Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Preparem seus passaportes, o Clube está pronto!

19 maio 2004

Transcrevo aqui, em livre tradução, artigo publicado no New York Times sobre o que será o maior templo do mundo para se ouvir, ver, dançar, comer, beber, enfim, provar de uma das maiores sensações que a mente humana pode desfrutar através de todos os seus sentidos: o jazz.

N. do E.: A organização chamada de Jazz at Lincoln Center, mencionada diversas vezes neste artigo, é a maior entidade artística não-lucrativa dedicada ao jazz, do mundo.

SÓ PARA JAZZ: UM LUGAR ÚNICO
por Jon Pareles, do NYT

Nova Iorque - Só mesmo um visionário teria a idéia de comprar uma casa nova com janelas do teto até o chão com vista para o Central Park. Essas janelas, no centro do quinto e sexto andares do Time Warner Center, no Columbus Circle, serão ao mesmo tempo a face pública e o mais sério desafio acústico para o novo lar do Jazz at Lincoln Center, a Sala Frederick P. Rose.

Como o primeiro centro de apresentações construído especificamente para jazz no mundo, a sala representa um marco para o jazz como forma de arte americana. "Todos sabiam que estavamos preparando algo histórico", disse Wynton Marsalis, diretor artístico do Jazz at Lincoln Center, que chama a nova sede da organização de "the House of Swing". A obra deve terminar no final de julho, e a estréia, depois de um verão inteiro de concertos fechados "para afinação e ajustes", está marcada para 18 de outubro.

O projeto comprometeu 128 milhões de dólares e uma área imobiliária "top", para reconhecer a duradoura importância da música que nasceu das ruas. "Não há precedente para isto," disse Rafael Vinoly, o arquiteto do projeto. "Não é facil e não está testado ainda".

Jazz é luxo

Situada bem no centro do Time Warner Center, acima das lojas sofisticadas e restaurantes refinados, a Sala poderia ser considerada como um símbolo de que o jazz é um luxo. Marsalis rejeita essa noção. "Desde que começamos, fizemos tudo para alcançar a comunidade e mostrar que aqui haverá música para o povo", disse. "E que essa será uma Sala do povo. Foi contruída com o seu dinheiro".

A cidade de Nova Iorque proveu 28 milhões dos 128 orçados para a Sala Rose, enquanto que o Estado de New York contribuiu com 3,5 milhões e o governo federal com 2,2 milhões. Jazz at Lincoln Center já conseguiu quase todo o saldo - estão faltando ainda 14 milhões finais - de doadores privados. Através de hábil politicagem, Jazz at Lincoln Center conseguiu o espaço com pouco mais de 30 mil m2(!) com o apoio do então prefeito Giuliani e de seu sucessor, o atual prefeito Bloomberg.

Parte da nova institutição dedicada ao jazz ainda será capaz de abrigar óperas completas, mas foi desenvolvida basicamente para o jazz e para a educação jazzística. Diferente da maioria dos centros de artes performáticas, o complexo também será o supra-sumo em termos de gravação e difusão para áudio e vídeo, ligado a todo e qualquer veículo, do rádio à televisão de alta-definição até o ensino à distância via Internet.

Desde 1991, quando passou a ser uma partição do Lincoln Center, Jazz at Lincoln Center vem apresentando a maior parte de seus concertos realizados em Manhattan nas Salas Alice Tully e Avery Fisher. Estes auditórios estão longe do ideal para o jazz porque foram construídos para destacar música clássica não-amplificada. A mesma reverberação que faz ali soar cheio a um naipe de violinos, pode embolar o som afiado de um conjunto de jazz e transformar o mais suave desempenho de um baterista num jogo de ping-pong de ecos indesejáveis.

O jazz necessita de salas que reverberem menos do que as preparadas para a música clássica mas não tão absorventes que se faça perder o calor dos instrumentos. Recintos com boa acústica para grupos de jazz foram, por diversas vezes, descobertos acidentalmente: clubes em subsolos, salões lotados de dançarinos, pequenas salas de ópera européias, etc.. Marsalis, que viajou por todo o mundo com conjuntos grandes e pequenos, sempre manteve os olhos e ouvidos atentos para os locais quem melhor lhe soaram. E esses são os modelos para a "Casa do Swing".

Inspiração italiana

A Sala Rose (Rose Hall) incluirá uma sala de concerto, um salão de dança/cabaré e um pequeno clube onde músicos de jazz se apresentarão todas as noites. A sala de concertos, chamada de Rose Theater, foi inspirada nas pequenas casas de ópera italianas. "As pessoas sentavam-se próximas e havia um forte sensação de comunidade nessas casas", disse Marsalis, completando "e nós sabemos como essa sensação nos ajuda".

O teatro foi desenhado pensando-se em flexibilidade pois também será usado para filmes, dança e óperas. Outros grupos de artes performáticas já estão de olho no espaço, que inclui 11 torres móveis com fileiras de assentos - que Marsalis compara a varandas das casas de New Orleans - para que a audiência possa variar de 1.100 a 1.231 lugares. Para os shows de jazz, parte da audiência poderá ficar atrás dos músicos, o setup preferido por Marsalis. Porém para as produções de óperas e para cinema, as torres poderão ser deixadas atrás do palco enquanto os cenários e telas serão baixados do espaço aéreo de cerca de 25 metros ali existente. Um elaborado sistema de abafadores acústicos móveis e cortinas está sendo construído para permitir a variação da ressonância do recinto para diversos tipos de apresentações. Como numa aconchegante casa de ópera ninguém da audiência estará a mais de 30 metros dos executantes. Diz {o arquiteto] Vinoly que "será muito difícil cometer erros numa sala deste tamanho".

Acusticamente isolada

Diferentemente do Carnegie Hall e seu anexo situado no subsolo, a Sala Zankel, que convive com as vibrações do metrô, o Rose Theater está sendo isolado acusticamente do resto do Time Warner Center (e também da estação de metrô que ronca abaixo do Columbus Circle). O ruído de fundo do teatro ficará abaixo do limiar da audição humana, o que é tecnicamente conhecido como um nível de ruído categoria NC-1. Estúdios de gravação são, tipicamente, muito menos isolados, tendo níveis de ruído nas categorias NC-20 a NC-25. "O que é um simples conceito no campo das idéias, transforma-se em algo muito complicado de construir", disse Paul Logan, o arquiteto que dirige o projeto para a Jazz at Lincoln Center. O som viaja facilmente através de material sólido, assim o Rose Theater será uma caixa dentro de outra caixa, flutuando em montagens complexas de aço e enchimentos de neoprene. Cada conexão estrutural, cada vão de porta e cada duto que leva à Sala tem de ser devidamente isolado. "Fica inacreditavelmente caro,"disse Vinoly.

Ao lado do Rose Theater fica o salão com "a vista". É a Sala Allen, com 310 a 550 lugares, um salão de dança/cabaré com sua enorme janela para o Central Park. Levemente ispirada num anfiteatro grego e no Rainbow Room, tem sete fileiras de assentos que podem ser elevadas alternadamente, por meio hidráulico, para dar lugar a apenas quatro fileiras, com largura suficiente para mesas de banquete e para dançar. Festas e eventos deverão dividir a agenda com as performances jazzísticas.

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