Aos 39 anos, Kurt Elling (Chicago) vem colecionando todos os prêmios da Downbeat, tanto entre os críticos como entre os leitores. Se isso não é atestado de talento, traz prestígio. Elling não é unanimidade, talvez pela escola Mark Murphy, a mais direta influência. Ele esteve no Brasil e dividiu opiniões. Alguém no blog escreveu que a sua versão para “My Foolish Heart” foi arrasadora, tipo antológica. Seja como for, Elling terminou o seu mais recente CD, a ser lançado em 3 de abril. Um amigo canadense – nem sei como conseguiu – me mandou. Trata-se de “Nightmoves”, já com alguma seqüela da temporada brasileira. Como de costume, o álbum é irregular, alternando bons momentos e outros descartáveis. Primeiro trabalho pela Concord Jazz, Elling elaborou dessa vez um repertório menos “complicado”, a começar pela faixa de abertura, “Nightmoves”, assinada por Michael Franks. Seu velho companheiro, o pianista Laurence Hobgood, continua responsável pelos arranjos. E esse é o primeiro problema. As interpretações sempre lineares do vocalista exigem extrema criatividade do arranjador, com harmonias instigantes, ainda mais quando vários temas são verdadeiros standards. Hobgood nem sempre cumpre esse papel. “Change Partnes/ If You Never Come To Me (Inútil Paisagem)” é um exemplo, a partir de uma intervenção não muito oportuna do gaitista Gregoire Maret. Mas há um grande salto de qualidade em “Where Are You, My Love?”, aqui com um Christian McBride inspirado. O CD tem também as participações especiais de Bob Mintzer (sax) e Guilherme Monteiro (guitar). “Luiza” (Jobim) se não é um total primor, derrapa na pronúncia estranhamente lusitana de Elling. E o álbum segue até o fim com curvas perigosas e ultrapassagens, poucas, convincentes. O apelo mais popular pode, sem dúvida, ser decisivo para uma nominação ao Grammy. Geralmente essa fórmula funciona, ainda mais quando há uma estréia em nova gravadora.1. Nightmoves
Nenhum comentário:
Postar um comentário