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Fenômeno do piano é gênio do jazz aos 17

22 abril 2004

Transcrição de artigo do San Diego Union Tribune - on line. Tradução livre.

Por George Varga

"Se os donos do Poder em Hollywood estiverem procurando um personagem interessante para um filme sobre jazz com apelo internacional garantido, Eldar Djangirov é o seu homem.



Considerem, melhor ainda, seu homem-muito-jovem, porque esse fenômeno do piano com cara de menino, proveniente da Ásia Central, da antiga República Soviética do Quirjiquistão, só completou seus 17 anos em 28 de janeiro passado.

"Se Eldar tivesse o dobro ou o triplo de sua idade, ainda assim seria surpreendente" disse Mike Wofford, pianista do primeiro time, de San Diego, que conta com Ella Fitzgerald, Benny Carter e B.B. King entre seus parceiros musicais do passado. "Técnica e criativamente, ele tem de fato uma concepção musical madura. E já desenvolveu uma "voz" [ao piano] pessoal, o que nesta idade é efetivamente raro. Acho que Eldar tem um futuro brilhante."

Djangirov tinha apenas 9 anos quando estreou apresentando-se em solo em 1995, num festival de jazz na cidade de Novosibirsk, na Sibéria.

Lá foi ouvido por Charles McWhorter, amante do jazz e patrono de artes, baseado em Nova Iorque. McWhorter ficou tão impressionado pelo prodígio ao piano que mais tarde ajudou Djangirov e seus pais a imigrarem para os EUA.

Desde sua chegada em 1998 – a princípio para Kansas City, e no ano passado para Rancho Bernardo – Djangirov já dispõe de uma carreira lotada de citações elogiosas.

Agora na terceira série do Segundo Grau da Francis Parker School, ele foi o vencedor da edição de 2001 do prêmio concedido no Lionel Hampton Jazz Festival. Seu perfil já foi apresentado no programa de TV "Sunday Morning", da emissora CBS e é o músico mais jovem a tocar série "Piano Jazz", de Marian McPartland na rede pública nacional de rádio. Tocou ao vivo durante a transmissão do Prêmio Grammy de 2000 e lançou dois discos relevantes, "Eldar" em 2001, e o recentemente saído "Handprints" (ambos com informações completas em seu website, www.eldarjazz.com).

Ele também dispõe de uma das mais respeitadas publicitárias ligadas ao jazz, Virginia Wicks, cujos clientes anteriores incluíam Nat "King" Cole, Peggy Lee and Benny Goodman. Ela ficou tão impressionada com a forma de tocar de Djangirov que está trabalhando para ele gratuitamente.
"Sei que Eldar pode ser um grande artista do jazz," diz Wicks, de Los Angeles, cujos clientes anteriores para quem trabalhou de graça foram os então dsconhecidos Harry Belafonte e Eartha Kitt.
Djangirov faz o melhor para conciliar seus estudos e sua crescente agenda de turnês como jazzista. (...)

O que faz Djangirov tão notável não é sua idade mas suas assombros técnica e sofisticação na improvisação e na interpretação das canções. Com um disco para um selo-pesado em suspenso, ele está prestes a atingir uma maior proeminência tocando a música que ele considera uma forma de arte libertadora.

"O jazz te liberta, literalmente," disse Djangirov, que fala inglês fluentemente, com pouquíssimo sotaque. "Porque cada vez que você toca você está passando sua própria perspectiva das coisas. Você se expressa através da música, livremente."

Seu caso de amor com essa quintessencial forma de arte americana começou quando, aos 4 anos, ouviu um dos discos do gigante do piano Oscar Peterson que pertencia a seu pai. Um ano depois começou a ter aulas de piano com sua mãe Tatiana, professora de piano clássico e musicologista. Ele aprendeu sozinho a tocar jazz ouvindo os álbuns que seu pai, Emil, colecionava.

"Era, obviamente, algo que eu nunca tinha ouvido antes e uma experiência esfuziante", lembra-se Djangirov. "Comecei a tocar clássicos e jazz, simultaneamente. Ainda acho que ouvir discos é provavelmente a melhor maneira de aprender jazz. Adoro todos os pianistas que ouço porque me dão novas perspectivas ao ouvir sua música."

Suas preferências diversificadas se refletem no disco de estréia de Djangirov, "Elgar" que mistura cinco composições suas com clássicos de Thelonious Monk, Duke Ellington e ícones do saxofone como Charlie Parker e Ornette Coleman.

Abençoado com mãos rápidas e uma imaginação mais rápida ainda é capaz de articular claramente cada nota mesmo nos seus solos mais acelerados Sua versão em alta octanagem de "Bemsha Swing", de Monk, deixaria pianistas de todas as idades sorrindo em admiração.

Djangirov tem suficiente capacidade para equalizar fogo e finesse em suas interpretações. É igualmente capaz de injetar sua personalidade em clássicos como "Matrix," de Chick Corea, "Footprints" de Wayne Shorter ou "Cantaloupe Island", de Herbie Hancock. "Eu vejo a coisa assim: o que esse tema tem para mim e quantas coisas eu posso fazer com ele?" fala Djangirov.

Ele não se lembra muito de sua infância no Quirjiquistão, um país montanhoso próximo à China. Mas lembra-se que eventos jazzísticos eram raros em sua cidade natal de Bishkek e que a primeira performance de jazz ao vivo de sua vida foi a sua própria, em 1995.

Embora Djangirov não tivesse dificuldade em ajustar-se à vida de americano ele ficou desapontado em saber que jovens na América eram tão ignorantes quanto às riquezas que o jazz tem para oferecer quanto seus pares na antiga União Soviética. "Isso me deixa um pouco confuso pois a verdadeira e única forma de arte americana é o jazz, e isso é reconhecido mundialmente," disse o devotado pianista, que passa três horas por dia praticando.
"Garotos na minha idade não ouviram muito jazz, e há tantas coisas no jazz que poderia interessá-los. Jazz na escola e educação musical em geral deveriam ser estimuladas e não reduzidas. Eu vivo para o jazz."

Pergunto eu: alguém aí já ouviu o "monstro" / tem disco dele?

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