Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

23 junho 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ"
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
14ª Parte
(19)     RANDY  WESTON      -      Vizinhos Como Privilégio       (Resenha longa)

Randolph E. Weston, RANDY WESTON, pianista e compositor norte-americano nasceu no Brooklin, New York, em 06 de abril de 1926, tendo como vizinhos Cecil Payne, Max Roach, Wynton Kelly e Duke Jordan.
Filho de pai nascido panamenho mas de origem jamaicana, teve nele o mentor certo que o fez estudar piano desde cedo com diversos professores, assim como ouvir as gravações de JAZZ (RANDY também praticou aulas de dança) .   Seus primeiros professores de piano dotaram o jovem de sólida base clássica, ao passo que o “Professor Atwell” deu-lhe a capacidade de transitar por diversos estilos.
RANDY diplomou-se na “High School” para jovens no bairro de Bedford-Stuyvesant (popularmente conhecido como “Bed Stuy” e que durante muitas décadas destacou-se como centro cultural).
Escutou discos de “rhythm and blues”, tocou em bandas dessa vertente e trabalhou em restaurante do pai.
RANDY serviu o exército durante a IIª Guerra Mundial, após o que passou a frequentar outro restaurante onde “batiam ponto” diversos músicos importantes, muitos dos quais já na linha do “bebop”.     
Já com mais de 20 anos tocou em diversos grupos:  George Hall, Art Blakey, Frank Culley, de 1949 até 1951 no de Bull Moose Jackson, em 1952 no de Eddie “Cleanhead” Vinson, em 1953 no de Kenny Dorham e no final desse ano com Cecil Payne, até gravar em 1954 seu primeiro álbum (formato de 10”) em duo,  pelo selo “Riverside” e com o contrabaixista Sam Gill, álbum este inteiramente dedicado a Cole Porter (“Cole Porter In A Modern Mood”).
Em 1955 a revista especializada “Down Beat” o indicou como “o novo talento do piano” (“the new star pianista”).
A grande Marian McPartland o descrevia como “um grande pianista e compositor visionário”.      Já a essa altura seu estilo pianístico deixava bem claras as influências  de Duke Ellington e Thelonius Monk, aos quais dedicou gravações – “songbooks” -  em 1989 (ambos pelo selo “VERVE”).   Ainda assim seu estilo, ancorado nessas influências, é bastante pessoal na condução percussiva, rítmica e nas variações modais. 
Na década de 1960, gravando com regularidade e apresentando-se em importantes redutos do JAZZ (“Five Spot” e “Café Bohemia”), RANDY veio a conhecer Melba Liston (Doretta Liston, trombonista e arranjadora nascida no Kansas) com quem ele estudou a tradição  musical africana, o que lhe permitiu compor e gravar em 1960 pelo selo “Roulette” a suíte “Uhuru Africa”;   esta suíte foi arranjada por Melba Liston sobre texto de Langston Hughes;  também dessa mesma época, com as mesmas raízes africanas e ainda com arranjo de Melba RANDY gravou a suíte “Highlife”, gravação que viria a repetir em diversas ocasiões.
No período de 1955 até 1966 RANDY gravou bastante pela gravadora de seu primeiro álbum (Riverside)  mas também por diversas outras:  “Biograph” em 1956, “Jubilee” em 1957, “MetroJazz” em 1958, “United Artists” em 1959, “Roulette” em 1960, “Colpix” em 1963, “Bakton” em 1964 (mais tarde, em 1972, gravação relançada pelo selo “Atlantic”), “Freedom” em 1977, “Trip” no biênio 1964/1965 e em 1966 pela “Verve”.
Em 1967 RANDY, com delegação cultural americana, realizou extensa temporada por toda a África, encerrada à beira do Mediterrâneo em Tanger / Marrocos, local onde ele fixou residência de 1967 até 1972;  ai ele fundou o centro cultural “African Rhythm  Club”, chegando a organizar um festival.     Também em 1972 ele gravou em teclado elétrico seu hino “Azul Moises” para  o selo “CTI”, que tornou-se à época um campeão de vendagem.
Pode-se estabelecer como marco definitivo da maneira de RANDY WESTON tocar o início da década de 1970:  ademais da condução percussiva, rítmica e nas variações modais, perfeito domínio da dinâmica, controle da sonoridade, firmeza nas linhas dos baixos e emprego do piano a serviço do conceito musical voltado progressivamente para as raízes africanas.
Em 1972 RANDY retornou aos U.S.A. mas  a partir de 1974 passou a residir na Europa, basicamente na França.
Em 1981 ele criou em Boston a suíte “Three Africans Queens”, apresentada com a  direção de  John Williams.
Em 1991 gravou 02 CD’s para o selo VERVE de Norman Granz (“The Spirits Of Our Ancestors”), com arranjos de Melba Liston e lançados em 1992, com a participação de Dizzy Gillespie, Pharoah Sanders e músicos africanos, contendo novas versões das suas composições mais conhecidas.  
RANDY seguiu gravando em diversas formações (com os músicos marroquinos  “Gnawa”, em combos, em trios etc).
Entre os temas de sua autoria RANDY desfila clássicos do porte de “Hy-Fly” (gravado no álbum “Gotham City” por Dexter Gordon em formação estelar – Woody Shaw, Cedar Walton, George Benson, Percy Heath e Art Blakey), “Little Niles” (em homenagem a seu filho Niles, conhecido como “Azzedine”), “Berkshire Blues” e “Blue Moses”.
RANDY realizou temporadas na Europa, na Ásia, nas Américas e  no Caribe.   Apresentou-se em 2002 com o baixista James Lewis na inauguração em Alexandria / Egito da “Bibliotheca Alexandrina” e no mesmo ano, a convite do Arcebispo de Canterbury, apresentou-se com músicos  de Gana na “Canterbury Cathedral”.  Foi  o músico líder em apresentação com o baterista ganês Kofi Ghanaba na “Jazz Galery” de New York.
Em 2005 foi a vez do Japão recebe-lo no “Kamigamo Shrime”.
Ao longo de suas atividades RANDY WESTON tem recebido inúmeras homenagens, podendo destacar-se, entre outras, a “Order Of Arts And Letters” na França em 1997, o “Swing Journal  Award” no Japão em 1999, em 2000 o prêmio “Black Star” da “Arts Critics And Reviewers Association” de Gana,  em 2001 e como “Jazz Master” o maior prêmio americano no JAZZ, o “National  Endowment For The Arts” e em 2006 recebeu o título honorário de “Doutor em Música” do “Brooklin College” (da “City University” de New York).
Em outubro de 2009 a obra  de RANDY foi homenageada em concerto “Giants Of Jazz” do qual participaram diversos pianistas:  Barry Harris, Mulgrew Miller, Monty Alexander, Cyrus Chestnut e a grande Geri Allen.
Em 2010 a “Duke University Press” publicou a obra “African Rhythms:  The Autobiography Of Randy Weston”, escrita por RANDY com a colaboração de Willard Jenkins
No ano de 2011 RANDY foi homenageado pelo Rei Mohamed VI do Marrocos, por ter despertado a atenção do Ocidente para a música marroquina.
Em 2012 novamente ele tornou-se “Doutor em Música”, desta feita pelo “Colby College.
Em 2014 RANDY apresentou-se no espaço “Queen Elizabeth Hall” em duo com o saxofonista Billy Harper, dentro do “Festival de Jazz de Londres”.
Somando-se às indicações discográficas citadas anteriormente, RANDY WESTON gravou:
-        Cole Porter In A Modern Mood, selo Riverside, 1954
-        The Randy Weston Trio, idem, 1955
-        Get Happy With The Randy Weston Trio, idem, 1955
-        With These Hands….., idem, 1956
-        Jazz À La Bohemia, idem, 1956,
-        Piano À La Mode, selo Jubilee, 1057
-        New Faces At Newport, selo MetroJazz, 1958
-        Little Niles, selo United Artists, 1959
-        Live At The Five Spot, idem
-        Uhuru Afrika, selo Roulette, 1960
-        Monterey ’66, selo Verve, 1966
-        African Cookbook, selo Polydor, 1969
-        Blue Moses, selo CTI, 1972
-        Blues Of Africa, selo Freedom, 1974
-        African Rhythms, selo Chant du Monde, 1975
-        Portraits Of Duke Ellington, selo Verve, 1989
-        Portraits Of Thelonius Monk, idem, idem
-        The Spirits Of Our Ancestors, idem, 1991
-        Volcano Blues, selo Verve/Gitanes, 1993
-        Earth Birth (com a “Montreal String  Orchestra”), selo Verve, 1997
-        Ancient Future, selo Mutable, 2002
-        Nuit Afreica, selo Enja Records, 2004
-        The Root Of The Blues, selo Sunnyside, 2013.
Prosseguiremos  nos  próximos  dias

Nenhum comentário: