Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

20 dezembro 2017

DEREK BAILEY

DEREK BAILEY nasceu em 29 de janeiro de 1930 em Sheffield, Inglaterra, vindo a falecer aos 75 anos, no dia de Natal de 2005, em Londres.
Sempre informou que seu aprendizado deveu-se às audições da rádio inglesa, a partir das quais e como auto-didata “graduou-se”.
Pela constituição musical da família pode-se afirmar que essa informação contém um “pouco” de exagero, já que sua mãe tocava piano, o irmão dela e tio de DEREK era guitarrista e, ainda além, seu avô paterno era pianista e banjoista profissional.
Com a idade de 22 anos e de 1952 até 1962, portanto durante cerca de 10 anos, foi guitarrista de música comercial, para em seguida formar o trio “Joseph Holbrooke”, com ele à guitarra, Gavin Bryars no baixo e Tony Oxley na bateria. A denominação do trio referia-se ao músico inglês alcunhado de “Wagner cockney”. Os 03 integrantes do trio eram, obviamente, ingleses como DEREK
O trio atuou de 1963 até 1966, inicialmente voltado com intensa paixão para a música de John Coltrane, assim como para as experiências de John Cage e, particularmente, para as novas concepções do fenomenal trio Bill Evans / Scott LaFaro / Paul Motian.
Em 1965 o trio de DEREK passa a dedicar-se à “improvisação total e/ou livre”, na linha do denominado “free jazz”.
DEREK incorpora-se em 1966 ao grupo do baterista John Stevens, o “Spontaneous Music Ensemble”. Nesse grupo estreita amizade pessoal e musical com o saxofonista (tenor e soprano) Evan Parker.
Ato seguido DEREK faz parte da “London Jazz Composer’s Orchestra” do contrabaixista Barry Guy. Com esse contrabaixista e o trombonista Paul Rutherford une-se ao grupo “Iskra 1903” e à formação “Musician’s Cooperative Association” (“MCA”), onde atuam Evan Parker, o pianista Howard Riley e os bateristas Paul Lytton e Tony Oxley.
O “MCA” dedica-se a divulgar a música baseada na “improvisação livre”, para o que seus músicos promovem festivais e dezenas de concertos. Esse núcleo dá origem à “Music Improvisation Company”, que atua de 1968 a 1971 e que conta com as participações de Hugh Davies nos sintetizadores e de Jamie Muir à bateria.
Em sociedade com Evan Parker e Tony Oxley, no ano de 1970 DEREK cria o selo discográfico “Incus”, totalmente dedicado à “improvisação livre”. Esse selo passa a publicar o trabalho do grupo internacional “Company”, que na realidade não foi um grupo permanente, mas um “espaço” por onde circularam e gravaram Terry Day, Anthony Braxton, Johnny Dyani, Misha Mengelberg, Leo Smith, Lol Coxhill, Steve Lacy, Steve Beresford, Maurice Horsthuis, Han Bennink, Maarten Altena, Tristan Honsinger e muitos mais, todos ligados à denominada “improvisação livre”.
A partir de 1969 DEREK BAILEY gravou mais intensamente, participando ainda do grupo “Globe Unity Orchestra” do líder Alexander Von Schlippenbach.
Em 1980 DEREK publicou o livro “Improvisation, Its Nature And Practice In Music”, na verdade uma coletânea de entrevistas de músicos dedicados à “improvisação livre” em vários contextos, tais como e entre outros JAZZ, música barroca, rock, música indiana etc, entrevistas essas devidamente comentadas; trata-se de verdadeiro tratado a favor dessa denominada “improvisação livre”.
Sem sombra de dúvidas DEREK BAILEY é o maior representante do máximo radicalismo na “improvisação livre”, o que é sobradamente demonstrado por suas gravações e pelas habituais apresentações ao vivo, enquanto solista ou no contexto do grupo “Company”.
Todo o trabalho musical de DEREK é um permanente afastamento de quaisquer codificações ou sistematizações de “estilos” instrumentais, assim como do tradicional “ordenamento” musical característico do JAZZ e da música do ocidente.
Os solos de DEREK são “módulos”, “células”, nunca “temas” ou melodias conhecidas, das quais se afasta categoricamente. Seus “módulos” estão relacionados e um sistema tonal em que a “lógica” harmônica é intermitentemente sacudida por acordes aleatórios. Pode-se entender um certo, digamos assim, “lirismo negativo”, uma música de superfície árida mas conteúdo vibrante, já que DEREK desconstrói e sistematiza partes, em oposição às convenções jazzísiticas.
Além dos solos contidos nas gravações indicadas ao final, um exemplo clássico de seu guitarrismo dentro da “improvisação livre”, pode ser ouvido na composição “Untitled” com 5’24”, gravada em Paris (01/fevereiro/1985, ano de seu falecimento) em duo com o saxofonista soprano Steve Lacy; os dois são os autores da composição (parte do CD “Steve Lacy Duets: Associates”, anexado è edição de outubro de 1996 da revista italiana “Musica Jazz”).
Algumas gravações recomendadas de DEREK BAILEY, dentro do contexto de “improvisação livre” em que ele atua, são: 
- 1971 = Solo Guitar;
- 1971 = Improvisations For Cello And Guitars (com Dave Holland);
- 1974 = Together;
- 1974 = Duo (com Anthony Braxton);
- 1977 = Improvisations.




2 comentários:

Carlos Tibau disse...

Caro Pedro
Ouvi quase nada do Derek tendo em vista a linha free que ele adotou e que não me é simpática. Obrigado pelas informções do seu post.
Forte abraço

Anônimo disse...

Prezado TIBAU:

Tampouco é dos meus guitarristas de "cabeceira", mas a idéia das postagens de DEREK BAILEY e "BILL" DE ARANGO nasceu em função das datas de falecimento de ambos, próximas ou coincidentes com o natal - conforme a postagem anterior do MÁRIO JORGE.
Abraços e feliz Natal.

PEDRO CARDOSO