Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

TIM FESTIVAL, 5/11/2004, SÃO PAULO

11 novembro 2004



CHICO PINHEIRO QUINTETO - @@@

Depois de revelar o furacão do marketing Maria Rita, Chico Pinheiro segue carreira, com técnica rebuscada e elogiável destemor na concepção e arranjos de sua música. Num set em que, além do líder, brilharam Teco Cardoso (sax soprano e flautas) e Andre Nehmari (piano), Pinheiro provou estar no caminho certo, tanto como instrumentista quanto como compositor, em que pese a dispensável concessão para temas cantados ou vocalizados pela convidada especial Luciana Alves.


BRAD MEHLDAU TRIO - @

Não à toa irritam tanto Brad Mehldau as constantes comparações com os trios de Bill Evans e Keith Jarret. Após ouvir alguns de seus discos, cheguei até a dizer, neste mesmo espaço, que Mehldau seria uma espécie de "Sub-Evans" ou "Sub-Jarret".

Mas depois da enfastiante e charlatanesca jornada de sexta-feira, vejo que também eu cometi imperdoável pecado ao dar a ele a dignidade de estar de algum modo associado, ainda daquela forma diminutiva, ao universo de gênios com tamanha envergadura.

Ultraja comparar o farsante Brad Mehldau às realezas Bill Evans e Keith Jarret, como, de resto, a qualquer outro músico de jazz.

Sua música não passa de ego-trip rasa, mais adequada às prateleiras da new age.

Porque jazz, definitivamente, não faz parte do dicionário de Mehldau.

Um pianista que despreza o swing não merece a alcunha de jazzista.

Não se fala, aqui, do swing "movimento do jazz" (pre-bebop), ou do swing "4/4" para o qual incautos "moderninhos" (moderninhos dos anos 70, ainda ?) torcem o nariz.

Falo do axioma Ellingtoniano que qualquer verdadeiro jazzófilo tem como bússola ao identificar, ou não, uma música como "jazz": "It don ´t mean a thing, if it ain´t got THAT swing". Desnecessário lembrar que Ellington foi o MAIS moderno e completo músico de jazz de todos os tempos.

Como fio condutor do tédio, entretanto, que se presta até a sonoterapias, o trabalho de Mehldau aparenta alcançar pleno êxito, inclusive porque emoldurado em capacidade técnica induvidosa.

Mas o kit de ilusionista amador que deve ter recebido dos pais quando criança, vem-lhe servindo bem para entreter platéias mundo afora - nem sempre tão leigas assim - carentes, talvez, frente a tantas aventuras post-boppers (algumas intimidadoras), de um melodismo simplório e apelativo, entremeado de melismos gelados, que temerariamente se pretende alçar à condição de "improvisos".

Ora, não basta formar um trio acústico de piano, baixo e bateria, ou tocar standards para ser jazz.

Não basta dedilhar Alfie ou More Than You Know lânguida e espaçadamente e muito menos amanteigar roqueiros como Beatles ou Radiohead, para filiar-se à nobre arte do improviso.

Suportamos pouco mais de uma hora de aridez musical absoluta, em que o pianista debochava do ouvinte sério, insistindo em divagações pueris e digressões pointless nas oitavas centrais do teclado, em que fixou-se ao longo de todo o "concerto", fazendo soar quase unívoco o timbre do piano, em esforço diretamente proporcional às suas limitações criativas.

De seus pares, resta dizer da irrelevância de ambos para os "objetivos" do líder, salvo por mascarar, com este tipo formação, a imagem de um trio jazzístico.

O atrapalhado Jorge Rossy (bateria), até que se esforçou, mas Larry Grenadier (contrabaixo), francamente, bem poderia buscar outro mister, tal o mau gosto na condução e a absoluta ignorância acerca do que represente a dinâmica (alterações na intensidade do tocar: piano, médio ou forte, p.e.), ainda mais quando o "moto perpétuo" do "patrão" é o mood "baladeiro".

Em síntese, uma apresentação, de fato, "para não esquecer jamais", como advertiram tantos críticos.

Para não esquecer do profético Duke Ellington e sua clarevidência.



NANCY WILSON & TRIO - @@1/2

Um espetáculo emocionante, fundado muito mais na classe, categoria e experiência, do que propriamente no esplendor vocal, ofereceu-nos Nancy Wilson e seu trio, no qual destacou-se o veterano baterista Roy Mcurdy, vestido a rigor, como os colegas, numa elegância plenamente ajustada à despedida da cantora dos palcos, que aqui se anunciou.

Temas clássicos, que pontuaram a carreira de Nancy - em que pese o tom convencional dos arranjos - foram sempre por ela interpretados com competência e inventividade, revelando, inclusive, a fonte em que beberam, no modo de improvisar, promessas, como, por exemplo, a exuberante Rachel Farrell.

Um But Beautiful sublime, "miopemente" (ela não sabia de onde viera o pedido) dedicado a José Sá (nosso confrade Sazz), acabou sendo um dos highlights da apresentação, que, felizmente, fez ressurgir, no Club, o jazz ignorado por seu antecessor de palco.

Nancy Wilson teve uma carreira da qual pode se orgulhar, e a todos nós deu o prazer de com ela dividir a celebração de sua arte.

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