Duas aquisições recentes se tornaram como que bálsamos musicais para mim, em vista de seus climas elegantes e apaziguadores, para audição em qualquer horário, sem contra-indicações. Ambas trazem os líderes nos sopros e coadjuvantes de um excepcional quilate. Ambas são recheadas de temas mais tranqüilos, sem muitas pirotecnias por conta acredito, do clima geral à época das gravações, 1958 e 60. Falo, respectivamente do "In Orbit", de Clark Terry (Riverside) e do encontro de J.J.Johnson com Kai Winding, em relançamento de 1997 (Impulse).
O disco de Terry apresenta-o debutando no
flugelhorn, trazendo como
sideman de luxo nada menos que Thelonious Monk, em sua única presença como acompanhante sob esse selo. Foi essa também a única vez em que Monk gravou junto com o grande baterista Philly Joe Jones. E no baixo, o ótimo Sam Jones completa o time. É um

disco que se apropria de nossos ouvidos e almas a ponto de, quando menos se espera, sairmos assobiando um dos temas com entusiasmo, mesmo que das 10 faixas, nenhuma seja amplamente conhecida senão pelos terryófilos de primeira hora, sendo 6 temas de Terry, 1 de Monk e os outros 3 de autores diversos, o que torna ainda mais notável a capacidade de Terry em transformá-los nesses
hits mentais. Sob minha ótica, um belo
@@@@.
O outro CD, onde se dá o encontro de dois ases do trombone, Johnson e Winding com o auxílio luxuoso de Bill Evans e as alternadas participações do extraordinário Paul Chambers e de Tommy Williams no contrabaixo e de Roy Haynes e Arthur Taylor na bateria,

permanece na memória de qualquer aficcionado por bom jazz como uma experiência alegre e sensual, fruto da execução melíflua dos dois líderes que ora se complementam, ora se contrapõem numa sinergia que impregna o resto do grupo. A faixa de abertura
This Could Be the Start of Something New é exemplar para o entendimento do que se pretendeu ali. A atuação de Bill costura, como aliás por todo o restante do disco, os curtos mas envolventes solos dos líderes (a faixa mais longa,
Trixie, tem 5:06, apenas).
Georgia on My Mind, faixa seguinte, reafirma o clima de sensualidade, a meu ver característica marcante da sonoridade do trombone
slide.
Como o disco de Terry, é algo para se ouvir a qualquer hora, o ano todo.
A record for all seasons. Pela raridade, pela sonoridade e pela reunião de estrelas, um
ótimo @@@@.
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