Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNAS ATRASADAS DO MESTRE LOC

08 maio 2015

Steve Turre: 'Spiritman'

Por Luiz Orlando Carneiro, em 25/04/15


"Steve Turre, 66 anos, e Wycliffe Gordon, 47, são considerados pela crítica especializada os mais técnicos e criativos trombonistas pós-bop, no mesmo nível de excelência de mestres J.J. Johnson, Kai Winding e Frank Rosolino, que iluminaram o planeta Jazz nas décadas de 50, 60 e 70.

Mas o primeiro mentor de Steve Turre não foi um trombonista. Quando ele tinha menos de 20 anos, e já tocava razoavelmente bem o trombone de vara, ficou fascinado com a arte fora de série do saxofonista cego Rahsaan Roland Kirk (1936-77) que, como escreveu Joachim Ernst Berendt, “tinha todos os atributos de um selvagem e inculto músico de rua aliados à sutileza de um jazzman moderno”.

Em maio de 2004, o então já famoso trombonista homenageou o seu ídolo no CD The spirits up above (HighNote), à frente de um sexteto de luxo integrado pelos saxofonistas James Carter (tenor) e Vincent Herring (alto), recriando oito originais de Kirk. Antes disso, em 1999, Turre gravou o álbum In the spur of the moment (Telarc) – um best seller dividido em três partes (“The blues in jazz”, “Modern and modal” e “Afro-Cuban sounds”), com três estrelas do piano em cada um dos estilos: Ray Charles, Stephen Scott e Chucho Valdés, respectivamente.

Steve Turre reaparece agora em Spiritman (Smoke Sessions), disco gravado em junho do ano passado, com uma seleção de 10 faixas em que interpreta – no comando de um quinteto – cinco composições de sua lavra, mais Peace (7m50), de Horace Silver, e quatro standards: Lover man (6m25), de Ram Ramirez; 'S wonderful (5m30), dos irmãos Gershwin; With a song in my heart (6m15), de Hart e Rogers; It's too late now (9m25), uma balada bem lenta de J. Fred Coots, autor da muito mais conhecida You go to my head.

As peças assinadas pelo trombonista são: BU (6m35), tributo ao lendário baterista Art Blakey, que adotava o sobrenome muçulmano de Buhaina (“Bu” para os íntimos); Funky thing (7m50), que é exatamente isto; Nanga def (5m45), que significa “como vai você?” em senegalês, e é africanizada pelas congas de Chembo Corniel; Spiritman/All blues (9m05), uma incrível reinvenção do All blues de Miles Davis, com Turre trocando o trombone por búzios (conch shells) – “instrumentos” que ele “toca” como ninguém, principalmente quando os sopra sobre as cordas do piano, com o som amplificado pelo pedal.

Ou seja, um cardápio bem variado, incluindo baladas, temas bluesy, funky e hardbop.

Os sidemen de Steve Turre são o sax alto Bruce Williams (sax soprano em BU e na faixa-título), o professor Xavier Davis(Juilliard, Michigan State University) ao piano, Gerald Cannon (baixo) e Willie Jones III (bateria).

Mike Jacobs, da NPR (National Public Radio), anotou, com propriedade, no seu comentário sobre o CD Spiritman: “Todos os músicos estão em ótima forma no disco. Eles seduzem o ouvinte, e transmitem a sensação de que se está no último set de uma noite num clube de Nova York, testemunhando um tipo de química muito especial”.


(Dois minutos de duas faixas de Spiritman podem ser ouvidos em http://steveturre.com/recordings/spiritman/) "


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Três vezes três Antonio Sanchez

por Luiz Orlando Carneiro, em 02/05/15


"O baterista-compositor Antonio Sanchez nasceu há 43 anos no México, e radicou-se em Nova York em 1999, depois de completar sua formação musical em Boston, no Berklee College e no New England Conservatory. Ele mereceu especial destaque na mídia, no início deste ano, por ter assinado e interpretado a trilha sonora de Birdman, de Alejandro Gonzalez Iñarritu, filme que arrebatou quatro estatuetas na premiação  do Oscar: melhor filme, direção, roteiro original e fotografia.

No palco do jazz, Sanchez é considerado, já há algum tempo, um dos melhores na sua especialidade. É o baterista preferido do guitarrista Pat Metheny, com o qual gravou quatro celebrados CDs editados entre 2008 e 2014 pelo selo Nonesuch: Day Trip, Tokyo Day Trip, Unity Band e Unity Group/Kin.

Como líder, tem no seu currículo dois álbuns - ambos editados pelo selo italiano CAM Jazz - que o credenciam também como relevante compositor: Migration (2007), com os saxofonistas tenores Chris Potter e David Sanchez, mais os ilustres convidados Metheny (duas faixas) e Chick Corea (uma faixa); New life (2012), no qual assina as oito peças do disco, em quinteto com David Binney (sax alto) e Donny McCaslin (sax tenor).

A mais recente peripécia de Antonio Sanchez registrada em estúdio, também pela CAM Jazz, no ano passado, é o excelente CD duplo Three times three.

Três vezes três, no caso, significa não só que a coleção tem um total de nove faixas. Mas também que se trata de três trios integrados pelos seguintes craques: o pianista Brad Mehldau; o guitarrista John Scofield; o saxofonista Joe Lovano; os contrabaixistas (acústicos e/ou elétricos) Christian McBride, John Patitucci e Matt Brewer.

Baterista ouvido em 'Birdman' lança CDs em trios com Mehldau, Lovano e Scofield
Baterista ouvido em 'Birdman' lança CDs em trios com Mehldau, Lovano e Scofield
O primeiro CD apresenta o trio com o incomparável Mehldau e Brewer (baixo acústico), em originais do líder Sanchez, desenvolvidos em longas improvisações, ricas em troca de ideias e confabulações: Nar-this (12m30), tema inspirado emNardis, de Miles Davis; Constellations (13m50), com tratamento extrovertido, às vezes rockish; a balada Big dream (8m10).

No segundo volume, a atmosfera é bem diferente, sujeita a “descargas” elétricas da guitarra de Scofield e do baixo plugado de McBride, principalmente em Nook and crannies (8m45). Nas duas outras peças deste trio, o clima é bem mais ameno em Fall (8m30), tema de Wayne Shorter, e harmonicamente bop em Rooney and Vinski (6m20), com McBride no baixo acústico.

Nas últimas três peças do segundo CD, o líder Sanchez, o magistral saxofonista tenor Joe Lovano e o contrabaixista John Patitucci formam um trio que os franceses chamariam de sans pareil. Eles interpretam mais duas composições do baterista – a turbulenta Leviathan (8m55), que decola depois de uma lenta abertura, e a envolvente Firenze (8m30), em moderato cantabile – e concluem o programa com uma dissecação temática de I mean you (7m50), de Thelonious Monk.

Antonio Sanchez assim explica a sua concepção de trio e do álbum duplo Three times three:

“Para mim, o trio é o veículo ideal no jazz. Tem tudo o que você precisa para fazer a música soar forte, viçosa e cheia, e também para soar de modo esparso, minimalista e aberto. Toquei durante anos numa penca de grandes trios que me inspiraram a escrever para todas essas três configurações diferentes. Além disso, compor especificamente para vozes individuais tão fortes foi um desafio muito interessante e divertido”. 

(Samples das nove faixas deste CD duplo podem ser ouvidos em

http://rippletunes.com/album/Antonio-Sanchez/Three-Times-Three/918042524/t0) "

2 comentários:

APÓSTOLO disse...

MESTRE LOC sempre na frente, sempre presente com as boas novas.

Anônimo disse...

À propósito, alguém tem notícias recentes do Stephen Scott, além das que Mestre LOC nos trouxe? Abs, Mau Nah