Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

15 maio 2017

Série   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
35ª Parte
(35)   ANDRE  PREVIN    Um Americano, de Berlim Para O Mundo  (Resenha curta)

Andreas Ludwig Priwin, ANDRÉ PREVIN, compositor, pianista e regente norte-americano, nasceu na Alemanha, Berlim, em 06 de abril de 1929 (naturalizou-se cidadão dos U.S.A. em 1943) e por toda a sua obra ao longo de 65 anos (de 1946 com 17 anos até 2011, pelo menos) recebeu treze indicações para o “Oscar” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas na categoria de trilha sonora, estatueta que recebeu em 04 oportunidades (“Gigi” em 1958, “Porgy And Bess” em 1959, “Irma La Douce” em 1963 e “My Fair Lady” em 1964).
ANDRÉ PREVIN nasceu em família judaica e seu i,rmão foi o diretor Steve Previn (1925 - 1993). 
Seu pai foi advogado bem sucedido, pianista e exímio em leitura musical a primeira vista, que levou PREVIN aos primeiros passos no piano já que, além de ensinar-lhe a execução do instrumento, diariamente escolhia uma das versões de sinfonias para que o “menino” a executasse. 
Esclareço que formalmente e desde bem cedo estudou piano em conservatórios de Berlim e de Paris, até a família emigrar para os Estados Unidos em 1939 para escapar do nazismo.
PREVIN cresceu em Los Angeles e para aprender o novo idioma ia ao cinema diariamente (por sua idade pagava poucos centavos) e assistia os mesmos filmes vezes sem conta. 
Retomou aos estudos de piano com os professores Joseph Achron e Mario Castelnuevo Tedesco, graduou-se na Escola de Beverly Hills em 1946, foi aluno particular de Pierre Monteux e começou a tocar profissionalmente em dueto musical com Richard M. Sherman, este à flauta. Por coincidência, 21 anos depois, ambos compositores ganharam o “Oscar” por diferentes filmes.
“Descobriu” o JAZZ ouvindo a gravação de “Sweet Lorraine” por Art Tatum, encantando-se pela improvisação.
Em 1945 gravou seu primeiro disco e a partir de 1948 dedicou-se à composição e aos arranjos para rádios locais, dai ser escutado pelos executivos da MGM, que o contrataram como arranjador. A essa altura e já ganhando muito bem, a situação da família melhorou consideravelmente.
PREVIN prestou serviço militar baseado no Presidio de San Francisco (biênio 1951/1952), ocasião em que conheceu Leonard Bernstein (“remember” West Side Story), onze anos mais velho, que ensinou-lhe composição.
Após desligamento e em meados dos anos 1950 ingressou no meio artístico como pianista de JAZZ, relacionando-se com músicos recém-instalados na Califórnia, ninguém menos que Shorty Rogers e Shelly Manne (! ! ! . . . ).
Suas maiores influências iniciais no piano foram Art Tatum, Hank Jones, Oscar Petereson, Bud Powell e Horace Silver, tendendo ao longo dos anos para Bill Evans. Nos anos mais recentes ele também ouviu e apreciou Keith Jarrett, Brad Mehldau e Esbjörn Svensson. 
Formou trio com Shelly e Leroy Vinnegar, alcançando grande êxito em 1956 com a gravação da música do filme “My Fair Lady”. Este album gravado sob a titularidade de Shelly Manne e com Leroy Vinnegar, tornou-se um sucesso de crítica e de vendas para o público, atingindo mais de 01 milhão de cópias vendidas.
Gravou em 1957 em duo de piano com Russ Freeman.
Em apresentações e gravações o contrabaixista Red Mitchell é seu mais constante parceiro.
Gravou também 02 albuns com Dinah Shore e em 1961 o album “Duet” com Doris Day, além de participar dos programas de televisão  "The Ford Show", "Starring Tennessee Ernie Ford" e "The Dinah Shore Chevy Show".  
Atuou com J.J.Johnson, assim como já escrito com Shelly Manne e Leroy Vinnegar, além e também  com Benmny Carter e muitos outros. 
Ao lado de Oscar Peterson em 1974 apresentou-se em especial para a televisão. O canadense ficou impressionado com PREVIN, já que durante a apresentação este “viajou” pelas diversas fases do JAZZ, ai incluído um “boogie woogie” (vide “Documentário” citado ao final).
PREVIN gravou diversos álbuns em “piano.solo” homenageando os grandes compositores do populário americano: Frederick Loewe e Vernon Duke (1958), Jerome Kern (1959) e Harold Harlen (1960). 
PREVIN gravou grande quantidade de álbuns de JAZZ como titular e como “sideman” até 1967, mas “ausentou-se” desse segmento, somente a ele retornando de 1989 até 2001, ainda que por volta do início dos anos 1980 tenha gravado um álbum com Ella Fitzgerald (1979) e mais dois com o violinista Itzhak Perlman, este devidamente atraído por PREVIN para o JAZZ. 
A par de sua carreira na música clássica ele apresentou-se e gravou seguidamente como pianista: recitais de canções, música de câmara e, claro, JAZZ.
PREVIN é caso único de dedicação e produção musical no JAZZ e, sobretudo, na música clássica. 
Em 1967 PREVIN tornou-se Diretor Musical da Orquestra Sinfônica de Houston. 
De 1968 até 1979 foi o Maestro Titular da Orquestra Sinfônica de Londres, com a qual gravou 03 balés (“O Lago dos Cisnes”, “A Bela Adormecida” e “O Quebra Nozes”) e foi o protagonista do programa de televisão “Andre Previn’s Music Night”. Após anos seguidos com a Sinfônica de Londres ocorreu o desligamento da mesma.
No período 1976/1984, ele foi Diretor Musical da Sinfômica de Pittsburgh, protagonizando outro programa de televisão: “Previn And The Pittsburgh”.
Após intenso trabalho de promoção PREVIN foi contratado para a Filarmômica de Los Angeles, nomeado Diretor Musical de 1984 a 1985, com a qual gravou obras de Prokofiev, Dvorak, William Kraft, John Harbison e Harold Shapero.
Também foi o maestro principal da Orquestra Filarmônica Real. 
PREVIN foi regente em apresentações e gravações da “Boston Symphony Orchestra”, da “New York Philharmonic” e da “Vienna Philharmonic”, Em 2009 ele foi o Regente da “NHK Symphony Orchestra” 
Enquanto compositor ele teve sua primeira ópera, “A Streetcar Named Desire”, merecendo o “Grand Prix Du Disque”.  Sua ópera, “Brief Encounter”, em execução no “Houston Grand Opera”, foi premiada em 2009. 
Na comemoração dos seus 80 anos PREVIN teve a obra celebrada no Carnegie Hall com apresentação de 04 concertos, além de concertos com a “Leipzig Gewandhaus”, a “London Symphony Orchestra”, a “Dresden Philharmonic” e a “Czech Philharmonic”, esta no “Festival de Praga”. 
ANDRÉ PREVIN foi casado 05 vezes: (1ª) Betty Bennerr, (2ª) Dory Langdon (Dory Previn), (3ª) Mia Farrow (1970-1979 período no qual o casal viveu na Inglaterra, teve 03 filhos, os gêmeos Matthew e Sasha, Fletcher e adotaram duas crianças vietnamitas, Lark Song e Summer Song, além de uma coreana, Soon-Yi), (4ª) o mais longo casamento, de 1982 a 2002, com Heather Sneddon (02 filhos sendo Li-An Mary adotada em 1982 e Lukas Alexander nascido em 1983) e (5ª) em 2002 com Anne-Sophie Mutter, violinista alemã, da qual se divorciou em 2006; posteriormente escreveu um concerto de violino para ela e trabalharam juntos em outras oportunidades. 
Como se vê a “obra” de PREVIN foi bem grande na música e no amor.
Em gravações de música clássica registrou solos da obra de Mozart, Gershwin, Poulenc, Shostakovich e Debussy.
A obra discográfica completa de PREVIN está registrada no trabalho de Frédéric Döhl "André Previn Musikalische Vielseitigkeit und Asthetische Erfahrung", Stuttgart 2012, páginas de 295 a 319. 
Com relação às gravações de JAZZ nossas preferências dirigem-se para:
- “Like Previn” (29/fevereiro e 01/março, Los Angeles, selo Contemporary), ao lado de Red Mitchell e Frank Capp
- “Jazz Giant” (11/junho – 22/julho – 07/outubro de 1957 e 21/abril de 1958, Los Angeles, selo Contemporary), titularidade de Benny Carter, com Ben Webster, Frank Rosolino, Barney Kessell, Leroy Vinegar e Shelly Manne, além de Jimmy Rowles em algumas faixas
- “Old Friends” (agosto/1991) ao lado de Ray Brown e Mundell Lowe
- “After Hours” (29/março/1989, Pasadena, selo TELARC), ao lado de Ray Brown e Joe Pass
- “Songs Of Harold Arlen, Duke Ellington & Others” (09 e 10/março/ 1990, New York, selo Contemporary) ao lado de Ray Brown e Mundell Lowe.
As gravações de música clássica de PREVIN contam-se às dezenas, enquanto que as de JAZZ, em menor monta, ainda assim representam um belo acervo, seja como titular, seja como “sideman” e além das já indicadas anteriormente, incluem: “Double Pay” de 1957 pela RCA e com Russ Freeman, “Pal Joey” tembém de 1957, de 1958 “Gigi” e “Plays Songs By Vernon Duke”, “King Size!” de 1959, assim como “Plays Songs by Jerome Kern” e “West Side Story”, “Plays Songs By Harold Arlen” e “The Subterraneans” de 1960, “With J.J.Johnson” de 1961, “Duet” de 1962 com Doris Day, “4 To Go!” de 1963, “A Different Kind Of Blues” de 1980 com Itzhak Perlman, “Nice Work If You Can Get It” também de 1980 com Ella Fitzgerald, além de muitos outros e com muitos músicos (Kiri Te Kanawa, Buddy Bregman, Helen Humes, Barney Kessel, Shelly Manne, Pete Tugolo e outros).
As trilhas sonoras de PREVIN para longas-metragem ou com participações dele incluem, entre outras e além das já citadas anteriormente e premiadas com o “Oscar” de trilha sonora, “Three Little Words” de 1950, “Kiss Me Kate” de 1953, "It's Always Fair Weather" de 1955, "Silk Stockings" de 1957, "Elmer Gantry" e "Bells Are Ringing" de 1960,  "Four Horsemen Of The Apocalypse" de 1961, "Two For The Seesaw" de 1962,  "Thoroughly Modern Millie" de 1967, “Coco” e “Paint Your Wagon” de 1969, “The Music Lovers” de 1970, “The Good Companions” de 1974, “Rollerball” de 1975 e outras.
O documentário “André Previn – Maestro Moderno” (BBC, 1997) é rico em detalhes da carreira de PREVIN, inclusive de sua vida pessoal e matrimonial.
Mesmo com larga e preponderante atuação na música clássica e na música para Hollywood, a obra de PREVIN no JAZZ é de peso e de alta qualidade, ancorada nos legados daqueles que o levaram a descobrir a “música dos músicos “: Art Tatum, Hank Jones, Oscar  Peterson, Bud Powell, Horace Silver e  Bill Evans - melhores influências impossível ! ! ! 


Retornaremos nos próximos dias

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