Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

24 janeiro 2017

Série   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
25ª Parte
(25)(d) ERROLL GARNER     Excelência sem estudo    Sequência e final

BIBLIOGRAFIA
As enciclopédias clássicas e os livros sobre JAZZ, em geral e obrigatoriamente citam ERROLL GARNER mas, em contrapartida, a imensa maioria dessas publicações não lhe reserva espaço à altura de sua música. Mesmo com verbetes e citações em mais de 100 livros sobre JAZZ, limitamo-nos a uns poucos selecionados e bem escritos, como a seguir.
i. Gran Enciclopédia del Jazz, Editora SARPE, 1ª edição, 1980, Espanha, páginas 675-676. Verbete bem conciso sobre GARNER, ainda que a certa altura com crítica repetida por outros (boas obras iniciais e, posteriormente, material de consumo);
ii. Os Grandes Criadores do Jazz, Gérald Arnaud / Jacques Chesnel, 1ª edição, 1989, Portugal (tradução de original francês), página 50; um exemplo de qualidade de crítica em espaço adequado;
iii. Os Grandes do Jazz, Ediciones del Prado, 1ª edição, 1996, Brasil (tradução de original espanhol), 4º volume, páginas 97 a 108; talvez o melhor sobre GARNER como bibliografia, apesar da péssima tradução;
iv. Arte do Piano - Compositores e Intérpretes, Sylvio Lago, 1ª edição, 2007, Brasil, principalmente páginas de 527 até 530; com certeza um dos melhores verbetes sobre ERROLL desde o ponto de vista musical e de técnica pianística; além do verbete mais 12 citações sobre GARNER, em verbetes sobre diversos outros pianistas de JAZZ, caracterizando influências e descendências desse “mago das 88 teclas”.
FILMOGRAFIA
Todos os filmes e documentários indicados a seguir constituem-se em excelentes momentos sonoros e visuais para desfrutar-se da arte de ERROLL GARNER.
i. A New Kind Of Love
USA, 1963, longa metragem em P&B com 109 minutos sob a direção de Melville Shavelson e parte da trilha sonora com GARNER.
ii. Especial de Erroll Garner
BBC/Inglaterra, 1964, programa de televisão com 41 minutos, produção de Terry Hemebery e apresentação de Steve Race para a importante séria “JAZZ 625”. GARNER em trio (Kelly Martin no baixo e Eddie Calhoun à bateria), sempre ao vivo.
iii. NEGRESCO - EINE TOLICHE AFFAIRE (My Bed Is Not For Sleeping)
Alemanha, 1967, longa metragem com 93 minutos, direção de Klaus Lemke e presença de GARNER como convidado.
iv. Play Misty For Me
USA, 1971, longa metragem com 96 minutos, GARNER na trilha sonora e estréia na direção cinematográfica de Clint Eastwood.
v. JAZZLAND - Special Erroll Garner
ORTF / França, coleção J.C.Averty, documentário de 29/05/1972 com 30 minutos, série “Vintage -  Estudio 13", trazendo GARNER em trio mais José Mangual na conga, com destaque para um “Misty “ inolvidável.
vi. DRIVE-IN
USA, 1976, longa metragem com 96 minutos sob a direção de Rod Amateau, Ray Stevens interpretando “Misty”.
vii. POTO AND CABENGO
Alemanha / USA em co-produção, 1979, 73 minutos, direção de Jean-Pierro Gorin e ERROLL GARNER na trilha sonora com o clássico “I Found A Million Dollar Baby”.
viii. ERROLL GARNER IN PERFORMANCE
USA, 1995, edição da “Kultur” em P&B com 72 minutos, reedição bem ampliada do item “ii” anterior (“Especial de Erroll Garner”), totalizando 19 temas em duas partes e um “extra” fotográfico com GARNER.
ix. ERROLL GARNER - Live In “63 & “64
DVD da série “JAZZ ICONS’”, 2009, P&B, apresentações de GARNER (em estado de graça) na Bélgica e na Suécia, liderando Eddie Calhoun no baixo e Kely Martin na bateria, em um total de 17 temas. O melhor de GARNER ! ! !
DISCOGRAFIA
Citamos a seguir pequena mas essencial discografia recomendada de ERROLL GARNER, dentro do universo que nos legou e à parte dos lançamentos no Brasil citados no “Apêndice I” anterior (relacionados pelo Mestre Luiz Carlos Antunes, LULA).
I. EASY TO LOVE
Polygram, 1990, 11 faixas escolhidas pelo pianista/arranjador Sy Johnson, dentro do material inédito de GARNER devidamente preservado. Todas as faixas com Eddie Calhoun ao contrabaixo e Kelly Martin na bateria, gravadas entre os anos 50 e 60 do século passado. O ator / comediante / pianista / escritor Dudley Moore assina as notas do encarte.
II. DANCING ON THE CEILING
Polygram, 1990. 11 faixas com a mesma formação anterior, cobrindo o período de 1961 até 1965.
III. TOO MARVELOUS FOR WORDS
Polygram, 1990, 14 faixas, notas do encarte por Leonard Feather, ERROLL em trio com Wyatt Ruther / baixo e Eugene Heard / bateria.
IV. THE ORIGINAL MISTY
Polygram, 1990, 13 faixas, com destaques para “Misty”, “Seven-Eleven Jump” e “In A Mellow Tone”.
V. SÉRIE COMPACT JAZZ - ERROLL GARNER
Polygram, 1990, 14 temas com algumas repetições do CD anterior.
VI. BODY AND SOUL
CBS / Sony, série “masterpieces”, 1990, contendo 20 temas.
VII. CONCERT BY THE SEA
CBS / Sony, também da série “Columbia Jazz Masterpieces”, 1990, notas do encarte por Stanley Dance e 11 faixas que reprisam o LP original, um “hiper-clássico” 
VIII. LONG AGO AND FAR WAY
CBS / Sony, 1990, 16 faixas, inclusive “Penthouse Serenade”, com ERROL GARNER em trio (John Simmons / baixo e Shadow Wilson / bateria).
IX. MAMBO MOVES GARNER
Polygram, 1991, 11 faixas que incluem “Cherokee” e “Russian Lullaby”.
X. JAZZ ‘ROUND MIDNIGHT
Polygram, 1991, contendo 16 faixas, com destaque para “Misty” e “Over The Rainbow”
XI. ERROLL GARNER - JAZZ PORTRAITS
Sarabandas, 1993, 18 temas entre os quais os dois gravados com Charlie Parker (“Cool Blues” e “Bird’s Nest”). Esses 18 temas cobrem o período de 1946 (“Frantonality”) até 1956 (“The Man I Love”) e nos traz GARNER em diversas formações.
XII. SOLITAIRE
Polygram, 1993, 11 temas que replicam o LP original (gravações de 1955) com a adição de mais 04 faixas, destacando-se entre essas 04 o tema “Salud Segovia”.
XIII. ERROLL GARNER - BOX SET
TELARC, 1999, contendo 06 CD’s, sendo que cada CD contem 02 albuns, todos eles originalmente da gravadora de GARNER, “OCTAVE Records”. Sob o comando de Martha Glaser esses CD’s foram produzidos e distribuídos no mercado, tanto nesse “box set” quanto individualmente.
01. That’s My Kick - Gemini
02. Campus Concert - Feeling In Believing
03. Dreamstreet - One World Concert
04. Magician - Gershwin and Kern
05. Close-Up In Swing - A New kind Of Love
06. Now Playing: A Night At The Movies - Up In Erroll’s Room
Cada um dos 06 CD’s contem em torno de 20 faixas, sempre com Martha Glaser tecendo comentários nos respectivos encartes, em produção bem cuidada.
XIV. THE ESSENCE OF ERROLL GARNER
Sony, 1994, 12 faixas: “Poor Buterfly”, “Lover”, “Laura”, “Avalon” e outras pérolas. 
XV. PENTHOUSE SERENADE
Savoy Jazz, 1994, com 14 temas muito bem selecionados e ótima qualidade de gravação, considerando a época das gravações originais.
XVI. SERENADE TO LAURA
Savoy Jazz, 1994, 14 temas que incluem “Moonglow”, “Confessin’”, “Stormy Weather”, “The Man I Love” e outros “standards”.
XVII. YESTERDAYS
Savoy, 1994, mais 13 temas do baú da Savoy, inclusive um “Dark Eyes” como somente GARNER poderia produzir.
XVIII. VERVE JAZZ MASTERS, VOLUME 7 - ERROLL GARNER
Distribuição Polygram, 1994, 15 faixas das quais 07 com GARNER em piano.solo e as demais em trio mais a conga de Candido Camero.
XIX. CONTRASTS
VERVE / EmArcy, 1998, 13 faixas, notas do encarte por Mark Gardner com base na colaboração de Martha Glaser, Stephen Rayner e Wyatt “Bull” Ruther.    Preciosa reedição, inclusive com o aproveitamento do material fotográfico original.
XX. QUADROMANIA - ERROLL GARNER - HONEYSUCKLE ROSE
Membran, 2005, coleção alemã, contendo 73 faixas (1947 até 1950) em “box” com 04 CD’s. O encarte alinha corretamente todas as formações, que vão de “piano.solo”, passam por “trios” e chegam até 08 faixas em “sexteto”.  Verdadeiro "curso" sobre o pianismo de GARNER.
APÊNDICE II
Homenagens a ERROLL - Congresso e Correios 
Em Washington e no dia 15 de junho de 1976 a Câmara dos Representantes do Congresso Americano promoveu homenagem a GARNER em comemoração aos seus 55 anos, tendo como orador o cidadão de Pittsburgh sr. Moorehead, que assim falou:
ERROLL GARNER, natural de Pittsburgh e um dos músicos mais populares em todo o mundo, celebra seu natalício. Aproveito esta oportunidade para saudar esse gigante musical e lembrar aos colegas da Câmara dos Representantes alguns dos feitos e das contribuições desse pianista e compositor.
Começando muito cedo na Pensilvânia esse homem ganhou aclamação mundial e brindou alegria e grande compreensão com sua música única e inovadora, para os povos de todas as partes do mundo. É particularmente oportuno saudar GARNER nesse ano do Bicentenário (referência ao bicentenário da Declaração da Independência dos USA que seria comemorado em 04 de julho de 1976), dado que ele é um artista profundamente enraizado no cenário americano. Uma lenda viva desde o início da década de 1920, GARNER nasceu com um grande e natural dom para a música. Auto-didata iniciou-se no piano com 03 anos de idade atuando profissionalmente em Pittsburgh quando tinha 07 anos, na rádio KDKA e em teatros locais. O auto-desenvolvimento do seu talento poude ser apreciado desde os riverboats do Rio Allegheny, até seu desempenho nas maiores salas de concerto da América e do mundo.
GARNER é um artista original, inovador e acatado como uma das mais destacadas vozes musicais do século. Nos 25 anos mais recentes ele vem sendo reconhecido como uma das influências mais importantes do piano contemporâneo.
Em 1950 GARNER estreava em piano-solo; mais tarde, em 1957, ele era solista convidado de orquestras sinfônicas por todos os USA. Foi um pioneiro em abrir portas para outros artistas em salas de concerto, emissoras de televisão, colégios, feiras/congressos, teatros e hotéis. Permanentemente atuou para melhorar seu desempenho e ampliar as condições para suas audiências, resistindo com consistência às ofertas para situações de segregação, em qualquer parte do mundo.
GARNER é o único artista com idioma do JAZZ a excursionar para temporadas sob os auspícios do veterano empresário de música clássica S. HUROK.
GARNER tem sido honrado e aclamado internacionalmente. Ele foi agraciado com as chaves de numerosas cidades americanas, incluindo Pittsburgh, Indianopolis, Kansas City e Boston, assim como foi homenageado por Governadores de diversos Estados.
Um dos prêmios internacionais favoritos de GARNER é o "Gran Prix du Disque" da Academia Francesa de Artes. Seu trabalho está devidamente registrado e enterrado no Teatro da Comédia Francesa em cápsula do tempo. Os críticos franceses chamam GARNER de Homem com 40 Dedos e o Picasso do Piano.
A Republica de Mali emitiu selo postal homenageando GARNER e ele foi convidado para atuar nos "Command Performances" por toda a Europa.
O trabalho de GARNER como compositor é bem significativo; são muitas as composições de sua autoria, incluindo-se a mais famosa - Misty - que lhe aumentou o reconhecimento como compositor. "Misty" foi gravada por muitos e muitos artistas e em todos os gêneros - sinfonias, por, rock, soul e, mais recentemente, no campo da música country and western, voltando a ganhar o pódio da "ASCAP".    Essa canção também foi tema do filme "Play Misty For Me", assim como permaneceu por mais de uma década como tema musical do "Today Show" da televisão NBC.
Por uma única gravação GARNER tem sido premiado em todo o mundo: seu álbum "Concert By The Sea" é considerado um marco como best-seller em disco por muitos anos.
No ano passado GARNER foi homenageado no Catálogo do 25º Aniversário da Enciclopédia Schwann, como um dos 03 músicos de JAZZ que tiveram gravações incluidas durante todos os 25 anos da Schwann.
O Clube do Livro do Mês desse ano editou uma coleção especial com 03 albuns do trabalho de GARNER, sob o título de "O Erroll Garner Essencial".
A Rede Nacional de Educação Pública produziu meia hora de um especial sobre GARNER para a televisão, frequentemente exibido aqui e no exterior.
Por sua vida de trabalho criativo e inovador, esse homem é benvindo como artista e merece as maiores honras e o nosso respeito: soube cunhar seu desempenho no Pais e internacionalmente, além fronteiras, fazendo crescer amizades e os melhores sentimentos nas mais híbridas audiências, em todas as culturas e idades.
Por tudo isso é um prazer celebrar o aniversário de ERROLL GARNER, e estou certo que a Câmara dos Representantes lhe deseja muitos anos mais de trabalho pleno e atividade criativa.” 

Observação = também no Gabão e nos USA, GARNER foi homenageado com a emissão de selo postal, ambos com seu rosto.

APÊNDICE III
ERROLL GARNER - Municipal do Rio de Janeiro  e Jornais
GARNER apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 10 de junho de 1970 seguindo depois para São Paulo (03 apresentações), retornando ao Rio de Janeiro de onde embarcou para os USA. À época era Administrador do Teatro Municipal do Rio de Janeiro meu avô materno, Comendador Pedro Lauria, o que me proporcionou assistir ERROLL GARNER no camarote presidencial, como já estava acostumado nos espetáculos operísticos.
O “Jornal do Brasil” do Rio de Janeiro publicou artigo, antes da apresentação de GARNER, de onde extraímos os seguintes trechos:
- ERROLL GARNER, o homem para quem foi inventado o piano (segundo a revista "Newsweek") estará no próximo dia 10, às 21.00 horas, no Teatro Municipal, para proporcionar ao público do Rio de Janeiro uma experiência singular: é ele o único solista contemporâneo que atua com programa inteiramente improvisado.
- Tocando até hoje de ouvido, gravando em fita suas composições (que são transcritas por outros), GARNER possui milhares de admiradores em todo o mundo, desde os jazzófilos até os mais requintados frequentadores de concertos eruditos. Ganhador do Grande Prêmio do Disco da Academia Francesa de Artes, ele é o homem, segundo a revista "Newsweek", para quem foi inventado o piano
- GARNER, que segundo um jornalista norte-americano, toca como um homem de 40 dedos, é verdadeiramente um artista original. Sua música é impossível de qualificar. Ainda que alguns pianistas procurem imitar suas características mais marcantes, seu estilo é virtualmente imune a qualquer imitação. 

O jornal “O Fluminense” publicou artigo do Mestre Luiz Carlos Antunes, o LULA com o título “Erroll Garner é uma fábula”, em que constam os seguintes trechos:
- Sob aplausos os músicos tomam seus instrumentos e aguardam a chegada do líder. Entra no palco um preto, baixo, senta-se sobre o catálogo telefônico de New York colocado em cima da banqueta do piano, e dá início ao mais surpreendente concerto de JAZZ – não existe programa pré-estabelecido. Desde os primeiros acordes de “Falling Leaves” à última nota do “blues” que encerrou a audição, ERROLL fazia com seus acompanhantes um verdadeiro jogo da memória, usando para tanto suas surpreendentes introduções, improvisando, sempre improvisando.
- A apresentação de GARNER constou dos seguintes temas: “Falling Leaves”, “That’s All”, “Mambo Garner”, “Misty”, “My Funny Valentine”, “The Nearness Of You”, “Blues”, “Time After Time”, “One Nota Samba”, “Desafinado”, “Yesterday”, “I Can’t Get Started”, “More”, “Green Dolphin Street”, “April In Paris”, “The Shadow Of Your Smile”, “Strangers In The Night”, “Satin Doll”, “pout pourris de clássicos eruditos” e “Passing Through”.

Aquí encerramos as notas  sobre ERROLL GARNER e prosseguiremos nos próximos dias com outro pianista.

Um comentário:

Carlos Tibau disse...

Pedro
Excelente post. Obrigado
Forte abraço