Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MESTRE LOC E SUA COLUNA NO JB DE HOJE:

18 agosto 2005

Como sempre, nosso Mestre-Remoto, Luiz Orlando Carneiro, antenado com as notícias internacionais, brinda aos seus leitores do JB com as novidades do mundo jazzístico em cima do lance e nós aqui aproveitamos para reproduzir suas palavras, mais ainda quando dão conta de tão sensacional descoberta. Imperdível.

Charlie Parker e Gillespie ao vivo

"Uma descoberta "arqueológica" que altera significativamente a história discográfica dos primeiros tempos do bebop já está disponível nas lojas virtuais da internet, a preços variáveis entre US$ 13 e US$ 17. Dizzy Gillespie-Charlie Parker/Town Hall, New York City, June 22, 1945 (Uptown Records 2751) é um CD de quase 40 minutos que reproduz - com som bem razoável e chiado desprezível - acetatos inéditos dos dois founding fathers do bop, improvisando, ao vivo, a partir de seis "hinos" do idioma: Bebop, Night in Tunisia, Groovin'High e Salt Peanuts, de Gillespie; Hot House, de Tadd Dameron; 52nd. Street theme, de Thelonious Monk.

Bird e Diz tocaram e/ou gravaram esses temas centenas de vezes. Por que então o registro desse concerto inédito de 22/6/1945 pode ser considerado - para citar Fred Kaplan, crítico de jazz do New York Times - a "Pedra da Roseta do bebop"?

Sem falar na qualidade intrínseca das performances desse quinteto Parker-Gillespie (o grande tenorista Don Byas aparece também na primeira faixa, e Sid Catlett substitui Max Roach em dois números), basta lembrar que a primeira sessão de gravação histórica do autêntico bebop ocorreu em 11/5/45. Naquela data, os "All-Stars" de Dizzy Gillespie (Parker; Al Haig, piano; Curley Russell, baixo; Catlett, bateria) perpetuaram quatro faces de discos de 78 r.p.m. para o selo Guild: Salt Peanuts, Shaw'nuff, Lover Man (com vocal de Sarah Vaughan) e Hot House. Mas as faces dos discos de dez polegadas dos anos 40 não ultrapassavam os 3m22s de Lover Man.

Só seis meses depois (26/11) é que Charlie Parker, no esplendor de seus 25 anos, na condição de líder, gravaria para a Savoy as três primeiras verdadeiras obras-primas do new jazz, todas de sua autoria: Koko (baseada em Cherokee), Billie's Bounce e Now's The Time. Acompanhavam Bird nesses altíssimos vôos Roach, Russell e o pianista Argonne Thorton (Sadik Hakim), embora Gillespie tenha se sentado ao piano em Koko. Miles Davis, então com 19 anos, é o trompetista ouvido nos outros dois números, e Dizzy o substitui na introdução de Koko - talvez o solo mais extraordinário de Bird, e que ocupa, em tempo vertiginoso e assimétrico, a quase totalidade dos 2m56s da master take. Essas "gemas" da primeira forma cristalizada do jazz moderno esbarravam também, contudo, no limite dos três minutos e poucos segundos daqueles velhos discos pretos quebradiços.

Os acetatos com o concerto do Town Hall (descobertos por Robert Sunnenblick, dono da Uptown, e agora editados em CD) são preciosos, sobretudo porque registram Parker e Gillespie, ao vivo, em momentos gloriosos do início de suas carreiras, em faixas de duração superior a sete minutos (com exceção de The Theme, de pouco mais de dois minutos).

Os mais importantes concertos gravados da dupla Bird & Diz, reeditados em CD até agora, eram o do Carnegie Hall (Roost-Capitol), de setembro de 1947, e o Jazz at Massey Hall (Debut-Fantasy), de maio de 1953 - que ficou conhecido como "o maior concerto de jazz de todos os tempos", por reunir, além dos líderes, Bud Powell, Charles Mingus e Max Roach, numa magnífica celebração do mais puro bebop."

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