Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

PARIS, AO VIVO, McLAUGHLIN

10 setembro 2003

O “fusion”, vertente rebelde do jazz, teve seu aval no fim da década de 60 com a assinatura de Miles Davis em dois discos polêmicos, “In A Silent Way” e “Bitches Brew”. Na mesma época e linha surgia o Tony Williams’ Lifetime. Esses momentos marcantes tiveram um agente comum: John McLaughlin. Como peculiaridade, era inglês (Yorkshire, 1942), nacionalidade não muito atuante no jazz – poucas as exceções, como George Shearing e Dave Holland. Mas a guitarra e o jazz hoje reverenciam McLaughlin como um dos mais criativos músicos contemporâneos, uma unanimidade.
Aos 11 anos, John já tinha a guitarra e o “blues” como prioridades. Envolveu-se de corpo e alma ao jazz no início da década de 60, impressionando os ingleses pela técnica e um poder obstinado de inovar. Em 69, mudou-se para Nova Iorque, gravando com Miles Davis. Nos anos 70 fundou a Mahavishnu (incorporado ao seu próprio nome) Orchestra, influenciado pelos hábitos e sons da Índia. Vários álbuns foram lançados. Entre eles, o mais celebrado, Apocalypse (74), com a Sinfônica de Londres e regência do norte-americano Michael Tilson Thomas, além de alguns convidados especialíssimos, a tecladista e cantora Gayle Moran, o violinista Jean-Luc Ponty e o baterista Narada Michael Walden. McLaughlin sempre homenageou seus jazzistas prediletos. Em 93, gravou “Time Remembered”, um tributo a Bill Evans.

A atual concepção “fusion” de McLaughlin é quase apaixonante, ainda com uma técnica de amedrontar e experiências maravilhosas com compassos quebrados. Gravado ao vivo em Paris (2000), “The Heart Of Things”, por exemplo, é um admirável exercício de jazz contemporâneo, “drives” emocionantes. Estão com McLaughlin o pianista Otmaro Ruiz, o baixista Matt Garrison, o saxofonista Gary Thomas – autor de um dos temas -, o percussionista Victor Williams e o vigoroso baterista Dennis Chambers – esteve recentemente no Brasil com o guitarrista Mike Stern.
Assim como o teatro é a referência mais importante para um ator, tocar ao vivo é o desafio maior de um jazzista. Técnica, coragem e, claro, talento são expostos sem artifícios. Em “The Heart Of Things”, John McLaughlin vence esse desafio com a habilidade própria dos gênios.

Nenhum comentário: