Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ, 2: O CHARUTO

15 agosto 2006

Alô moçada, aí vai a segunda história da série.

"O Charuto"

Em 17 de agosto de 1974 ocorreu no Rio de Janeiro um fato absolutamente inédito.
Numa mesma noite apresentavam-se dois gigantes do Jazz, surpreendendo até mesmo aos mais otimistas. O Quinteto de Dizzy Gillespie escalado para o cine Bruni-Flamengo e o grupo de Charles Mingus para o Teatro Municipal.

Nosso grupo optou por assistir Mingus, cujo espetáculo mostraria o repertório dos seus últimos álbuns. Para mim, particularmente, foi um dos piores shows de Jazz a que assistí. Talvez não estivesse preparado para as diatribes musicais de Mingus, com o sax-tenor tirando som de barítono e o barítono tirando som de alto. Ainda assim, era de lei ir aos camarins para a caça de autógrafos. E a "gang" de Niterói penetrou ansiosa nos bastidores e sem nenhum problema obteve os autógrafos dos músicos de Mingus, mas, o do líder, só no camarim.

Muita gente formava uma fila para falar com o contrabaixista que, exibindo um constante mau humor assinava com um "quase desprezo" os programas e LPs que os fans apresentavam. Fumava um grosso charuto exalando baforadas que enchiam o pequeno ambiente de fumaça.

Apresentei o LP de 10 polegadas, "Jazz Collaboration", no qual ele lançara o trumpetista Thad Jones pelo seu selo DEBUT. Deu o autógrafo e levantou-se atendendo a chamada de alguém. Fiquei frustrado pois afinal de contas faltava o autógrafo na "Encyclopedia of Jazz", de Leonard Feather, já assinada por gente importante como Dizzy, Armstrong, Ella, Sarah, Horace Silver, Woody Herman e tantos outros.

O chamado era para que Mingus fosse posar para fotografias junto ao piano, no palco do teatro. Não podia perder aquela oportunidade e com algum receio aproximei-me e solicitei o autógrafo. Olhou para mim como se dissesse: "você é um chato" e assinou sob sua foto. Missão cumprida, fomos todos para a saída nos fundos do teatro para a volta a Niteroi.

Fizemos a verificação se todos estavam alí e faltava Geraldo Fernandes a quem carinhosamente chamávamos de "Geraldo Crioulo". Passados quinze minutos informei que iria embora, não adiantava esperar Geraldo. E se ele tivesse saido pela porta da frente, e não tivesse nos encontrado, e ido embora?

De repente surge Geraldo com um sorriso que ia de orelha a orelha. Demos a esculhambação de praxe na base do "sempre se espera pela pior figura" e os demais também iniciaram as reclamações pela demora quando, Geraldo ainda rindo explicou o atraso: "Pôxa moçada, eu só estava esperando o homem acabar de fumar para pegar a guimba do charuto como recordação!" E tirando do bolso a peça exibiu-a como se fosse um troféu. Aí resolvemos todos ir tomar um chope para comemorar a "grande conquista" de Geraldo.

Para quem quiser anotar, eis a formação do grupo de Mingus: Charles Mingus(b)- Danny Richmond(dr)- George Adams(ts)- Hamiet Bluiett (bs), Don Pullen (p).

Por enquanto é só. Depois vem mais.

llulla

Nenhum comentário: