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NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
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XIII CJL - TRIBUTO A DEXTER GORDON - 29/7/2004 - Mistura Fina - @@@1/2
16 agosto 2004
Uma aura especial, uma mágica, um brilho, uma entrega que não se vê nas demais gigs da cidade.
Desta vez, Coutinho optou por franco "nepotismo", resolvendo evocar a memória de um "certo" amigo, nada mais nada menos que a enciclopédia do saxofone tenor, Dexter Gordon, raiz comum, na árvore do jazz, das explosivas torrentes de John Coltrane e Sonny Rollins.
Logo ao som de For Regulars Only, viu-se que só mesmo um set de jazz sem concessões poderia dignificar o legado de Gordon, cuidadosamente pesquisado por Daniel Garcia (sax tenor, direção), que, para a fiel execução dos arranjos originais, arregimentou craques como Altair Martins (trompete, flugel), Dario Galante (piano), Augusto Mattoso (contra-baixo) e Rafael Barata (bateria).
E de fato vieram os grandes temas compostos ou celebrizados pelo saxofonista americano:
- Stick Wicket, um blues em exercício tipicamente hard-bop;
- Fried Bananas, imprimindo a pressão característica dos conjuntos de Dexter;
- Soy Califa, clássico do álbum "A Swingin´Affair" e sensacional latin, com destaque para o piano de Dario em insinuante contraponto à exposição do líder;
- The Rainbow People, linda balada logo evoluída para medium blues;
- Dexter Digs In, saltitante tema, com ótimo solo de Mattoso, em noite inspirada; e
- Tangerine, harmonicamente parelha a Just Friends, destacando-se a dobradinha Mattoso e Barata, este, possivelmente, o maior baterista de jazz em atividade no país.
De Daniel Garcia, diga-se que, além do timbre, atualmente bem próximo ao de Dexter, desfila de modo peculiar suas idéias, concisas e bem organizadas, mas sempre imperando o bom gosto e com a absoluta tranquilidade de, ao fim de cada solo, ter dado seu recado, sem notas a mais ou a menos. Atingiu, portanto, distintiva maturidade entre seus pares no instrumento.
O 2º set instalou-se camerístico, num duo de sax e piano, flexionando, sem solos, a autosuficiente Laura (Mercer), o que serviu de prelúdio para o melhor momento da noite, caprichosamente uma composição divorciada no universo dexteriano: Jardim, magnífico original de Garcia, por seu formato algo livre, serviu de ponto de partida para vôos arrojados de toda a banda, talvez porque mais livre das amarras dos arranjos.
It´s You Or No One (Cahn/Styne), das mais repisadas por Gordon ao longo da carreira, não poderia faltar, seguida de outro clássico de seu repertório, Montmartre, também com acento latin.
O único equívoco da noite pareceu a busca de reproduzir, com exatidão, o difícil arranjo de Round Midnight (Monk), tal como idealizado por Herbie Hancock para o filme homônimo, de Bertrand Tavernier, em que que Dexter protagonizou uma espécie de biografia híbrida de Bud Powell e Lester Young. De todo modo, em se tratando de Monk, Galante, claro, esteve sempre em casa.
A cosmopolita LTD mostrou bebop em estado puro, febril e urbano, com sua bridge swingada, dando vez a inspirados chosuses de todos, e provocando comoção pelo bis, com a reedição, ainda melhor, de Tangerine.
O invariável sorriso em todas as frontes, o tesão dos músicos, o gosto de "quero mais", a curiosidade e ansiedade pela próxima CJL ...
Em você, Arlindo Coutinho, há algo de místico, uma especial e apostólica vocação de anunciar, no Brasil, o evangelho do jazz.
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