Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

GARGALHADAS SURDAS DE FELICIDADE

18 setembro 2005

Sei que nosso Sazz está preparando uma resenha completa sobre o excerto carioca do Festival TUDO É JAZZ, que vem acontecendo no Mistura Fina, uma redução do festival do mesmo nome que ocorreu em Ouro Preto. Mas não agüentarei esperar até lá, por conta do estado de graça/choque em que me encontro desde ontem. Bem que a Norma Curi nos avisou em seu artigo, bem ao lado da coluna extra (onde resenha o Fest. de Ouro Preto) que o Mestre LOC publicou ontem no JB. Mas a surpresa foi muito grande, além da expectativa!

Não ficava assim desde as apresentações do pianista francês Jean-Michel Pilc num festival há alguns anos, e a de David Feldman em março deste ano, no mesmo MF, quando apresentou, em produção do CJUB sua interpretação do som do Beco das Garrafas.

Se em breve estarei listando aqui uma pesquisa que fiz sobre quem vai ser destaque provável no futuro panorama jazzístico mundial, ontem tive a oportunidade de ouvir dois dos moleques geniais que estão nessa lista.

Com 20 e 17 anos, o pianista Taylor Eigsti e o guitarrista Julian Lage são capazes de fazer a alma gargalhar. Em abril passado, contei aqui que o Feldman nos havia feito rir a todos com sua energia criativa e técnica impecável. Ontem eu gargalhava surdamente, batia na minha própria cara e beliscava minha barriga, pleno de felicidade, qual um deputado do PT recebendo um habeas-corpus para adiar a defenestração iminente.

Imaginem dois músicos completos, sem nenhum interesse em competir mas sim de se complementar, cheios de idéias geniais e de uma energia criativa devastadora, laborando para apresentar o seu melhor para um povo sabidamente musical e receptivo.

Esse era o cenário da noite de ontem. E foi exatamente isso o que nos deram: uma completa e perfeita aula de musicalidade, numa torrente alternada de alegria e de paixão pela improvisação onde a fabulosa técnica de ambos, adquirida desde suas infâncias, serviu apenas como veículo para suas sensibilidades exacerbadas e colaborativas. O resultado é devastador, pois ali naquele palco e por decorrencia, naquela sala, parece que nada mais importa.

Se Lage já está nos últimos dois discos de Gary Burton, inclusive com várias de suas composições sendo tocadas pelo grupo, Eigsti lança seu primeiro CD em fevereiro próximo, com ninguém menos do que Julian, Christian McBride e Lewis Nash, entre outros, na formação. É para comprar tudo o que esses meninos produzirem então estou reservando o meu agora: alô, Flávio Raffaelli, bota meu nome na lista de espera!

Pois é, amigos, este é meu testemunho. Estou ainda em choque, pois há muito tempo não via semelhante simbiose a serviço do jazz. Se esse é um exemplo do futuro que nos aguarda, podemos dormir tranqüilos. Os garotos foram simplesmente assombrosos, espantosos, monumentais.

P.S.: A reverência com que se referiram ao Maestro Tom Jobim e a interpretação com que nos brindaram no bis, de "Retrato em Branco e Preto", sem deixar fugir uma nota ou nuance de andamento sequer, já estão na lista das "10 Coisas Mais Lindas" que eu já ouvi. E nem ousaram qualquer tipo de improviso. Foi a partitura limpa. E só.

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