Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O VERDADEIRO JAZZ - XXV CHIVAS LOUNGE - CJUB DREAM NIGHT - HOMENAGEM A JOSÉ DOMINGOS RAFFAELLI

24 outubro 2005


Para o CJUB e para gerações de leitores, músicos e amantes do gênero, em geral, José Domingos Raffaelli É o VERDADEIRO JAZZ.
E será o verdadeiro jazz, ou melhor, JOSÉ DOMINGOS RAFFAELLI, o homenageado na CJUB DREAM NIGHT, XXV edição da série Chivas Lounge, as 21 h. da próxima 5ª-feira, 27/10, como de hábito no Mistura Fina.

O incomparável currículo do jornalista, educador e historiador do Jazz, José Domingos Raffaelli é a mais perfeita tradução de tudo quando aconteceu, no gênero, desde o século passado. Ele é o único, no Brasil, a conhecer, com total autoridade, toda a evolução e transformações por que passou o estilo, bem como os protagonistas - famosos e anônimos - destas mutações.

Raffaelli, o CJUBIANO, de outro lado, é o amigo, o conselheiro de todos nós; a personalidade firme, a integridade à toda prova; o confrade que simboliza, afinal, todas as aspirações do clube, que, acima de tudo, refletem sincera e incondicional amizade.

A noite é dos sonhos, portanto, primeiro, porque homenagear o Mestre Raffaelli já é antigo desejo da confraria.

Segundo, porque, para tornar a homenagem à altura do homenageado, arregimentamos um dream team do jazz carioca, um septeto que fará tremer os alicerces do Mistura. Senão, que tal, para começar, uma seção rítmica composta por Dario Galante (piano), Paulo Russo (contrabaixo) e Rafael Barata (bateria); e o front line, alinhando Vittor Santos (trombone), Jessé Sadoc (trompete & flugelhorn), Daniel Garcia (sax tenor e soprano) e Idriss Boudrioua (sax alto).

Há quanto tempo o Rio não vê um septeto assim ?

Em terceiro lugar, o set list é produto, também, dos sonhos particulares dos fundadores do CJUB, cada qual escolheu uma música, a SUA preferida, ou ao menos uma das favoritas, para ser executada por esse line-up estelar.

Os temas foram eleitos e informadas por e-mail a uma mesma pessoa, que apenas juntou-as numa lista. Não houve comunicação entre os membros para a escolha, que se deu exclusivamente segundo a preferência pessoal de cada votante. Ao se examinar o todo, notou-se que não houve nenhum compositor repetido em 13 temas escolhidos, o que, por si só, é de uma eventualidade digna de nota.

E quem melhor do que o próprio Raf para resumir a história de cada uma dessas composições:

"UGETSU - do pianista Cedar Walton (1934), gravada pelo conjunto Jazz Messengers, do baterista Art Blakey, no álbum do mesmo nome (Riverside), em 1963. Depois de tocar com J. J. Johnson e o conjunto Jazztet, Walton integrou a formação de sexteto dos Jazz Messengers, revelando-se também um compositor de talento. Um dos grandes estilistas do piano, em sua prolífica carreira participou de centenas de gravações com os maiores músicos de jazz e inúmeras apresentações em festivais e concertos em todo o mundo. Era o pianista favorito do genial vibrafonista Milt Jackson.

OUR DELIGHT - do pianista, compositor e arranjador Tadd Dameron (1917-1965), gravada pela orquestra de Dizzy Gillespie para a Musicraft, em 1946. Em plena era da afirmação do bebop, Gillespie formou uma big band que foi a pedra fundamental para a implantação do revolucionário estilo nas formações orquestrais modernas. O solo de Gillespie reafirmou ser ele um dos dinamos propulsores da nova música que deu início à era moderna do jazz.

A LA MODE - do trombonista Curtis Fuller (1934), gravada pelos Jazz Messengers, de Art Blakey, no álbum "Art Blakey and the Jazz Messengers" (Impulse), em 1961. A composição utiliza parte de uma escala modal na qual os músicos baseiam suas improvisações, em vez das tradicionais harmonias, uma inovação revolucionária introduzida no jazz, em 1953, pelo compositor e arranjador George Russell.

ALONG CAME BETTY - do saxofonista Benny Golson (1929), gravada pelos Jazz Messengers no álbum "Moanin" (Blue Note), em 1958. Bastante requisitada nas apresentações do conjunto, permaneceu no seu repertório até o final da sua trajetória, continuando a ser executada e gravada pelos músicos de jazz.

NOSTALGIA - do trompetista Fats Navarro (1923-1950), baseada nas harmonias de "Out of nowhere", gravada pelo autor para a Savoy, em 1947, à frente de um quinteto integrado por Tadd Dameron (piano), Charlie Rouse (sax-tenor), Nelson Boyd (baixo) e Art Blakey (bateria). O solo de Navarro, com a surdina cup, é um dos mais completos de todos os tempos em termos de estrutura, organização, articulação, idéias, continuidade e sobretudo invenção melódica, sendo um dos modelos utilizados para os estudantes de trompete nas escolas de jazz americanas. Na respeitável opinião de Stuart Varden, um dos maiores estudiosos do jazz, esse solo simboliza "a mais coordenada improvisação de trompete do jazz moderno".

ORNITHOLOGY - do saxofonista Charlie Parker (1920-1955) e do trompetista Benny Harris (1919-1975), gravada por Parker para a Dial, em 1946, com Miles Davis (trompete), Lucky Thompson (sax-tenor), Dodo Marmarosa (piano), Arv Garrison (guitarra), Vic McMillan (baixo) e Roy Porter (bateria). Baseada nas harmonias de "How high the moon", foi uma das grandes favoritas dos jazzmen nas jam sessions dos anos 40, 50 e 60. Com mais de 300 gravações, continua sendo interpretada por músicos de vários quadrantes do mundo.

JEANINNE - do pianista Duke Pearson (1932-1980), gravada pelo saxofonista Cannonball Adderley no álbum "Them dirty blues" (Riverside), em 1960. Sua melodia cativante completada por harmonias do maior bom gosto fez parte do repertório de Cannonball durante vários anos.

STOLEN MOMENTS - do saxofonista, compositor e arranjador Oliver Nelson (1932-1975), gravada pelo autor no álbum "The blues and the abstract truth" (Impulse), em 1961, com um sexteto de peso, incluindo Freddie Hubbard (trompete), Nelson (sax-tenor), Eric Dolphy (sax-alto e flauta), Bill Evans (piano), Paul Chambers (baixo) e Roy Haynes (bateria). Em todas composições, Oliver Nelson utilizou unicamente a temática dos blues ou baseada nas harmonias de "I got rhythm". "Stolen moments" é um blues de 16 compassos (uma das raras exceções na linguagem dos blues, que habitualmente são de 12 compassos) com harmonias alteradas.

BEBOP - de Dizzy Gillespie (1917-1993), gravada pelo autor para o selo Manor, em 1945. Foi a primeira sessão de gravação de Gillespie liderando um sexteto do estilo bebop, na qual atua, entre outros, o famoso Dexter Gordon (em seu primeiro disco bebop). Como inúmeras peças de jazz, "Bebop" é baseada nos acordes de "I got rhythm".

INVITATION - do compositor polonês Bronislau Kaper (1902-1983) escrita para a trilha sonora do filme "O Convite", gravada no álbum "Invitation" (Delos), em 1952. A beleza exótica deslumbrante de sua melodia encantou os músicos de jazz. Sua primeira gravação de jazz coube ao pianista George Wallington (1924-1993) no álbum "George Wallington with strings" (Clef), em 1955. Este LP de 10 polegadas jamais foi editado em CD. Virtualmente esquecido nas últimas décadas em razão do seu afastamento da música para dedicar-se aos negócios da família, Wallington, cujo verdadeiro nome era Giacinto Figlia, foi um dos mais importantes pianistas dos primórdios do bebop, ao lado de Bud Powell, Al Haig, Clyde Hart, Duke Jordan, John Lewis e Hank Jones. Ele integrou o primeiro conjunto bebop da história, em 1944, co-liderado por Dizzy Gillespie e Oscar Pettiford (baixo), tendo ainda Lester Young (sax-tenor) e Max Roach (bateria).

ROUND MIDNIGHT - do pianista Thelonious Monk (1917-1982), gravado para a Blue Note, em 1947, originalmentre intitulado "Round about midnight". Clássico do jazz, tornou-se símbolo de uma época em que o consagrado pianista e compositor iniciava sua trajetória para a eternidade artística graças à sua concepção inteiramente original e incomensurável criatividade. É uma balada de melodia envolvente que ganhou projeção mundial depois de incluida como tema da trilha sonora do filme "Por volta de meia noite". Com centenas de gravações, é um dos temas originais mais interpretados do repertório jazzístico em todos os tempos.

MOOD INDIGO - do maestro, pianista, compositor e arranjador Duke Ellington (1899-1974), gravado para a Brunswick, em 1930, originalmente intitulado "Dreamy Blues". Outro clássico, também foi gravado centenas de vezes. Sua melodia introspectiva de beleza encantandora cativou músicos, críticos e público, permanecendo no repertório da orquestra de Ellington até o final da vida do maestro. Como curiosidade, o clarinetista Barney Bigard reivindicou a autoria dessa composição, afirmando tê-la vendido a Ellington por U$ 25.00.

PENSIVE - do saxofonista Al Cohn (1925-1986), gravado pelo autor no álbum "Overtones" (Concord Jazz), em 1982. É uma balada introspectiva que evoca um clima acentuadamente melancólico. Além de excelente saxofonista, Cohn também foi talentoso compositor e arranjador com longa folha de serviços em incontáveis orquestras e pequenos conjuntos. Nesta gravação ele lidera um quinteto com seu filho Joe Cohn (guitarra), Hank Jones (piano), George Duvivier (baixo) e Akira Tana (bateria)
".

Todos ao Mistura, portanto, nesta quinta, para a CJUB DREAM NIGHT, reverenciando José Domingos Raffaelli.

Um comentário:

Mario disse...

Até hoje sonho com essa noite