Há quatro anos, em 10/dezembro,
seis dias depois de seu aniversário, um dos grandes da guitarra e mais
influentes, criativos e admirados no jazz, Jim Hall, morreu aos 83 anos de
idade, depois de uma longa e extraordinária vida musical, incansável, na qual
permaneceu ativo até os últimos dias.
Desde o início de sua carreira,
nos anos 50, Jim Hall demonstrou não só virtuosismo e inventividade, mas ele se
tornou um dos guitarristas de jazz menos previsíveis e exploradores. Atribuí-se
ter sido um daqueles que
"modernizou" o papel de seu instrumento no jazz e expandiu seu
vocabulário para as orquestras. No entanto, um dos seus méritos artísticos, mas
que muitos não entendem, é que ele nunca exibiu grande técnica em seus solos
improvisados, mas sempre procurou criar frases melódicas, simples e bonitas,
bem como sem os “clichês” (vide nota) comum a muitos guitarristas.
Hall também foi elogiado como
compositor e arranjador.
Sua família era musical. Sua mãe
tocava piano, seu avô e seu tio o violão, que era o instrumento que encantava o
jovem Jim, que começou a tocar aos 10 anos de idade.
Como adolescente, tocava
profissionalmente em Cleveland, uma cidade onde também estudava piano,
contrabaixo e teoria da música, além de guitarra. Logo ele se mudou para Los
Angeles, onde o estilo "cool" era proeminente, no entanto, ele se
concentrou na guitarra clássica entre 1955 e 56. Ele só começou a se tornar
conhecido no jazz juntando-se ao conjunto de Chico Hamilton.
Foi com o famoso grupo "cool"
─ The Jimmy Giuffre Three que Hall começou a desenvolver sua própria
personalidade musical e foi quando sua carreira finalmente decolou. Naqueles
dias, apesar de já estar ensinando, ele viajou com a "Jazz At The
Philharmonic", organizada por Norman Granz, e tocou com estrelas como Ben
Webster, Bill Evans, Paul Desmond, Ella Fitzgerald, Lee Konitz, Sonny Rollins e
Art Farmer, entre outros, com quem deixou gravados inúmeros álbuns.
Nos anos 60, já em Nova York, Jim
Hall organizou um trio com Tommy Flanagan e Ron Carter que ele substituiu pelo
baixista Red Mitchell alguns anos depois. Hall também tocava e organizava
música para programas de televisão.
Em 1962 ele gravou com Bill
Evans, em dupla, o famoso álbum Undercurrant,
que foi transformado em um álbum de coleção.
A partir desse momento, Hall
tocou com músicos mais contemporâneos que emergiam no cenário do jazz,
incluindo Wayne Shorter, Chris Potter, Michel Petrucciani e Bill Frisell. Ele se
apresentou em festivais de jazz em Nova York, que incluia os guitarristas Pat
Metheny e John Scofield, com quem ele também tocava.
Ele gravou álbuns sozinhos e no
final dos anos 90 estava tocando em quinteto com Joe Lovano. Continuou a
participar de festivais de jazz até muito pouco antes de sua morte e sua última
gravação foi feita em 2008.
Quando jovem, disse que era
influenciado por tenoristas como Lester Young e Coleman Hawkins e pelos
guitarristas Charlie Christian e Barney Kessell, antes de desenvolver seu
próprio estilo de música. Para muitos, sua maior influência foi sobre os
guitarristas John Scofield, Bill Frisell, Pat Metheny, John Abercrombie e Mick
Goodrick.
Jim Hall deixou gravado cerca de
100 álbuns, 48 deles
como líderes.
(traduzido e adaptado do blog
Noticias de Jazz)
NOTA: CLICHÊ - termo
de origem francesa (cliché) que significa o negativo de uma fotografia, contudo
coloquialmente vem a se referir à banalidade, ao lugar comum e por extensão às
frases musicais que se banalizam por serem muito repetidas, de fácil emprego
pelo músico ou ainda segmentos harmônicos ou figuras decoradas pelos
instrumentistas para preencher lacunas no improviso na falta de inspiração
dentro de um solo. Pode-se afirmar que todo o músico tem seu repertório de
CLICHÊS, uns mais outros menos. Seu emprego frequente, entretanto denota
evidente falta de ideias para improvisar.
Um comentário:
Estimado MÁRIO JORGE:
Bela lembrança sobre um "fora-de-série", meu preferido entre os melhores.
Como possuo muitas notas sobre ele, vou me permitir postá-las.
Abraços,
PEDRO CARDOSO
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