Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

KOKO - CHARLIE PARKER

27 novembro 2016


A importância histórica de gravar Ko-Ko feita por Charlie Parker em Nova York para Savoy Records em 1945, é que há uma opinião generalizada de que esta foi a primeira vez que o estilo bebop foi gravado em um disco.
O bebop "nasceu" antes, entre 1942 e 1944, porém a American Federation of Musicians havia proibido seus membros de gravar devido a uma disputa trabalhista com as companhias fonográficas.
Mais de meio século depois, em 2002, a Biblioteca do Congresso homenageu esta gravação Ko-Ko, incluindo-a no Registro Nacional de Gravações.
Parker há muito procurava desvendar  a progressão harmônica da composição de Ray Noble - Cherokee, estudando-a em todas as claves ou tons, improvisando sobre eles “ad nauseum”. Assim ele descobriu que usando os intervalos superiores de um acorde como uma linha de melodia, e apoiando-a com mudanças harmônicas apropriadas, poderia finalmente obter "o que estava ouvindo em sua cabeça há algum tempo."
Surge, assim, Ko-ko, que é baseado na progressão de acordes de  Cherokee. Esta é a gravação original. O solo de trompete é de Gillespie, mas é Parker que domina o tema. (“rouba a faixa”)
Charlie Parker's Reboppers: Dizzy Gillespie (tp), Charlie Parker (sa), Sadik Hakim (pi), Curly Russell (bx) e Max Roach (bat)  
New York, 26/novembro/ 1945


(traduzido e adaptado do blog - Noticias de Jazz de Pablo Aguirre)

Nota: (Glossário do Jazz -  Mario Jorge Jacques)

KO-KO  - estranho nome a que se referem 2 composições: uma de Duke Ellington, um blues clássico de 12 compassos da forma AAB em tom menor, gravado em março de 1940 (Victor 26577). A magia desta peça está nas harmonias dissonantes e o ritmo complexo. O tema de KO KO foi proposto para a inacabada ópera Boola que objetivava detalhar a história do negro norte-americano.
A outra composição titulada KO KO é uma versão do tema favorito de Charlie Parker Cherokee de autoria de Ray Noble escrita ao final dos anos 30 e basicamente de 32 compassos na forma AABA (Savoy – 916B).
A maioria dos temas bebop iniciam com uma seção que se ajusta nitidamente sobre a progressão de acordes dos solos. KOKO em vez deste esquema se inicia com uma elaborada introdução. O que se houve primeiro é uma linha desenvolvida em oitavas pelo sax-alto de Parker e o trompete de Gillespie apenas com acompanhamento pulsante no “snare drum” de Max Roach usando as escovinhas. Os músicos estão improvisando harmonicamente sem nenhum senso de progressão de acordes. Uma pontuação do bombo conclui a introdução. Max, então troca as escovinhas pelas baquetas mantendo seu ataque no "ride cymbal" e, inicia-se o solo de Parker por 2 choruses, na verdade 128 compassos de uma clareza e virtuosidade simplesmente fenomenais, esmiuçando harmonicamente o tema Cherokee. Os ritmos parecem desorientados não pelo tempo extraordinariamente rápido, mas por causa dos acentos com constantes deslocamentos, por vezes nos "downbeats" e por vezes não. Segue-se o solo de Max Roach à bateria e o retorno a Parker e Gillespie para a coda. O trompete de Gillespie se contenta com 8 compassos na introdução e 8 na coda, enfim a peça é inteiramente de Parker com excelente apoio de Max Roach. O tempo total é de 2:58min e aos exatos 1:16min há uma passagem histórica quando Parker faz uma citação de uma frase retirada do solo de clarinete de George Lewis em Hight Society um clássico do Jazz de New Orleans. Este histórico se dá pela lembrança de um dos gênios do Jazz moderno, com sua conexão ao passado tradicional do jazz.
As KO KO são duas obras primas. Mas e a origem da inusitada palavra?
Tudo leva a crer que se identifica com o coadjuvante de Betty Boop o palhaço Ko Ko, integrantes de uma sequência de desenhos cinematográficos (cartoons) muito populares na década de 1930. Os cartoons eram produzidos por Max Fleischer para a Paramount Studios e a protagonista Betty Boop era uma figurinha sex-appeal. Em um desses cartoons, intitulado I'll Be Glad When You're Dead You, Rascal You  aparece Louis Armstrong e a banda executando a canção título.

3 comentários:

Anônimo disse...

Maravilha Major - mostrou tudo uma aula sobre koko que é realmente uma obra prima do bebop e com todas as informações - beleza
Carlos Lima

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Estimado MÁRIO JORGE:

A gravação de "KO KO" por PARKER (26/novembro/1945, New York, Estúdios WOR), é uma viagem bela e alucinante em seus 128 compassos.
PARKER gravou o tema em outras ocasiões posteriores (18/julho, 13, 20 e 29/setembro e 08/novembro/47, 04/setembro/48 e finalmente em 24/dezembro/49), com outras formações e em outros locais - uma delas inclusive para o "Metronome All Stars".
Mas a gravação de 1945 é a mais representativa da arte, da técnica, do "fwwling" e do domínio total de respiração e digitação de PARKER em seu instrumento.

PEDRO CARDOSO

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Leia-se, claro, "feeling" onde digitei "fwwling".