Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

BANDA MANTIQUEIRA, 23/07/2004, MISTURA FINA @@@@

28 julho 2004

A Banda Mantiqueira é, simplesmente, uma big band espetacular.

Essa percepção, deixada já em sua passagem por Free Jazz de vários anos atrás e bissextas aparições pelo Rio, ficou ainda mais clara, agora que, após bom tempo, finalmente o público carioca reencontrou-se com o combo paulista.

A orquestra, tão justo é seu entrosamento, dá-se ao luxo até de dispensar a presença de seu band leader e principal arranjador, o excepcional altoist Nailor Proveta (excursionando com Joyce, no Japão), mas ainda assim arrancando a mesma impressão de excelência e tendo como porta-voz ad hoc, na noite da última sexta-feira, Valmir Gil (trompete e flugelhorn), ao lado de Cacá Malaquias (sax-alto e clarinete); Carlos Alberto Alcântara (sax-tenor e flauta); Vitor Alcântara (sax-tenor, sax-soprano e flauta); Ubaldo Versolato (sax-barítono, flauta e piccolo); François de Lima (trombone de válvulas); Valdir Ferreira (trombone de vara); Odésio Jericó e Nahor Gomes (trompete e flugelhorn); Marinho Andreotti (baixo elétrico); Jarbas Barbosa (guitarra); Lelo Izar (bateria); e Fred Pince e Vinícius Barros (percussão).

O enfoque, no repertório, é a música brasileira, porém sempre com discurso jazzístico, abrindo-se espaço para generosos choruses de todos os solistas, pontuados por riffs longe do óbvio, fruto dos arranjos engenhosos e muitas vezes de dífícil execução, que a perfeita interação coletiva parece enfrentar sem maior esforço.

Realmente chamam a atenção, na Mantiqueira, o esmero na construção dos arranjos, com a preferência por determinadas estruturas, como, p. e., exposição dos temas a princípio por dois instrumentos somente (alto/flugel ou alto/trombone) em uníssono ou harmonizados -, como em Airegin (S. Rollins) e Insensatez (Jobim); e o embate entre palhetas (reeds) e metais (brass) travado de modo espetacular no bis, Linha de Passe (Bosco/Blanc/Emílio).

O set, iniciado com outra composição da dupla Bosco/Blanc, Prê-à-Porter de Tafetá, trouxe ainda dois medleys,o primeiro, canções de Dorival Caymmy (Samba da Minha Terra e Saudade da Bahia), outro, com clássicos nordestinos, como Pau-de-Arara (Luiz Gonzaga/Gui de Moraes), Último Pau-de-Arara (Venancio/Corumba) Qui nem giló (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira), numa profusão de variações rítmicas e de andamentos, no melhor estilo Mingus de orquestrar, inclusive com um interlúdio exclusivo para o sax alto e a zabumba.

Destacou-se também a imponência do tratamento dado ao tema de Proveta, À Procura, com introdução solene, remetendo a Ogerman, e privilegiando o uso constante das flautas e piccolo.

Feminina (Joyce) trouxe riffs superpostos e cruzados, num verdadeiro puzzle orquestral, perfeitamente encaixado, entretanto, na alegria contagiante do tema, que inspirou solos luminosos, em verdadeiro tour-de-force coletivo.

Com este grau de competência, vale a pena uma ponte aérea semanal às 3ªs, quando a Banda Mantiqueira regularmente se apresenta no Supremo, em São Paulo. Sorte deles.

Nenhum comentário: