Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

CJUB-CHIVAS JAZZ LOUNGE, 20/5/2003, EPITÁCIO - @@@@

25 maio 2003

Por iniciativa do CJUB – Charutos, Jazz, Uísque & Blog, e com patrocínio do Whisky Chivas Regall, iniciou-se este mês, na cidade, uma série de concertos dedicados ao verdadeiro Jazz, motivo de euforia para os fãs do gênero e amantes, em geral, da boa música, que lotaram o Epitácio, na noite da última 3ª feira.


Para o primeiro Chivas Jazz Lounge, praticamente uma avant-premiere do Chivas Jazz Festival (com início no próximo dia 28), o veterano jornalista e produtor musical Arlindo Coutinho reuniu um quinteto estelar, liderado pelo pianista Dario Galante e apresentando, no sax alto, Idriss Boudrioua; Jesse Sadoc, no trompete; o contrabaixista Augusto Mattoso e Guilherme Gonçalves, na bateria, todos expoentes em seus instrumentos e que, em dois sets generosos e inspirados, ofereceram à platéia carioca uma blowing session sem precedentes, em matéria de improvisação, nos último 5 (cinco) anos, pelo menos entre músicos brasileiros ou aqui radicados.


O combo, fiel ao espírito do evento, escolheu o - nada fácil - idioma do be-bop, e seu dialeto mais próximo, o hard-bop, como veículo constante para obras-primas como a Yardbird Suite (C. Parker), que abriu o 1º set e na qual logo foi possível reconhecer, na excepcional bateria de Guilherme Gonçalves, o som característico de Art Blakey, em especial pela ambiência de sustain na condução do prato, aumentando o “peso” rítmico, num recurso desenvolvido, depois, por Elvin Jones e Tony Williams.


À abertura, mais apropriada impossível, sucedeu Stablemates, tema clássico do saxofonista Benny Golson, e, em seguida, as belíssimas Love is a Many Splendored Thing (Fain/Webster), Have You Met Miss Jones (Rodgers/Hart) e I Remember Clifford, do mesmo Benny Golson, talvez o mais lírico, à exceção de Bill Evans, dentre os compositores genuinamente de Jazz, e dos poucos capazes de transformar originals em standards. Nesta última balada, Sadoc acresceu a seu trompete sempre destacado o vibrato típico da swing era, pontuado por brilhante floating de Galante, cujo solo, depois, culminou com seqüências de oitavas rápidas por ambas as mãos, marca registrada de Bobby Timmons.

A esta altura - Think of One (T. Monk) encerrando o 1º set com a obstinação típica da música do "Sumo Sacerdote" - nem a acústica algo desastrada nem o alvoroço vindo do bar seriam capazes de ofuscar tantas visitas ilustres: cats, como os citados Blakey e Timmons, além de Clifford Brown, Lee Morgan, Art Farmer, Freddie Hubbard, Bird, Phil Woods, Monk, Red Garland, John Hicks, Buster Williams, Ray Drummond e Jimmy Cobb, entre outros, incendiaram o recinto, invocados pelos sensacionais “jazz messengers” que o CJUB arregimentou para a 1ª edição do Chivas Jazz Longe.

Já agora sem o som como antagonista e com a platéia conquistada, os primeiros acordes da emblemática Moanin (B. Timmons) ajudaram a aumentar, ainda mais, a temperatura no último set, complementado por Joy Spring (C. Brown), registrada em disco por Idriss e que rendeu solos “arrasa quarteirão” e um duelo entre os sopros, e, no fim, fours trocados num desfecho apoteótico. Viriam, então, You and the Night and the Music (Dietz/Schwartz), em uptempo; a célebre Over the Rainbow (Arlen/Harburg), abrigando diálogo reflexivo entre piano e sax, e My Little Suede Shoes (C. Parker), com surpreendente e irrestível arranjo “latin” e febris improvisos da front line, destacando-se, no chorus de Boudrioua, os efeitos edge do fraseado coltraneano, e, no de Sadoc, a mão servindo de surdina plunger, à moda das big bands.

No bis, Billie´s Bounce (C. Parker) instalou um autêntico clima de battle, com solos de todos, saindo “vitorioso” Idriss, que ofereceu uma verdadeira antologia do sax alto e fez tremer o recinto, tendo como âncora, neste e em todos os demais temas, a consistência, bom gosto e personalidade do jovem Augusto Mattoso, no baixo, e a inteligência e musicalidade do baterista Guilherme Gonçalves, tudo sempre sob a enciclopédica liderança de Dario Galante.

Mais duas ou três noites tocando juntos levariam este grupo à estratosfera.

Havia, ainda, fôlego para um jam, que contou com convidados para lá de especiais, como Eloir de Moraes (bateria), Nivaldo Ornelas (sax tenor) e José Staneck (gaita), em All the Things You Are (Hammerstein/Kern).

Considerando, em quase todos os aspectos, o alto nível atingido já neste primeiro evento, grande expectativa se cria para os próximos, que, a julgar pelo entusiasmo e competência revelados em apenas um ano de CJUB, nos reservam não só noites memoráveis de grande jazz, mas, sobretudo, o resgate da valorização do jazzista brasileiro, tratado não mais como mero “ambiente”, mas como o artista que o mundo inteiro merece conhecer.

Bene-X

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