

São 45 anos com os ouvidos ligados, conectados ao jazz. Tudo começou via TV, seriado Peter Gunn(1958/61), minha primeira informação sobre o assunto. Graig Stevens, que fazia o papel principal, tinha uma namorada linda, cantora de um bar. A música era do Mancini. Sempre no inicio ou final de um capítulo havia espaço para uma canja do pequeno grupo e a voz de Lola Albright, que fazia o papel da “crooner”. Se não era jazz de primeiro escalão, tinha conseguido me fascinar. Logo vieram os Brubecks, Petersons, Gillespies, Coltranes e etc. Nunca me preocupei em estudar a matéria, o início de tudo. Sabia da importância de um Armstrong, Ellington, Kenton e tantos outros craques anteriores. Tinha apenas sede de ouvir o jazz que se fazia na época. Depois de toda essa trajetória e metodologia, do nada, cheguei a uma conclusão sobre quais seriam na minha opinião os dois mais significativos instrumentistas até hoje. Demorei para chegar aos nomes. Hoje tenho a coragem de revelar: Charlie Parker e Scott LaFaro.
Há algumas coincidências entre os dois. Morreram cedo (Parker, 34, e LaFaro, 25).
Os dois revolucionaram seus instrumentos, deixando uma escola até hoje inigualável.
Possuíam técnica incomum para a época. Se Parker não chegou a ouvir LaFaro, este, pelo estilo e arrojo, ouviu “Bird”. Se Parker continuasse vivo, não existiria outro para enfrentá-lo. O mesmo em relação a LaFaro. Gary Peacock e Eddie Gomez bem que tentaram. Mingus não tinha igual senso de improvisação, muito menos Carter - as frases ao mesmo tempo líricas e complexas. Qualquer contrabaixista moderno nada acrescenta ao que LaFaro fez na antológica noite de domingo no Village Vanguard com Bill Evans e Paul Motian, 11 dias antes de morrer em acidente de carro. Quem ouvir aquelas gravações com o cuidado que merecem, perceberão um Evans coadjuvante. Se Brian Bromberg é tido pelos músicos americanos como a fera atual do baixo acústico, ele é ainda apenas afluente de LaFaro. A concepção é a mesma, assim como a de Gomez e Peacock .
Quanto a “Bird”, tudo igual. Nenhum outro saxofonista atinge o mesmo vigor e espontaneidade do improvisador. Meio século e ninguém passa perto. Parker era capaz de criar climas mirabolantes em poucos segundos de solo. Coltrane, tal como Miles, optou por uma linguagem paralela, movida à emoção. Não havia (e não há) como seguir os passos de Parker. Quem quiser, vai quebrar a cara (Cafiso??).
Não achei outro nome com os mesmos atributos - procurei músicos que fizeram escola e que se ainda vivos fossem atuais em seus instrumentos. Pensei em Bud Powell, mas falharia na técnica. O mesmo em relação a Monk . Pensei em Ellington, Coltrane, Miles, Gillespie, Dolphy.........Bill Evans jamais teve "swing". Quem poderia ser esse terceiro, quarto, quinto...? Peço ajuda aos cejubianos, advertindo que Parker e LaFaro são escolhas apenas pessoais. E só me refiro aos instrumentistas.
PS. Charles Parker, Jr morreu em 1955. Rocco Scott LaFaro, em 1961
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