Ouvi, ontem, com imperdoável atraso, uma preciosidade chamada "In Montreal", apresentação de Egberto Gismonti & Charlie Haden, em 6 de julho de 1989, no Festival Internacional de Jazz de Montreal.
Nesse histórico registro, Charlie Haden pavimenta uma estrada onde Egberto Gismonti, ora no piano ora no violão, desfia diversas de suas mais primorosas composições. É inacreditável o conteúdo da obra, que nos deixa inebriados desde os primeiros acordes, não se observando o deperdício de uma nota sequer, e todas elas, rigorosamente todas, carregadas de uma poesia infinita.
Atingindo índices de sonoridade que ultrapassam a excelência, Gismonti em algumas passagens nos dá a impressão de haver não um mas dois pianos no palco, e a sintonia havida com o baixo de Haden entra para qualquer antologia que se queira fazer de duos.
Não ouvia, há muito, "Palhaço", que apresenta uma leitura diferente, calcada num colchão criado pelos belíssimos acordes de baixo, e, também, a estupenda "Don Quixote", numa releitura de levar às lágrimas qualquer ser que tenha um mínimo de sensibilidade.
Música para o espírito, conforto para a alma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário