Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

22 fevereiro 2017


   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
29ª Parte

(29)  WALTER BISHOP Jr.      Com Art Blakey......aos 20 anos     (Resenha curta)

O pianista de JAZZ e compositor norte-americano WALTER BISHOP Jr. nasceu no dia 04 de outubro de 1927 em New York, vindo a falecer de ataque cardíaco em 24 de janeiro de 1998 aos 70 anos no “Veterans Affairs Medical Center”, em Manhattan, ainda com sua mãe viva e deixando viúva e 02 irmãs (Marian e Beverly). 
BISHOP nasceu em família de músicos, com o pai Walter Bishop, Sr. tendo obtido algum êxito como compositor. 
Como colegas de adolescência teve a companhia de alguns futuros músicos importantes, tais como Art Taylor, Sonny Rollins e Kenny Drew, entre outros.
BISHOP cresceu no Harlem e cedo deixou os estudos tradicionais para dedicar-se a tocar em bandas de dança, até que com 18 anos em 1945 prestou serviço militar na “Army Air Corps”. Ainda no serviço militar em 1947 e estando baseado em St. Louis, chegou a participar de excursões com músicos ligados ao “Bebop”. 
No final de 1947 e já desligado do serviço militar BISHOP retornou a New York e passou a integrar o grupo de Art Blakey - foram mais de 03 meses e sua primeira gravação.
Desenvolveu-se no “Bebop” participando de “jam-sessions” no “Minton’s Playhouse” e ainda em 1949 gravou com Stan Getz e com Milt Jackson.
De 1950 e até 1953 BISHOP atuou seguidamente com Charlie Parker, tendo gravadas algumas dessas atuações, a saber:
- pela primeira vez em 17/maio/1950 no “Birdland”, New York, em sexteto (Parker no sax.alto, "Fats" Navarro no trumpete, Tommy Potter no contrabaixo, Roy Haynes na bateria, Jimmy Scott no vocal e BISHOP no piano substituindo Bud Powell), nos temas “Embraceable You”, “Cool Blues” e “52th Street Theme”;
- no dia seguinte em uma “jam” (10 minutos e 56 secundos) com Parker no alto, trompetes de “Fats” Navarro e Miles Davis, Brew Moore no tenor, Curley Russel no baixo e Art Blakey na bateria, também no “Birdland” (New York) e no tema “Conception/Deception”;
- em 1951 nos dias 17/janeiro e 12/março em estúdio de New York, em 22 e 24/março e 07/abril no “Birdland” com seção de cordas (“Easy To Love”, “Rocker”, “Jumpin’ With Symphony Sid”, “Just Friends”, “Everything Happens To Me”, “East Of The Sun”, “Laura”, “Dancing In The Dark”, “What Is This Thing Called Love”, novamente “Laura”, “Repetition”, “They Can’t Take That Away From Me” e “Easy To Love”), em 12/abril no “Christy’s Restaurant” em Massachusetts e no mês de junho na Filadelfia / Pensilvania no “Veterans Administration Hospital”;
- em 1952 nos dias 23/janeiro (estudio em New York), 26/setembro (“Rockland Palace” em New York) e 14/novembro (“Carnegie Hall” em New York, com cordas);
- em 1953 nos dias 30/janeiro (“Estudio WOR” de New York) e 30/março (“Bandbox” de New York), sua última gravação com Parker.
Ainda assim e entre 1951 e 1953 BISHOP atuou e gravou com Kai Winding, Miles Davis e Oscar Pettiford.
Data desse período o cativeiro de BISHOP nas drogas, que levaram-no a perder seu “Cabaret Card”, uma nefasta prisão felizmente superada mais adiante.
Voltou a gravar em 1956 com Hank Mobley. 
Interessante assinalar que BISHOP havia assumido seu nome islâmico, Ibrahin Ibn Ismail, mas não o utilizava comercialmente; foi época em que muitos e muitos músicos de JAZZ, particularmente os negros, aderiram ao islamismo como forma de bucar escapar do segregacionismo.
Em 1959 e após largo período afastado ele atua com Allen Eager, Jackie McLean e Philly Joe Jones, em 1960 com Curtis Fuller e no final desse mesmo ano BISHOP montou seu próprio trio, recrutando Jimmy Garrison para o contrabaixo e G. T. Hogan para a bateria.
Ainda no final de 1960 ele retornou aos “bancos escolares”, ingressando na “Juilliard Scholl”(estudou com Ida Elkan, Rudolph Schramm e Hall Overton), chegando no final da década de 1970 e já estabelecido na California ao estudo da teoria musical em Los Angeles e a estudar nos anos 1980 na “University Of Hartford”.
Gravou com diversas bandas e orquestras da Califórnia, com o espetacular “Supersax” (sempre “retornando” a Parker) e com Blue Mirchell. 
Simultaneamente às suas participações nos festivais e clubes de New York, BISHOP escreveu o livro “A Study In Fourths”, baseado na improvisação em ciclos de quartas e quintas.
A partir de 1961 ele iniciou sua fase de gravações como líder e para diversas etiquetas, a saber e entre outras: em 1961 Speak Low para Black Lion mais tarde Milestones, em 1965 The Walter Bishop Jr. Trio / 1965 para a Prestige mais tarde Summertime, em 1972 Coral Keys para a Black Jazz, em 1974 Valley Land para a Muse, em 1976 Old Folks para o selo East Wind, em 1977 Soul Village para a Muse, em 1979 Hot House novamente para a etiqueta Muse, em 1988 Just In Time para a Pony Canyon, em 1991 Midnight Blue para o selo Red, em 1994 What's New para a DIW, para citar as mais significativas..
Em 1963 BISHOP ao lado de Les Spann e de Sam Jones inaugura o “Five Spot Café”.
Em 1964 ele realiza temporada com Terry Gibbs. 
De 1972 em diante BISHOP dedicou-se ao ensino musical e à composição, com eventuais apresentações como “sideman” em novas formações para gravações.
Como “sideman” desde 1949 (então e como já indicado anteriormente, com Milt Jackson e Zoot Sims) e até 1978 (com Curtis Fuller em “Fire and Filigree” pelo selo “Bee Hive”), BISHOP atuou para Gene Ammons, Art Blakey, Rocky Boyd, Miles Davis, Kenny Dorham, John Handy, Ken McIntyre, Jackie McLean, Blue Mitchell, Hank Mobley, Oscar Pettiford, Charlie Rouse e Sonny Stitt, entre outros.
Bem na contramão de muitos “boppers” e ao invés de frases curtas, incisivas, BISHOP nos mostra ao piano longas sequências de notas repletas de frases melódicas; “inventa” nos tempos mais complexos, mantendo modo singular de acompanhamento (claro, uma “herança” de suas atuações com Parker); sendo um acompanhante de muitas escolas, em algumas ocasiões quase “monkiano”, antecipando notas e mostrando a direção para o solista, realça-lhe o ritmo, sem copiá-lo ou limitar-se a ser mero acompanhante.
Para avaliar e desfrutar com clareza o “pianismo” de BISHOP e além das gravações anteriormente indicadas, ouça-se o magnífico “LP” duplo “I Remember Bebop” (CBS, “Jazz Collector Series”, 1979, gravações de 02 até 05/novembro/1977), em que ele executa 03 faixas (“Star Eyes”, “Au Privave” e “Ornithology”) dentro do rótulo “Walter Bishop Jr. Plays Charlie Parker”, acompanhado por Bob Cranshaw ao baixo e Al Foster na bateria; uma perfeição “parkeriana”.
A importância desse “LP” deve ser ressaltada sob vários aspectos: (a) excelentes notas nas duas capas internas (Henrey Renaud), (b) perfeito nível de gravação e, (c) principalmente, pelos demais 07 pianistas incluídos nos dois “LP’s”, a saber, “Al Haig Plays Dizzy Gillespie”, “Duke Jordan Plays Tadd Dameron”, “John Lewis Plays John Lewis”, “Sadik Hakin Plays Charlie Parker”, “Barry Harris Plays Thelonius Monk”, “Tommy Flanagan Plays Bud Powell” e “Jimmy Rowles Plays Miles Davis Nonet” - uma grandeza !

Retornaremos nos próximos dias

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