Filho de Clint Eastwood é estrela no jazz
Por Luiz Orlando Carneiro, em 23/5/15
Clint Eastwood, 84 anos, ícone do cinema americano, tanto
como ator como premiado diretor (Sobre meninos e lobos, Menina de Ouro, Cartas
de Iwo Jima), é também jazzófilo, pianista amador, e tem participado da
composição de trilhas sonoras para seus próprios filmes. Pai de sete filhos -
de dois casamentos e quatro uniões - não é surpreendente o fato que um deles
tenha se dedicado à música, e se tornado jazzman profissional. E dos bons!
O contrabaixista Kyle Eastwood, que completou 47 anos na
última terça-feira (19/5), não surgiu ontem na cena jazzística. Sua discografia
na condição de líder começou em 1998, com From there to here (Columbia). Foi
acrescida de três álbuns para o selo francês Rendezvous (Paris Blues, 2004;
Now, 2006; Metropolitan, 2009). E
consolidou-se com Songs from the Chateau (Mack Avenue, 2011) e The view from here (Jazz Village,
2013).
Kyle cresceu na California, na cidade litorânea de Carmel,
da qual o seu famoso pai foi até prefeito. Mas, nos últimos 10 anos, o baixista
viveu e tocou, principalmente, em Paris e em Londres. O seu atual
quinteto europeu inclui os ingleses Brandon Allen (saxes tenor e soprano),
Quentin Collins (trompete e flugelhorn), Andrew McCormack (piano) e o baterista
cubano Ernesto Simpson, há muito radicado em Londres.
É com este grupo que Kyle Eastwood exibe sua notável técnica
nos baixos acústico, elétrico e fretless electric, além de seus dons de
compositor, no novo CD Time pieces (Jazz Village), gravado em estúdio, em junho
do ano passado.
“Este álbum foi todo feito em torno da música que eu
realmente amo, aquela da 'Era Blue Note' dos anos 50 e 60 (referência à
etiqueta que consagrou o hardbop) – disse ele em entrevista recente. “São
coisas que meus pais costumavam ouvir em casa quando eu era bem jovem. Eu
queria gravar Blowin' the blues away, de Horace Silver, e Dolphin dance, de
Herbie Hancock. Então comecei também a escrever originais para o álbum, e as
outras peças foram surgindo no mesmo estilo”.
Time pieces contém – além de Blowin' (4m30) e Dolphin (7m20)
– mais oito faixas com temas e arranjos escritos por Kyle ou por ele em
conjunto com seus pares.
O quinteto é particularmente efusivo e brilhante na
deliciosa peça inicial, Caipirinha (7m05), na levada funky de Prosecco smile
(5m), em Peace of Silver (6m50) e em Bullet train (5m10) – esta última bem de
acordo com a tradução do título (trem-bala). Vista (8m30) é tratada num clima
melancólico, com realce para o flugel de Quentin Collis e, é claro – como no
disco todo - para o engenho e a arte de Eastwood. O tema de Letter from Iwo
Jima (3m40) é interpretado em duo (piano-baixo elétrico), em “feitio de
oração”. Incantation (6m15) e Nostalgique (4m30) também refletem muito bem, nos
arranjos e solos, as propostas dos seus títulos.
(Samples do CD Time pieces podem ser ouvidos em:
http://store.harmoniamundi.com/time-pieces-6781.html)
OS PREMIADOS DA JJA
A Jazz Journalists Association (JJA) anunciou, no último dia
15, os resultados da votação dos destaques do ano março 2014-março 2015.
Participaram da eleição anual mais de 400 jornalistas especializados do mundo
todo, que escolheram o pianista-compositor Randy Weston, 89 anos, para o prêmio
mais significativo: o “Lifetime Achievment in Jazz”. Ou seja, o de conjunto e
importância da obra de Weston em mais de seis décadas dedicadas a esse modo de
expressão musical de raízes afro-americanas, mas cada vez mais globalizado.
O pianista Jason Moran, 40 anos, que é também diretor do
departamento de jazz do Kennedy Center, foi eleito o “músico do ano”.
Na categoria “álbum do ano”, o mais votado na eleição da JJA
foi o CD The art of conversation (Impulse), um duo gravado, em março do ano passado,
por mestres Kenny Barron (piano) e Dave Holland (baixo). Este disco foi
comentado e indicado nesta coluna (25/10/2014).
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