Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

JAZZ – Mutatis Mutandis

31 março 2004

O JAZZ foi sempre assunto de uma minoria. Ainda na época do swing, nos anos trinta, foram poucos os que reconheciam o valor do jazz dos criativos músicos negros, exceto por uns poucos discos. Não obstante, quem se interessa por jazz e o defende, trabalha em favor de uma maioria, porque o jazz nutre a música popular de nosso século. Todas as músicas que ouvimos nos seriados de televisão, nos lobbies dos hotéis, nos sucessos musicais do dia, nos filmes, nas músicas que dançamos, desde o Charleston até o Rock, o funk e as músicas de discotecas, todos os sons que nos rodeiam na música de consumo de nossa época se originaram no Jazz (porque o beat chegou à música ocidental através do Jazz).

Quem fica aficionado pelo Jazz eleva, com sua atitude, o nível dos “sons que nos rodeiam”, é dizer, em nível musical, o que significa – dito de outra maneira não teria sentido falar de nível musical – o nível espiritual, intelectual e humano: o nível da consciência.

Existe uma relação direta e comprovável em todos os seus detalhes, por um lado entre as diferentes classes, formas e estilos de jazz e por outro lado as épocas e as etapas em que foram criados.

Sem contar o seu valor musical, o mais importante no jazz, sem dúvidas, é seu desenvolvimento estilístico.

Estamos plenamente convencidos de que os estilos do jazz são estilos verdadeiros: se encontram na evolução do jazz na mesma posição que ocupam na música de concerto européia, por exemplo: o barroco e o classicismo, o romantismo e o impressionismo; é dizer, pertencem à sua época.

Muitos dos grandes músicos de jazz sentiram a relação entre o estilo que tocam e a época em que vivem. A alegria, livre de toda a preocupação, do Dixieland, corresponde ao período prévio da primeira Guerra Mundial. No estilo de Chicago se percebe a intranquilidade dos “alegres anos vinte”. O Swing materializa a segurança e a massificação da vida pouco antes da segunda Grande Guerra e, conforme palavras de Marshall Stearns, o "love of bigness", tipicamente americano e no fundo, tão humano. O Bebop capta o intranquilo nervosismo dos anos quarenta. O Cool jazz expressa, em boa medida, a resignação dos seres humanos que vivem bem, mesmo sabendo que já se produz a bomba H. O Hard bop está repleto de protestos, que de imediato se converteu ao conformismo pela moda do funk e do soul, conduzindo protestos, livres de compromissos, do Free jazz dos movimentos negros por direitos civis e as revoltas estudantis. Com o jazz dos anos se inicia uma fase nova de consolidação: o bastante para que o jazz-rock coincida com a credulidade que existia naquela época com a tecnologia. Em troca, o jazz dos anos oitenta inclui muito do ceticismo dos homens que vivem com bem estar, mas não ignoram quando lhes foi levado um progresso permanente e não questionado.
Por isso muitos músicos de jazz consideraram com ceticismo a reconstrução de estilos de jazz do passado pois sabem que a historia contradiz o espirito do jazz; o jazz vive e morre com sua vitalidade. O que está vivo muda. Quando a música de Count Basie alcançou exito mundial durante os anos cinquenta, foi pedido a Lester Young – o solista mais destacado da velha orquestra de Basie – para tocar com um grupo de músicos que pertenceram a esta orquestra e reviver o estilo dos anos trinta para a gravação de um álbum. “Não posso faze-lo”, disse Lester, "eu já não toco assim. Toco de outra maneira, vivo de outra maneira. Agora é tarde, isso era então."

Nós mudamos, movemos. Obviamente, o mesmo se pode dizer das reconstruções contemporâneas dos estilos históricos do jazz.

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