Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

LUIZ ORLANDO, SEGUNDO ANTONIO TORRES

19 maio 2005

Foi com este sensacional texto, cujo original está aqui, que o escritor e colunista do Jornal do Brasil, Antonio Torres assim se referiu ao nosso Mestre-Cjubiano-Remoto e amigo, Luiz Orlando Carneiro, em sua coluna do dia 12 de maio p.p.. Vejam que beleza!

"Hoje é dia de jazz"


Quinta-feira é o dia da coluna de Luiz Orlando Carneiro neste B. Agora com maior visibilidade na contracapa, na levíssima companhia da multicolorida Heloisa Tolipan, uma gracinha de menina. Pois lhes conto: sou um escritor movido a jazz. A começar pelo título do meu primeiro romance, Um cão uivando para a Lua, inspirado em Miles Davis tocando My funny Vallentine. E é no piano de Thelonious Monk, sobretudo em Blue Monk, que tento captar o ritmo de minhas frases. Por isso sempre sonhei em um dia bater na porta de Luiz Orlando Carneiro para lhe dizer: ''Tenho três fitas com as mais variadas interpretações de Round midnight. Mas com certeza você tem outras aí que não conheço. Posso entrar?'' Se ele viesse a me receber com satisfação, ia cair numa cilada. Porque, uma vez instalado em sua discoteca, nunca mais iria querer sair dela. E quando, já dando sinais de impaciência diante da invasão domiciliar infinita, ele me perguntasse: ''Sabe o que dizem os italianos?'', e eu, o invasor, fingindo inocência, lhe respondesse: ''Não. O que dizem?'', e ele esclarecesse que, segundo os italianos, visita é que nem peixe; depois do terceiro dia fede -, lhe diria que a culpa da minha insistência em permanecer em sua casa até o fim dos meus dias era dele mesmo. Ou melhor: da coluna que ele assina aqui, toda quinta-feira.

Não é de hoje que sou leitor de Luiz Orlando Carneiro. Não sei quantos mais o lêem, além deste obsessivo ouvinte de jazz. Não importa se são muitos ou poucos. Dizem até que só três por cento da humanidade apreciam esse gênero musical que, para essa aficionada minoria, é o clássico contemporâneo. Sei que escritores como Gabriel García Márquez fazem parte dessa ínfima classe. E Júlio Cortázar dizia que um conto tem que terminar como termina uma improvisação jazzística. Só assim o contista pode vencer o leitor por nocaute. Fala-se aqui do autor de uma obra-prima, O perseguidor, história baseada numa temporada do saxofonista Charlie Parker em Paris. Quando vi o filme Bird, achei que ele teria ficado muito melhor se o Robert Redford tivesse adaptado o conto do Cortázar. No Brasil, tínhamos o Fernando Sabino, que até tocava bateria. E Silviano Santiago é o autor do premiado Keith Jarrett no Blue Note.

E não nos esqueçamos de que o jazz influenciou Tom Jobim e todos os músicos brasileiros que fizeram da bossa nova um som universal. E que acabou, no reverso da história, por influenciar o jazz, estabelecendo-se com isso uma trilha de vinda e volta. Mas o Luiz Orlando Carneiro...

Bem, o texto dele tem a sonoridade do piano de Bill Evans, tocando uma valsa de Bach. Desce redondo."

P.S.: Antonio, a gente aqui quase que só gosta de jazz, em termos de música. Quando quiser saber das novas, apareça. O prazer será nosso.

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