Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

Stan Getz

04 junho 2004

O Caesar Park Hotel estava inaugurado há pouco tempo e eu era a relações públicas. Era uma marca nova e nosso objetivo era criar uma imagem forte, sofisticada, elegante.
Surgiu a oportunidade de contratar o Stan Getz para uma temporada, através de seu empresário Alejandro Sterenfeld. Depois de inúmeras negociações, chegou o grande dia.
Fui buscar o mito Getz no Galeão.
Após acomoda-lo no hotel, uma equipe da Globo queria fazer uma exclusiva sobre a chegada dele. Stan Getz concordou com um passeio em Ipanema com a TV Globo.
Saiu do hotel de sunga e deu um mergulho na praia de Ipanema. Estava feliz de estar ali. Revigorado de uma longa viagem. Novo em folha.
Colocou um short e uma camisa e fomos andando a pé até o bar Garota de Ipanema com a equipe. Contava histórias, simpático e falante.
Quando chegamos no bar foi oferecida uma caipirinha e ele gentilmente fez questão de oferece-la à equipe e pediu outra para ele.
No papo que se seguiu o assunto era a bossa nova, a Garota de Ipanema, Tom Jobim, e enfim aquilo que parecia óbvio. A TV gravava tudo.
Stan Getz disse que adorava o Tom Jobim e que gostaria muito de revê-lo.
Imediatamente liguei para o Tom Jobim e quando ele me atendeu eu disse que estava com um amigo que gostaria de falar: Stan Getz. Senti que o Tom ficou desconfortável e me disse que não poderia falar com ele.
Eu fiquei mais desconfortável ainda e respondi: então diga isto a ele pessoalmente e passei o telefone para o Stan.
Stan Getz pegou o telefone com um sorriso e aos poucos foi se transformando. Quase chorando (eu iria dizer desconsolado, mas na verdade estava mesmo quase chorando) ele disse ao Tom – Você se esqueceu de quem são seus verdadeiros amigos!
Despediu-se do Tom e ficou um grande mal estar.
Eu soube depois que o Tom estava aborrecido com o uso que o Stan fazia da música brasileira, sem aparentemente dar o crédito devido.
O Stan Getz, até então feliz, cooperativo, brincalhão, transformou-se, crispado.
Ficou irritado. Havia um fotógrafo que não era da equipe da TV Globo acompanhando e fazendo fotos sem parar. Stan pediu que parasse de fazer fotos. Isto atiçou o fotógrafo que ao perceber a irritação viu a chance de uma foto realmente diferente e passou a provoca-lo ostensivamente até conseguir o que queria com o Stan avançando sobre ele para esmurra-lo. Conseguimos colocar o Stan Getz no carro da Globo que nos acompanhava e leva-lo de volta ao hotel.
Stan Getz havia tomado UMA caipirinha e agiu com se estivesse completamente bêbado.
Ao chegarmos no hotel, tropeçou na escada de entrada e caiu. Foi para seu apartamento descansar até a hora da coletiva.
Eu fiquei perplexa com a cena que tinha involuntariamente criado/participado.
Horas depois, a imprensa já tinha chegado e aguardávamos no Tiberius e nada do Stan chegar.
Alejandro foi busca-lo e chegaram juntos ao 23º andar. Aparentemente Stan havia dormido profundamente e teve dificuldades em acordar.
A entrevista correu tranquila, Stan parecia bem, apenas eu percebi que um pouco sonolento e achava que sabia o que tinha provocado aquele desgaste tão grande.
Carlinhos Lira participou ativamente da entrevista.
Muitas outras coisas aconteceram durante a temporada do Stan Getz no Rio. Inclusive a canja que o Wayne Shorter deu com ele enquanto o Coutinho mandava procurar a Ana Maria(mulher do Wayne) pelos morros do Rio de Janeiro e o episódio Pitanguy (aguardem, ainda vou contar...).
Para compensar todo este stress, Stan caprichou nas suas apresentações e tocou muito mais do que esperávamos. Essa parte eu deixo para o Raffaeli contar.
E eu ganhei um grande amigo.
Saudades, Stan.

Nenhum comentário: