Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

PEQUENA HISTÓRIA DO “WEST COAST JAZZ” (FINAL)

06 abril 2016

PESQUISA E TEXTO POR NELSON REIS

G – NÓS NÃO SOMOS DAQUI, MAS AQUI FIZEMOS SUCESSO
Isso mesmo. A maioria dos “westcoasters” era constituída de músicos não oriundos da Califórnia. Entre as pouquíssimas exceções, temos o próprio Howard Rumsey. A exemplo, Shelly Manne era de New York, Bob Cooper era de Pittsburg, Pennsylvania, Frank Rosolino era de Detroit, no Michigan, Conte Candoli era de Mishawaka em Indiana, o próprio Shorty Rogers, como já vimos, era de Massachusets. Inúmeros músicos fizeram os pequenos conjuntos que atuaram, como já dissemos, provenientes da debandada de duas principais grandes orquestras.
Da banda de Stan Kenton saíram os bateristas Shelly Manne e Stan Levey, o contrabaixista Howard Rumsey, o guitarrista Sal Salvador, os trompetistas Shorty Rogers, Conte Candoli, Al Porcino e Maynard Ferguson, os trombonistas Frank Rosolino e Carl Fontana  e os saxofonistas Art Pepper, Bud Shank, Lennie Niehaus, Bob Cooper, Bill Holman, Bill Perkins, Charlie Mariano e Richie Kamuca. De Woody Herman Band, tornaram-se lideres o baixista Chubby Jackson, os pianistas Ralph Burns e Nat Pierce, o trombonista Bill Harris, os saxofonistas Al Cohn, Stan Getz, Jimmy Giuffre, Zoot Sims, Serge Chaloff, os vibrafonistas Red Norvo e Terry Gibs. De Les Brown Band, saíram lideres os saxofonistas Dave Pell, Ronnie Lang e Dick Nash, o trompetista Don Fagerquist e o trombonista Ray Sims, irmão de Zoot. Nem todos foram para a Costa Oeste, mas uma grande maioria.
Foram músicos do estilo “West Coast”:
SAXOFONISTAS
Art Pepper, Bob Cooper, Bob Gordon, Bill Perkins, Bill Holman, Buddy Collette, Bud Shank, Charlie Mariano, Gerry Mulligan, Harold Land, Jimmy Giuffre, Jack Montrose, Lennie Niehaus, Pepper Adams, Richie Kamuca, Stan Getz, Zoot Sims, Herb Geller e Teddy Edwards.
TROMPETISTAS
Shorty Rogers, Chet Baker, Conte & Pete Candoli, Jack Sheldon, Joe Gordon, Don Fagerquist, Stu Williamson, Maynard Feguson e Conrad Gosso
TROMBONISTAS
Frank Rosolino, Bob Enevoldsen, Bob Brookmeyer, Bob Burgess, Bob Fitzpatrick, Milt Benhart aparecendo também, em algumas gravações, Stu Williamson e Maynard Ferguson alternando como trombonistas.
CONTRABAIXISTAS
Monty Budwig, Joe Mondragon, Joe Benjamin, Howard Rumsey, Red Mitchel, Leroy Vinnegar, Curtis Counce, Carson Smith, Ray Brown (que apesar de ser da “escola bop”atuou intensamente com os “westcoasters”), Ralph Penna, Buddy Clark e Max Bennet.
PIANISTAS
Andre Previn, Claude Williamson, Sonny Clark, Pete Jolly, Hampton Howes, Russ Freeman, Marty Paich e Carl Perkins.
BATERISTAS
Shelly Manne, Stan Levey, Frank Buttler, Chico Hamilton, Frank Capp, Larry Bunker, Lawrence Marable. Os bateristas Mel Lewis e Max Roach, não eram “ típicamente west coast”, mas atuaram no Lighthouse Group algum tempo.
GUITARRISTAS
Abrimos aqui um parêntese para mencionar que o mais importante guitarrista do estilo foi BARNEY KESSEL, porém cabe citar que os nomes de Howard Roberts, Sal Salvador, Jim Hall e Joe Pass figuram, em poucos casos, como participantes em gravações de líderes do estilo.

II – O QUE SE SEGUIU À DEBACLE DO ESTILO
A – Debandada da juventude
A “Golden Age” dos anos 50 foi se acabando. Com isso, deixou o jazz num isolamento rancoroso. O “rock’n roll”, uma roupagem de brancos derivada do “rithmn & blues dos negros, quase mata o jazz. A juventude, sem a qual nada pode sobreviver, abandonara as “caves du jazz”. Em 1960 o jazz estava nocauteado e, pichações com o título “Bird lives” espalhadas pelos muros, não condizia com a extinção do famoso “Birdland”.
Um retorno a New York em 1963, para quem gostasse de jazz, tornara-se um espanto para quem lá já estivera em 1960. Na Grã-Bretanha, o público jazzístico era constituído de gente de meia idade. Essa era a realidade, da década de 60 e da maior parte da década de 70.  Em 1972, nos Estados Unidos da América do Norte, somente 1,3% dos discos e fitas de gravações vendidas eram de jazz. A música clássica tinha 6,1% e o rock’n roll e assemelhados 75%. Condenando, com isso, o fechamento dos “clubes noturnos de jazz”. Ficou tacitamente convencionado que o jazz era música de adultos, pois a juventude somente queria saber de “rock”.
B – O lado paradoxal
Os músicos de jazz, nascidos depois de 1940, cresceram num período onde o “rock” dominava os guetos. Isso fez parte de uma certa assimilação deles  de que o “rock’n roll” é uma arte de amadores, de gente musicalmente amadora ou formalmente analfabeta. Gente que não tinha a competência técnica de um músico de jazz. Mas o pessoal de jazz, “precisava comer” e, em resultados financeiros o ‘rock’ era um novo fenômeno. Possibilitou um avanço na música eletrônica, pois foi o primeiro gênero musical a usar de forma sistemática instrumentos eletrificados no lugar de acústicos. Assim, os “técnicos de som” passaram a ser imprescindíveis, dado a incompetência dos “artistas de rock” que não poderiam fazer apresentações sem eles.
Ao final dos anos 70 o “rock” chegava a uma exaustão e muito gradualmente o jazz vem se aproximando, novamente, do “spot light”. Mostra claramente um “revival”.
Alguns músicos talentosos fizeram uma fusão do jazz e do rock, batizada como “fusion”. Miles Davis, muda seu idioma para o espanto de seus fãs” e, surge com seu álbum - “Bitches Brew”. McCoy Tyner (pi) junto com John Coltrane (st) surgem neste cenário.
Surge o “Free Jazz” e, segundo alguns, “o free-jazz é o jazz mais negro que há”. Porém, isto classifica músicos como Charlie Haden e Archie Shepp a desenvolverem trabalhos musicais com cunho político, subliminar. Inspirados nas manifestações políticas de 1968 da Convenção Democrática de Chicago ou, homenagens a Malcom-X ou Guevara. Todavia, a curto prazo, essa vanguarda era frustrante,  relativamente a um público negro que não a compreendia.
C – O Porvir
Músicos como Jack de Johnette, Marcus Roberts, Phil Woods e Pat Matheny fizerem seu “dever de casa” nos anos sombrios das décadas de 70 e 80 e, o jazz da década de 90 volta-se para o passado. Em 80 já haviam desaparecido John Coltrane, Albert Ayler e Eric Dolphy e, muito dos novos adeptos eram incapazes de apreciar e fazerem modificações e desenvolvimentos posteriores. Era música de gente que já havia morrido e, proporcionou surgirem músicos que fazem evocar “sons do passado”, como Wynton Marsalis natural de New Orleans vai, à partir dos anos 90, fazer emergir a música de Ellington. Nota-se que o Readers’ Poll de dezembro de 1990, com os”artistas do ano”, coloca lá entre os primeiros: Benny Carter, Sonny Rollins, Dizzy Gillespie e Cecil Taylor. O único artista de segunda geração é o Wynton Marsalis.
Foi um mundo que enquanto Billie Holiday cantava e, foi se destruindo, era impossível não chorar por ela ou, odiar o mundo que a fez ser como foi.

AGRADECIMENTOS:
À Sonia Maria, minha fiel escudeira e paciente companheira pelo apoio dado durante a elaboração destas linhas.
À Professora Lilian Martins Chaudon pela dedicação na tradução de trecho em francês, de obra específica dedicada ao jazz californiano.
Ao Mario Jorge Jacques, pela dedicação à arte do jazz, amizade e trabalho junto conosco, para edição eletrônica no “Blog CJUB”.

Bibliografia

  • “Pessoas Extraordinárias Resistência, Rebelião e Jazz" , Eric Hobsbawm – Editora Paz e Terra
  • “História Social do Jazz”, Eric Hobsbawm – Editora Paz e Terra.
  • “West Coast Jazz”, Alain Tercinet – Editora Parentheses/Epistrophy
  • “California Cool”, William Claxton – Chronicle Books edited by Graham Marsh and Glyn Callingham
  • “West Coast Jazz”, Ted Gioia – University Press UCP Revised Edition
  • Extrato da palestra proferida pelo autor no Clube de Jazz do Museu do Ingá de Niterói - ”Uma Antologia da Música da Califórnia – West Coast Jazz”                     
  • FIM



3 comentários:

Beto Kessel disse...

Muito interessante este passeio pelo WestCoast Jazz

Anônimo disse...

NELSON:

Já foi para os arquivos, completando com esta edição o panorama que você tão bem nos apresentou. Grato pelo trabalho, que nos remeteu a uma época de ouro e que belo legado nos deixou.

PEDRO CARDOSO

Anônimo disse...

Muito boa esta obra sobre a WC, esperamos outras aulas sobre outros estilos.
Carlos Lima