Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

ANTONIO ADOLFO E CAROL SABOYA : AO VIVO

18 setembro 2006

Pai e filha em perfeita harmonia.
Esta é a receita do novo CD, Ao Vivo, gravado em outubro de 2005 na Universidade de Miami que chega nas lojas pelo selo Kuarup.
Com produção de Antonio Adolfo, este belíssimo trabalho traz além da sua filha e cantora Carol Saboya, a guitarra de Claudio Spiewak, o contrabaixo de Gabriel Vivas e a bateria de Carlomagno Araya.

Um disco que chegou as minhas mãos de forma despretensiosa e já na primeira audição proporcionou momentos de pura beleza, com releituras de grandes clássicos da nossa música, sobrando espaço para muita bossa e balanço.
Um destaque especial para Fotografia (Jobim), Canto de Ossanha (Baden/Vinicius), Sa Marina (Antonio Adolfo/Tibério Gaspar), Milagre (Dorival Caymi) e Corrida de Jangada (Edu Lobo).

Obrigatório para quem gosta de boa música !

A história contada por Antonio Adolfo : (Kuarup Discos)

"Quando começamos a elaborar o repertório e a concepção geral do show "Bossa Nova Forever", que deu origem a este disco, eu e Carol quisemos prestar um tributo à bossa nova, ao samba-jazz e àquela com quem trabalhei e tive momentos de grande felicidade trazidos pela música: Elis Regina. Quisemos também combinar tudo isso com o repertório que Carol já havia gravado em seus quatro CDs no Brasil e em dois para o Japão, além do repertório dos shows que apresentamos, principalmente no exterior.

Foram somente dois ensaios com os músicos Cláudio Spiewak (violão e guitarra), Gabriel Vivas (contrabaixo acústico) e Carlomagno Araya (bateria). No show, tocamos soltos e felizes, arriscando, sem imaginar que poderia vir a ser um disco. E isso é estimulante e distingue uma gravação feita realmente num show, ao vivo, de uma feita em estúdio.

Comecei com um improviso (Abertura), mostrando uma saudável conexão entre Rhapsody In Blue, Aquarela do Brasil e Garota de Ipanema, com citações e, acredito, surpreendendo, pois, no momento em que parece que vamos entrar com Garota de Ipanema, tocamos Você e eu, do meu mestre e padrinho Carlos Lyra (parceiro de Vinícius), com magnífico solo do guitarrista brasileiro radicado na Flórida, Cláudio Spiewak.

Em seguida, entra Carol, estalando os dedos na marcação do contratempo.

Acompanhada, na introdução, somente pelo contrabaixista venezuelano Gabriel Vivas e, depois, pouco a pouco, conforme subimos de tom, por todo o quarteto, em Fotografia, num estilo swing, como originalmente foi gravada e ficou conhecida.

Dali passamos para o folclore, com a bela Meu limão, meu limoeiro, com um arranjo baseado no que fez o Maurício Maestro para o disco Sessão Passatempo, da Carol, dirigido pelo Hermínio Bello de Carvalho combinando o tema de folclore com a suingada e cheia de charme De onde vem o baião, do Gilberto Gil, arrematada, no final, com uma citação de O cantador de Dori Caymmi e Nelson Motta.

O público parece se descontrair e, num clima introspectivo, eu e Carol começamos a apresentar Bonita, gravada com Nelson Faria no disco que ela fez para a Lumiar, produzido pelo saudoso Almir Chediak, em homenagem a Jobim, em 1998. Vou tocando a introdução com notinhas condutoras da harmonia por semitons descendentes e ascendentes, o que é uma das características das músicas do mestre Antônio Carlos Jobim. E então, em certo momento, entra todo o quarteto. Tudo bem jazzístico ali, numa total síntese bossanovista.

Vem, então, Canto de Ossanha, dos geniais parceiros Baden Powell e Vinícius de Moraes, num arranjo competente e animadíssimo assim como quem o criou, o mestre, também da bossa nova, Oscar Castro-Neves, arranjo este que havíamos apresentado um ano antes no Lincoln Center, em Nova York, num show com Carol, Oscar, Paulo Jobim e outros.

Carol, então, passa a bola pra mim, que toco ao piano, em um mesmo número, duas belas músicas que transcendem qualquer estilo, podendo pousar até mesmo na ampla linha da bossa nova, devido à riqueza de suas melodias e harmonias e a força de seus criadores: os mestres Pixinguinha e Nazareth, que compuseram respectivamente as melodias de Carinhoso e Bambino. E por falar em mestres, em seguida apresento com o quarteto uma das mais belas músicas que conheço, Insensatez, de Tom Jobim, que tem um solo de baixo entremeado de modulações de tom conduzidas pelo piano.

Novamente, Carol, no palco, canta conosco. Dessa vez, Wave, do Jobim, num arranjo meu, cujo final tirei do que fizemos para Elis para os shows de 68 e 69. Carol brinca com o público no meio do arranjo e faz scats. O público parece vibrar.

E aí vem um dos grandes momentos do show: Carol canta a cappella, em outro arranjo de Maurício Maestro, extraído do disco Sessão passatempo, a lindíssima Passarim, e emenda com a não menos linda Chovendo na roseira, ambas do mestre Antonio Carlos Jobim.

Uma interpretação de Sá Marina, canção já gravada por Carol no segundo disco que fez para o Japão, desta vez com um arranjo meu, um dos autores da música, com um insert no intermezzo, extraído do belo arranjo que Luiz Avellar fez pra Carol, prepara os dois últimos números do show. Milagre, uma composição lindíssima do imortal Dorival Caymmi, gravada em um dos discos de Carol lançados no Japão e, finalmente, Corrida de jangada, de Edu Lobo, num arranjo importado do que criamos e tocamos muitas vezes com a saudosíssima Elis. Muitos aplausos e muita comemoração.

Ao tomar conhecimento da gravação, resolvemos, então, registrar esse momento natural, que pintou numa noite de grande energia e alegria, sabendo, inclusive, que não tivemos os recursos de uma superprodução para gravação ao vivo, em que se grava um show por duas ou três vezes, no mínimo, e pudemos fazer um CD praticamente sem retoques (a interpretação de Carol ficou intacta, exatamente como cantou ali, na hora) e que ficará para quem quiser viajar musicalmente conosco.

Antonio Adolfo"

Nenhum comentário: