Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

UM ANDY BEY DEFINITIVO

13 abril 2004

Entre as máximas ingênuas creditadas ao nosso “bruxo” Hermeto Pascoal, uma delas é quase verdade absoluta em relação ao jazz contemporâneo. Segundo ele, o pai da música seria a harmonia; a mãe, o ritmo; e o filho, a melodia. O que faz a diferença no jazzista atual é a sua concepção harmônica. Isso vale para os cantores também, que dependem mais do que nunca do talento de seus arranjadores. Ainda mais quando o repertório é feito com “standards”. Basta lembrar o álbum “All The Way”, do pequeno Jimmy Scott. Ali Johnny Mandel (23/11/1925) prova em definitivo sua condição de maior arranjador vivo norte-americano e proporciona ao polêmico cantor, segundo a crítica, seu melhor trabalho. Guardadas as proporções, isso agora se repete no mais recente CD do pianista e cantor Andy Bey, “American Song”. Ao lado do também pianista Geri Allen, Bey elabora arranjos arrebatadores, até mesmo para os seus mais ferrenhos críticos. Aos 64 anos, Andy Bey enfim parece
ter produzido sua mais inspirada obra.

Nascido em Newark (NJ), Andy Bey foi considerado um genuíno menino prodígio não só como pianista mas como cantor. O timbre grave de voz, um híbrido de Johnny Hartman e Johnny Alf, sempre fez seu estilo original. Até o inicio dos 60 viveu em Paris ao lado das irmãs quando formou o “Andy & Bey Sisters”. O grupo se desfez em 66, já nos Estados Unidos. Nas duas últimas décadas, Bey foi visto ao lado de grandes nomes do jazz, como McCoy Tyner, Thad Jones/Mel Lewis, Eddie Harris e Lonnie Liston Smith. Foi ainda o vocalista de Gary Bartz e Horace Silver. “American Song” é o seu 8º álbum solo, lançado em fevereiro deste ano pela Savoy Jazz, e com referências entusiasmadas na Down Beat. Participam do CD o clarinetista Dwight Andrews, o percussionista Mino Cinelu, o flautista e saxofonista Frank Wess, o guitarrista Paul Meyers, o trombonista Steve Davis e o trumpetista Vernell Garnett. O repertório gira em torno de “standards” mais do que clássicos assinados por Ellington, Strayhorn, Burke e Bernstein, entre outros.

O tempero saboroso do CD fica por conta dos arranjos que, pela atitude harmônica, transformam o óbvio em momentos até surpreendentes. Basta conferir o primeiro tema, “Never Let Me Go” (Evans/Livingston). Outros destaques ficam para “Prelude To A Kiss” (Ellington/Gordon/Mills), “Speak Low” (Nash/Weill), “Lush Life” (Strayhorn) e “Satin Doll” (Ellington/Mercer/Strayhorn). A voz de Bey parece não sofrer mutações com o tempo. “American Song” é mais uma prova do respeito dos norte-americanos aos seus artistas, independente da idade. Uma prova, no caso de Andy Bey, definitiva.

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