Série “PIANISTAS DE
JAZZ"
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
14ª Parte
(19)
RANDY WESTON
- Vizinhos Como Privilégio (Resenha longa)
Randolph
E. Weston, RANDY WESTON, pianista e
compositor norte-americano nasceu no Brooklin, New York, em 06 de abril de 1926,
tendo como vizinhos Cecil Payne, Max Roach, Wynton Kelly e Duke Jordan.
Filho
de pai nascido panamenho mas de origem jamaicana, teve nele o mentor certo que
o fez estudar piano desde cedo com diversos professores, assim como ouvir as
gravações de JAZZ (RANDY também praticou aulas de dança) . Seus primeiros professores de piano dotaram
o jovem de sólida base clássica, ao passo que o “Professor Atwell” deu-lhe a
capacidade de transitar por diversos estilos.
RANDY
diplomou-se na “High School” para jovens no bairro de Bedford-Stuyvesant
(popularmente conhecido como “Bed Stuy” e que durante muitas décadas
destacou-se como centro cultural).
Escutou
discos de “rhythm and blues”, tocou em bandas dessa vertente e trabalhou em
restaurante do pai.
RANDY
serviu o exército durante a IIª Guerra Mundial, após o que passou a frequentar
outro restaurante onde “batiam ponto” diversos músicos importantes, muitos dos
quais já na linha do “bebop”.
Já
com mais de 20 anos tocou em diversos grupos:
George Hall, Art Blakey, Frank Culley, de 1949 até 1951 no de Bull Moose
Jackson, em 1952 no de Eddie “Cleanhead” Vinson, em 1953 no de Kenny Dorham e
no final desse ano com Cecil Payne, até gravar em 1954 seu primeiro álbum
(formato de 10”) em duo, pelo selo
“Riverside” e com o contrabaixista Sam Gill, álbum este inteiramente dedicado a
Cole Porter (“Cole Porter In A Modern Mood”).
Em
1955 a revista especializada “Down Beat” o indicou como “o novo talento do piano” (“the new star pianista”).
A
grande Marian McPartland o descrevia como “um grande pianista e compositor
visionário”. Já a essa altura seu estilo pianístico
deixava bem claras as influências de
Duke Ellington e Thelonius Monk, aos quais dedicou gravações – “songbooks” - em 1989 (ambos pelo selo “VERVE”). Ainda assim seu estilo, ancorado nessas
influências, é bastante pessoal na condução percussiva, rítmica e nas variações
modais.
Na
década de 1960, gravando com regularidade e apresentando-se em importantes
redutos do JAZZ (“Five Spot” e “Café
Bohemia”), RANDY veio a conhecer
Melba Liston (Doretta Liston, trombonista e arranjadora nascida no Kansas) com
quem ele estudou a tradição musical
africana, o que lhe permitiu compor e gravar em 1960 pelo selo “Roulette” a
suíte “Uhuru Africa”; esta suíte foi
arranjada por Melba Liston sobre texto de Langston Hughes; também dessa mesma época, com as mesmas
raízes africanas e ainda com arranjo de Melba RANDY gravou a suíte “Highlife”, gravação que viria a repetir em
diversas ocasiões.
No
período de 1955 até 1966 RANDY
gravou bastante pela gravadora de seu primeiro álbum (Riverside) mas também por diversas outras: “Biograph” em 1956, “Jubilee” em 1957, “MetroJazz”
em 1958, “United Artists” em 1959, “Roulette” em 1960, “Colpix” em 1963,
“Bakton” em 1964 (mais tarde, em 1972, gravação relançada pelo selo
“Atlantic”), “Freedom” em 1977, “Trip” no biênio 1964/1965 e em 1966 pela
“Verve”.
Em
1967 RANDY, com delegação cultural
americana, realizou extensa temporada por toda a África, encerrada à beira do
Mediterrâneo em Tanger / Marrocos, local onde ele fixou residência de 1967 até
1972; ai ele fundou o centro cultural
“African Rhythm Club”, chegando a
organizar um festival. Também em 1972
ele gravou em teclado elétrico seu hino “Azul Moises” para o selo “CTI”, que tornou-se à época um
campeão de vendagem.
Pode-se
estabelecer como marco definitivo da maneira de RANDY WESTON tocar o início da década de 1970: ademais da condução percussiva, rítmica e nas
variações modais, perfeito domínio da dinâmica, controle da sonoridade, firmeza
nas linhas dos baixos e emprego do piano a serviço do conceito musical voltado
progressivamente para as raízes africanas.
Em
1972 RANDY retornou aos U.S.A.
mas a partir de 1974 passou a residir na
Europa, basicamente na França.
Em
1981 ele criou em Boston a suíte “Three Africans Queens”, apresentada com
a direção de John Williams.
Em
1991 gravou 02 CD’s para o selo VERVE de Norman Granz (“The Spirits Of Our
Ancestors”), com arranjos de Melba Liston e lançados em 1992, com a
participação de Dizzy Gillespie, Pharoah Sanders e músicos africanos, contendo
novas versões das suas composições mais conhecidas.
RANDY
seguiu gravando em diversas formações (com os músicos marroquinos “Gnawa”, em combos, em trios etc).
Entre
os temas de sua autoria RANDY
desfila clássicos do porte de “Hy-Fly” (gravado no álbum “Gotham City” por
Dexter Gordon em formação estelar – Woody Shaw, Cedar Walton, George Benson,
Percy Heath e Art Blakey), “Little Niles” (em homenagem a seu filho Niles,
conhecido como “Azzedine”), “Berkshire Blues” e “Blue Moses”.
RANDY
realizou temporadas na Europa, na Ásia, nas Américas e no Caribe.
Apresentou-se em 2002 com o baixista James Lewis na inauguração em
Alexandria / Egito da “Bibliotheca Alexandrina” e no mesmo ano, a convite do
Arcebispo de Canterbury, apresentou-se com músicos de Gana na “Canterbury Cathedral”. Foi o
músico líder em apresentação com o baterista ganês Kofi Ghanaba na “Jazz
Galery” de New York.
Em
2005 foi a vez do Japão recebe-lo no “Kamigamo Shrime”.
Ao
longo de suas atividades RANDY WESTON
tem recebido inúmeras homenagens, podendo destacar-se, entre outras, a “Order Of
Arts And Letters” na França em 1997, o “Swing Journal Award” no Japão em 1999, em 2000 o prêmio
“Black Star” da “Arts Critics And Reviewers Association” de Gana, em 2001 e como “Jazz Master” o maior prêmio
americano no JAZZ, o “National Endowment
For The Arts” e em 2006 recebeu o título honorário de “Doutor em Música” do
“Brooklin College” (da “City University” de New York).
Em
outubro de 2009 a obra de RANDY foi homenageada em concerto
“Giants Of Jazz” do qual participaram diversos pianistas: Barry Harris, Mulgrew Miller, Monty
Alexander, Cyrus Chestnut e a grande Geri Allen.
Em
2010 a “Duke University Press” publicou a obra “African Rhythms: The Autobiography Of Randy Weston”, escrita
por RANDY com a colaboração de
Willard Jenkins
No
ano de 2011 RANDY foi homenageado
pelo Rei Mohamed VI do Marrocos, por ter despertado a atenção do Ocidente para
a música marroquina.
Em
2012 novamente ele tornou-se “Doutor em Música”, desta feita pelo “Colby
College.
Em
2014 RANDY apresentou-se no espaço
“Queen Elizabeth Hall” em duo com o saxofonista Billy Harper, dentro do
“Festival de Jazz de Londres”.
Somando-se
às indicações discográficas citadas anteriormente, RANDY WESTON gravou:
- Cole Porter In A Modern Mood, selo Riverside, 1954
- The Randy Weston Trio, idem, 1955
- Get Happy With The Randy Weston Trio, idem, 1955
- With These Hands….., idem, 1956
- Jazz À La Bohemia, idem, 1956,
- Piano À La Mode, selo Jubilee, 1057
- New Faces At Newport, selo MetroJazz, 1958
- Little Niles, selo United Artists, 1959
- Live At The Five Spot, idem
- Uhuru Afrika, selo Roulette, 1960
- Monterey ’66, selo Verve, 1966
- African Cookbook, selo Polydor, 1969
- Blue Moses, selo CTI, 1972
- Blues Of Africa, selo Freedom, 1974
- African Rhythms, selo Chant du Monde, 1975
- Portraits Of Duke Ellington, selo Verve, 1989
- Portraits Of Thelonius Monk, idem, idem
- The Spirits Of Our Ancestors, idem, 1991
- Volcano Blues, selo Verve/Gitanes, 1993
- Earth Birth (com a “Montreal String Orchestra”), selo Verve, 1997
- Ancient Future, selo Mutable, 2002
- Nuit Afreica, selo Enja Records, 2004
- The Root Of The Blues, selo Sunnyside, 2013.
Prosseguiremos
nos próximos dias
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