Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

RODITI NA COLUNA DO MESTRE LOC - JB DE HOJE

23 fevereiro 2006

Transcrição do JB desta data, Coluna do - Mestre - Luiz Orlando Carneiro.

Trompete brasileiro

"O trompetista carioca Claudio Roditi, 59 anos, é bem mais conhecido e justamente apreciado por jazzófilos norte-americanos e europeus do que por aficcionados nativos que não tiveram a oportunidade de ouvi-lo ao vivo, no Rio, antes de 1970, quando arrumou as malas e voou para Boston, a fim de completar sua formação musical no agora sexagenário Berklee College.

Em 1976, Roditi fixou-se em Nova York. Aos poucos, começou a ser respeitado pelos colegas da Big Apple, não apenas por se tratar de um músico pronto para dar brilho a qualquer conjunto de jazz com sotaque brasileiro ou caribenho. Técnica e talento de sobra despertaram a atenção dos já então renomados saxofonistas Michael Brecker e Paquito D'Rivera e - principalmente - de Dizzy Gillespie, que apadrinhou o discípulo estilístico, convocando-o para a United Nations Orchestra, em 1988.

Roditi foi um dos sete eminentes trompetistas que, em janeiro de 1992, um ano antes da morte de Dizzy, reuniram-se em torno do mestre, no clube Blue Note, e gravaram para a Telarc o CD To Dizzy with love (os outros eram Doc Cheatham, Jon Faddis, Wynton Marsalis, Red Rodney, Wallace Roney e Charlie Sepulveda).

Sua cotação subiu ainda mais em 1996, quando atuou como sideman do lendário pianista Horace Silver no álbum The hardbop grandpop (Impulse 192). Nos últimos quatro anos, Roditi tem aparecido na lista dos dez melhores trompetistas em atividade na eleição anual dos leitores da Down Beat.

A partir de 2003, o jazzman brasileiro associou-se ao pianista alemão Klaus Ignatzek e ao baixista belga Jean-Louis Rassinfosse - este último responsável, em grande parte, pela qualidade de alguns dos últimos discos de Chet Baker, gravados em 1985 (Chet's choice, Cris Cross; Live in Bologna, Dreyfus).

O terceiro registro do trio Roditi-Ignatzek-Rassinfosse é de agosto do ano passado, chama-se Reflections (NH 2065) e vem de ser lançado lá fora pela etiqueta alemã Nagel-Heyer, que já editara os CDs Three for one (NH 2028) e Light in the dark (NH 2047), muito bem acolhidos pela crítica.

Reflections - como indica a faixa-título de 6m27, fluente, clara e límpida como um rio de trutas - é um álbum no qual três grandes músicos, despojados de quaisquer pré-conceitos meditam e trocam, durante quase uma hora, idéias lúcidas, concatenadas, a partir de 11 temas - oito de Ignatzek, um de Rassinfosse e dois de Dizzy (Ow!, com Roditi no trompete assurdinado exibindo sua articulação gillespiana, e o plangente Con alma).

Todas as faixas contêm "música consistentemente deliciosa, habilmente interpretada", na opinião da musicóloga e crítica de jazz Judith Schlensiger. Merecem destaque especial o desenvolvimento interativo do belo, alegre e balançante Minor ex (4m34), no qual Roditi demonstra ter forjado um perfeito amálgama dos estilos de Kenny Dorham e de Chet Baker, e o sublime consenso entre o piano e o flugelhorn em Another time (6m06), com Klaus e Claudio escandindo as frases melódicas como versos, com rimas e aliterações, por sobre ou entre as notas suculentas do baixo de Rassinfosse."

Nenhum comentário: