Série “PIANISTAS DE
JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas”
10ª Parte
(13)
PETE
JOLLY - Lírico ou incisivo, sempre ele (Resenha longa)
Uma
resenha para o “jovem cjubiano” CARLOS
AUGUSTO TIBAU.
O
grande pianista e acordeonista PETE JOLLY, nasceu Peter A. Ceragioli em
05 de junho de 1932 em New Haven / Connecticut, vindo a falecer aos 68 anos no
dia 06 de novembro de 2004 em Pasadena / Califórnia, por complicações
decorrentes de mieloma múltiplo.
O pai
de PETE JOLLY foi acordeonista e professor de acordeão e desde cedo
apresentou o filho (com 03 anos) ao instrumento, cuja técnica foi rapidamente
absorvida pela criança.
A
partir dos 07 anos o menino é companhia semanal do pai nas idas a New York para
aprimorar-se com o professor Joe Biviano.
Com
08 anos ele se apresenta no programa radiofônico da CBS, “Hobby Lobby”, como "The Boy Wonder Accordionist”. Na ocasião o apresentador erra seu nome e ao
invés de Ceragioli o apresenta como “Pete Jolly”; PETE
gostou da sonoridade do nome e adotou-o a partir de então.
Com
09 anos PETE JOLLY iniciou o aprendizado no piano.
Quando
PETE contava 13 anos sua família mudou-se para Phoenix / Arizona, então
um verdadeiro celeiro de músicos de JAZZ.
Ainda
cursando o colegial PETE integrou a
banda da escola, liderou trio em
clube de Phoenix, o “Jazz Mill”, além de
tocar com grupos locais e participar de turnê com Chet Baker e Benny
Carter: ai pode-se afirmar que o jovem já estava mais que
graduado.
Desde cedo PETE
foi membro do sindicado dos músicos.
Nessa
cidade ele conheceu o guitarrista Howard Roberts (vide aqui no “CJUB” o número
15 da série “Guitarristas”), que o convenceu a mudar-se para Los Angeles, o que
ocorreu em 1954.
Los
Angeles foi um paraiso para PETE JOLLY, já que havia falta de bons
pianistas e o recém-chegado era dotado de habilidades técnicas
excepcionais, sólido ritmo e ótima formação técnica: tudo o que era necessário para completar um
combo e/ou acompanhar músicos em diversas formações, o que ficou comprovado nos
10 anos seguintes em que ele atuou e gravou com a maioria dos talentos que estavam baseados ou
transitaram por Los Angeles:
tudo o que era necessário para
completar um combo e/ou acompanhar músicos em diversas formações, o que ficou comprovado
nos 10 anos seguintes em que ele atuou e gravou com a maioria dos talentos que estavam baseados ou
transitaram por Los Angeles: Gerry Mulligan, Red Norvo, Mel Torme, Terry Gibs, Art
Pepper, Red Norvo, Buddy DeFranco, Marty Paich, Anita O’Day........ufa ! ! !
Em
Los Angeles PETE tocou com Georgie Auld e de 1954 (com 22 anos ! ! !)
até 1956 ele faz parte dos “Giants” de Shorty Rogers. Tocou e gravou com ele, com Cy Touff, com
Lennie Tristano e como líder.
Em 1955 PETE gravou seu primeiro álbum-solo, “Jolly Jumps In” (selo RCA).
Nas próximas 04 décadas ele gravou mais cerca de 20 álbuns, nunca mais de 02
para a mesma etiqueta.
Em
1956 chegou a integrar o quarteto de Buddy DeFranco, gravou com Art Pepper e
lançou seu trio, do qual participou o grande contrabaixista Ralph Peña (Raymond
Peña).
Nesse
mesmo ano é músico na trilha sonora do longa
metragem “The Wild Party” (direção de Harry Horner, tendo a trilha
sonora sido gravada nos “Goldwyn Studios” em 11 de abril de 1956 com PETE
JOLLY executando o piano em “playback” do ator Nehemiah Persoff).
Em
1957 PETE JOLLY entrou para a formação de Terry Gibbs além de participar
de diversas apresentações dirigidas por Buddy Collette, por Gus Mancuso, por
Howard Roberts, por Jack Sheldon e pelo
arranjador Howard Lucraft.
Em
1958 novamente PETE integrou a trilha sonora de um longa metragem, nessa ocasião para o espetacular clássico “I
Want To Live”, dirigido por Robert Wise e Oscar de Melhor Atriz para a grande
Susan Hayward.
Em
1959 PETE esteve presente na trilha sonora de mais um longa metragem: “Tarzan
The Ape Man” dirigido por Joseph Newman.
Com
apenas 26 anos PETE JOLLY já então era uma “certeza” na Costa Oeste e
passou a viver pelas décadas seguintes uma, podemos dizer, “vida dupla”: durante os dias era músico para os estúdios
de gravação, para o cinema e a televisão, mas a noite prosseguiu como músico de
JAZZ nos clubes de “LA” em trio e com a mesma formação até dias
antes de ser hospitalizado em 2004: ele ao
piano, Chuck
Berghofer no contrabaixo e Nick Martinis
na bateria.
Em
1963 sua composição “Little Bird” (sucesso de Fred Astaire para o selo “AVA”)
foi indicada para o “Grammy Awart”.
Em
1964 ele lançou o “Pete Jolly Trio”, com o qual seguiu atuando nos clubes de
“LA” e gravando como titular, assim como também gravou ao lado de Gerry
Mulligan e de Shorty Rogers, sendo que nas gravações deste último permaneceu
como pianista titular.
Em
1965 PETE e seu trio inauguraram em Los Angeles o “Donte’s”, onde
viriam a gravar em 1969 pelo selo VSOP o
álbum “TIMELESS” (com Nick Cerolli na bateria substituindo ocasionalmente Nick
Martinis). A partir da década de 1990 o
“Donte’s” foi o palco semanal das apresentações do trio.
Na
década de 1970 o JAZZ da Costa Oeste foi pouco gravado, mas na década seguinte
o interesse dos japoneses impulsionam um “boom” que arrastam consigo os
“Giants” e, por via de consequência, PETE JOLLY. Em julho de 1985 ele participa com os
“Giants” da “Grande Parada de Jazz” em Nice.
PETE
viveu em Los Angeles nesse trabalho para estúdios sempre muito bem remunerado
mas, de certa forma, quase anônimo.
Nos estúdios (cinema, televisão, gravações) era o pianista preferido por
músicos do nível de Neal Hefti, Don Costa, Herb Alpert (na gravadora deste como
líder e como “sideman”), Tijuana Brass e, em todas as gravações a partir do
início da década de 1960, de Ray Conniff.
Além
dos filmes já indicados anteriormente PETE JOLLY assinou presença em “Willie
Dynamite”, 1973, direção de Gilbert Moses, trilha sonora por J.J.Johnson, em “A Conversação”, 1974, direção
de Francis Ford Copolla e estrelado por Gene Hackman, em “Heart Beat”, 1979, direção de John Byrum e trilha sonora por Alan
Broadbent (vide nesta série a “Resenha 01”) e no já clássico “Bird”, 1998, Clint Eastwwod,
trilha sonora de Lennie Niehaus.
Também
atuou nas trilhas sonoras das séries de televisão “Get Smart” (1965 a 1970, 138 episódios),
“O Barco do Amor”, “I Spy” (1965 a 1968, 82 episódios), “Mannix”, “M*A*S*H*” e
“Dallas”.
A
temporada final de PETE JOLLY com seu trio permanente ocorreu em Reno /
Nevada e, segundo o pianista, a melhor de sua vida. Lembra-se que o trio atuou junto por mais
de 40 anos, ainda que cada um dos três tenha realizado diversos trabalhos paralelamente. A derradeira gravação de PETE JOLLY
ocorreu em Phoenix em 2004: “It's a Dry Heat”, com o
saxofonista Jerry Donato.
PETE JOLLY não recebeu, a nosso critério, todo o reconhecimento
por sua arte. Ele tinha a capacidade e a
habilidade (e a demonstrou em algumas ocasiões) de ser tão rápido e rebuscado
no fraseado quanto, digamos, Oscar Peterson;
mas manteve seu estilo leve e fluente e, no âmbito de seu trio em que tanto
Chuck Berghofer no contrabaixo quanto Nick Martinis na
bateria jamais foram “exibidores”, mantendo a coesão do trio.
Entre as muitas
dezenas de álbuns gravados por PETE JOLLY e além dos já assinalados anteriormente,
indicamos como representativos de seu pianismo, tanto em solo, quanto em
formações de trio e grupos maiores os listados a seguir:
- Duo,
Trio, Quartet - RCA
- When
Lights Are Low - RCA
-
Impossible - MetroJazz Records
-
Continental Jazz - Stereo Fidelity
- Pete
Jolly Gasses Everybody - Charlie Parker
Essa
gravação, de 1963, nos traz PETE JOLLY ao acordeão, Buddy Collette nos
sopros (flauta, clarinete, clarinete-baixo) e responsável pelos arranjos, Jim
Hall na guitarra, Red Callender no contrabaixo, Gerald Wiggins no piano e órgão
e Louis Bellson à bateria. Foi
editada em CD e incluída no estojo com 30 CD’s “Charlie Parker Records, The
Complete Collection”.
-
Little Bird - AVA
-
Sweet September - AVA
- 5
O’Clock Shadows - MGM
- Too Much,
Baby -
Columbia
- Herb Alpert
Presents Pete Jolly -
A&M
- Give a Dann
- A&M
- Seasons - A&M
- Strike Up The
Band -
Atlas Records
- Pete Jolly Trio & Friends -
VSOP
- Live In
L.A.: Red Chimmey And
Sherry’s Bar - VSOP
- Yours
Truly - Bainbridge Records
- Gems -
Holt Recordings
- Yeah ! -
VSOP
- Timeless -
VSOP
- Collaboration
With Jan Lundgren - Fresh Sounds
- It’s A Dry Heat
With Jerry Donato - jerrydonato.com
Prosseguiremos
nos próximos dias
Um comentário:
Amigo e Confrade "Apóstolo" Pedro,
Pete Jolly e Oscar Peterson foram o "ases" do piano dentro do jazz moderno. Sua resenha aqui está ótima. Há um video de quatro pianistas, que assisti com Mestre Lulla há alguns bons anos passados, em que eles "dialogam" juntos com o Collaway e mais um outro, que não me lembro no momento, que é simplesmente "uma obra pianistica de jazz".
P.Jolly,juntamente com Russ Freeman e H.Howes foram "o piano" do jazz, no estilo "west coast".
Obrigado pelo seu trabalho em mais uma excelente resenha do piano de jazz.
Abçs.
"Nels"
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