Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

"HISTÓRIAS DO JAZZ" - UMA DO DIZZY

08 agosto 2006

Conforme promessa feita ao Mau Nah, tendo recuperado a minha matrícula, passo a contar algumas histórias vividas por mim, durante visitas de musicos estrangeiros ao Rio de Janeiro. Corria o ano de 1956, mês de agosto e a turma das "Lojas Murray" ficou ansiosa com a notícia trazida pelo mestre Sylvio Tullio Cardoso: a orquestra de Dizzy Gillespie chegaria ao Rio, contratada pelo empresário Dante Viggiani para uma temporada de uma semana com exibições no Teatro República (hoje estúdios da TVA). Em 7 de agosto, a Embaixada Americana ofereceu um coquetel à imprensa no Clube de Seguradores e Banqueiros (Rua Senador Dantas) para apresentar a orquestra. Lá fomos nós, com um grupo de amigos, conhecer de perto o famoso "criador do bebop". A duração do coquetel foi um bálsamo para todos, entrando em contacto pela primeira vez com músicos que em breve estariam famosos (Phil Woods, Benny Golson, Quincy Jones, Melba Liston, Walter Davis Jr., Charlie Persip, etc.)

Gillespie divertia a todos com suas momices. Contava piadas e as descrevia com caretas e sons guturais muito engraçados. De repente, soubemos que a estréia não seria no dia seguinte no República mas, naquela mesma noite, nos estúdios da TV Tupi, na Urca. Havia uma greve de taxi e fomos no velho ônibus URCA, levando Quincy Jones. Ao chegarmos na Tupi surgiu o primeiro problema. Um porteiro barrou a entrada de todos nós, informando que, por ordem da direção, ninguem entraria. Argumentamos que não havia ingressos para comprar e não entendiamos "as ordi". Não houve jeito. Em altos brados o robusto porteiro informava "SÓ ENTRAM OS MÚSICOS"...

Foi quando chegou Dizzy acompanhado por alguns fans e vendo a aglomeração na porta indagou o que estava ocorrendo. Alguem explicou que o porteiro informara que só entrariam os músicos. Dizzy, tirando o cachimbo da boca exclamou: "Shit, Brazil is the land of difficulties!". E pegando cada um de nós pelo braço, disse:
"this man plays trombone", "this man plays trumpet", "this man plays bass" e assim por diante até que todos tivéssemos entrado.

O porteiro apenas, como se diz no box, arriou os braços...

Para quem quiser anotar, eis a formação da banda:
Dizzy, Emmett V. Perry, Carl "Bama" Warwick, Quincy Jones (tp); Rod Lewitt, Frank Rehack, Melba Liston (tb); Phil Woods, James Powell (as); Benny Golson, Billy Mitchell (ts); Marty Flax (bs); Walter Davis Jr. (p); Nelson Boyd (b); Charlie Persip (dr); Austin Cromer (vo).

Por enquanto é só.

Nenhum comentário: