Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

O JAZZ, EM ESPECIAL O JAZZ BASS, DE LUTO

01 maio 2005

Foram três perdas irreparáveis em abril. Porque cada músico de jazz, cada artista, ao contrário dos demais mortais, é, sim, insusbstituível.

Nunca mais teremos baixistas como Niels Pedersen, Percy Heath e Jimmy Woode.

Os três se foram no fim deste mês, deixando, cada qual, além da saudade, a marca de sua importância para o gênero, no qual todos fizeram história.


Nenhum contra-baixista de música popular ousaria duvidar que Niels foi o MAIOR virtuose do instrumento, em todos os tempos. Indo além, pouquísimos baixistas da música clássica chegaram ao nível técnico absurdo a que, desde cedo, NHOP provou ter atingido. Tocava em pizzicatto seu contrabaixo acústico, como se estivesse dedilhando um piano ou uma guitarra, ignorando o terrível diapasão do instrumento. Sua velocidade e perfeita afinação serão, talvez para sempre, inatingíveis.

O embate com Ray Brown, no celébre encontro montado por Oscar Peterson em Montreux, nos anos 70, mostrou isto: Niels acuou Ray, ganhando por indiscutível knock-out. Vejam: Ray tocou tudo o que podia - a até o que não podia - naquele concerto, e tudo que Ray Brown poderia - em plena década de 70, seu auge técnico e musical - não era nada pouco, todos sabemos.

Inobstante tamanho virtuosismo, Pedersen era simples e amável como pessoa, e sabia ser simples e objetivo também quando a música pedia. Por isto, a devoção de Peterson, Dexter Gordon, Kenny Drew, Basie, Pass, Terry e tantos outros monstros, à sua arte, sempre dedicada a quem faz e ouve jazz, e não à pirotecnia estéril, que nada acrescenta à música.


Percy Heath, veterano surgido no bebop, irmão dos também célebres Jimmy e Albert, fez história não só como membro regular do longevo Modern Jazz Quartet, mas como âncora de dezenas das principais units do jazz, desde os anos 40, figurando em albuns absolutamente seminais, como, para ficar em dois apenas, Miles Davis and the Modern Jazz Giants e Bag´s Groove, ambos para a Prestige e sob a liderança de Miles. O baixista viria para o último Festival de Lapataia (Punta Del Leste), no início deste ano, com os Heath Brothers, mas sua ausência seria já o presságio do pior, acometido de uma crise do câncer que, agora, o vitimaria.

A condução precisa e sempre imaginativa de Percy Heath será sempre uma das fundações do jazz bass, na sua vertente mais pura e blues oriented, fazendo escola (vídeo aqui), como seu antecessor, Milt Hinton, seus contemporâneos, Oscar Pettiford e George Duvivier, e muitos sucessores, como Leroy Vinnegar, Paul Chambers, Doug Watkins e Jimmy Merrit, ou, modernamente, Charles Fambrough e Dwaine Burno.


Jimmy Woode, também contemporâneo de Heath e ativo desde os anos 40 (gravou "com todo mundo", desde Sidney Bechet e Billie Holiday, até Eric Dolphy e Johnny Griffin), teve marcante associação, durante a década de 50, com a orquestra de Duke Ellington. Na dicção de Peter Keepnews, em recente artigo, publicado pelo NYT, "Mr. Woode - who lived in Sweden, Germany, Austria and Switzerland before moving back to the United States in 2001 - became a fixture of a jazz community that in the 1960's and 1970's was still dominated by American expatriates. He worked with many of them, notably the pianist Bud Powell and the saxophonists Don Byas and Johnny Griffin. Most important, he was a charter member of Europe's most successful jazz orchestra, the Kenny Clarke-Francy Boland Big Band, remaining with it from its inception in 1960 until it disbanded in 1973".


Neste abril, o heartbeat do jazz cedeu a um choroso improviso com arco, empunhado por baixistas e jazzófilos do mundo todo.

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