O local, com bela (e acusticamente funcional) cortina azul ao fundo do palco, sobre a qual uma grande placa oval, onde se destacavam, escritas em dourado as palavras GoldenRoom Sessions - acho que a intenção ficou muito clara - era tudo que eu imaginava, da atmosfera requintada à acústica, que se não era perfeita, não deixou quase nada a desejar. E o comportamento da audiência, perfeito, na quase inexistência dos aplausos indesejáveis em meio aos momentos mais relevantes. Beleza.


Uma noite especial, prenúncio de outras de igual ou ainda maior quilate. Parabéns ao Copa e muito em especial, por tudo, à Cláudia.
Line-Up (à Mestre Lulla): Mario Adnet: violão, voz; Antonia Adnet: violão de 7 cordas; Ricardo Silveira: guitarra; Marcos Nimrichter: piano; Zeca Assumpção: contrabaixo acústico; Rafael Barata: bateria; Nailor Proveta: sax alto, clarinete, flauta; Marcelo Martins, sax tenor; Henrique Band: sax barítono; Jessé Sadoc: trompete, flugelhorn; Vittor Santos: trombone; Leandro Dantas: trombone baixo; Phillip Doyle: trompa; e Andréa Ernst Dias: flautas.
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