Aqui mesmo no blog leio coisas como “Kurt Elling é um enganador”. Ou que tal instrumentista é mediano. Os criticados jamais são brasileiros - eles nunca saberão que estão sendo malhados por jazzófilos tupiniquins. O samba é nosso. O jazz, não. Que eu saiba, nunca vi aqui (nem acolá) algum tipo de comentário mais áspero sobre qualquer atuação de um jazzista brasileiro. Todos são craques absolutos.
Esse post foi motivado por um DVD que acabei de ver: “Possibilities” (bastidores), Herbie Hancock. Só não se emociona quem não nasceu para ouvir música. O CD, de mesmo título, foi massacrado por vários cejubianos. Era evidente que seria. Afinal, entre os participantes estão John Mayer, Christina Aguilera, Carlos Santana, Trey Anastasio, Paul Simon, Sting, Annie Lennox, Raul Midon e outros “pop stars”. Nada mais repelente para um jazzista de raiz. O DVD mostra com riqueza de detalhes, musicais principalmente, a intenção do trabalho. Hancock até comenta:”Se eu quisesse agradar meu fãs, faria outro álbum de jazz tradicional”. O DVD é uma aula de jazz, sob uma concepção livre, criativa, em cima do que a música pop consciente faz hoje. Jazz não é só passado. E nem deve ser. Muitas possibilidades surgirão para explorá-lo de forma honesta. No final, Hancock confessa:”Estou cansado dos idiotas”. Eu me achei um deles, envergonhado.
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