Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

16 março 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
5ª Parte

(05)      GERRY  WIGGINS    -   Clássico, Popular ou JAZZ ?     (Resenha curta)
O pianista americano Gerald Foster “Gerry” Wiggins nasceu em New York no dia 12 de maio de 1922.
Cursou inicialmente música clássica na “Martin Smith Musical School” e   posteriormente na “High School Of Music & Art”.
Jovem ainda passou a apreciar todos os músicos de JAZZ da década de 1930.
Iniciou-se profissionalmente muito jovem, atuando com Stepin Fetchit por 01 ano, com Les Hite por 06 meses e com apenas 16 anos teve sua primeira experiência profissional importante, trabalhando durante 01 ano com Louis Armstrong (!!!...).
Em seguida trabalhou com Benny Carter, com o qual realizou temporada pelo Leste americano, até que com 22 anos e em 1944 foi incorporado às Forças Armadas.
Durante o serviço militar em Fort Lewis atuou com a banda militar local,  até 1946.
Após desligar-se retornou ao grupo de Benny Carter, com o qual realizou inúmeras temporadas.
Acompanhou a cantora Lena Horne (os mais belos dentes do cinema) de 1950 a1951 em temporada pela Europa.
Foi durante essa temporada com Lena Horne que Wiggins realizou suas primeiras gravações em trio, para o selo “Vogue”.
Ao regressar Wiggins fixou-se em Los Angeles, onde montou seu trio ao lado de Joe Comfort e de Bill Douglas, para apresentações em clubes noturnos, ao mesmo tempo em que gravava com Francis Faye, Ella Mae Morse e Lex Baster em diverso estúdios da “cidade dos anjos”.
A partir de 1956 e até 1958 Wiggins trabalhou com Spike Jones e com Helen Grayco, ao mesmo tempo em que tocou para Kay Starr.
É dessa época e em 1959 sua participação em filmes, destacando-se “Les Girls” com a linda Mitzy Gaynor ao lado de Gene Kelly e “Quanto Mais Quente Melhor” (“Some Like It Hot”, grande sucesso com Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon, direção de Billy Wilder).
Nesse ano de 1959 foi contratado por Harry Janes, para posteriormente passar a trabalhar como “freelance” para estúdios de gravação e cinematográficos.
Após essa atividade Wiggins atuou em Las Vegas com Teddy Edwards, Com Dinah Washington, com Leroy Vinnegar, além de com Eartha Kitt e com Helen Humes, simultaneamente com suas participações em festivais (destacando o de Nice no final dos anos 70 do século passado) e em concertos.
Wiggins é pai de Gerald Jr. (“J.J.”), nascido em 15 de abril de 1956, trombonista e contrabaixista.
Gerald Wiggins é pianista extremamente versátil, de toque sutil e, com certeza, remetendo-nos a Nat “King” Cole” e de certa forma a Errol Garner, atuando no JAZZ e na música mais comercial sem nenhum problema de adaptação, talvez até por sua formação clássica e seu ecletismo de parceiros (imagine-se o que é tocar com Spike Jones e com os “Supremes”);  se esse caleidoscópio de atuações pode por um lado garantir-lhe presença em cenários distintos, por outra parte e com certeza não lhe granjeou ao longo do tempo claro sucesso para o público jazzístico.
Wiggins gravou com Rusty Bryant, Paul Horn, Nat “King” Cole, Kay Starr, Joe Morello, Lou Rawls, Ernie Andrews, Harry “Sweet” Edison e Sam Fletcher, entre outros, o que mostra um panorama bem abrangente.  
Entre suas gravações com certo destaque apontamos (01) “Wiggin’ With Wig” de 1950, (02) “Wiggin’ Out” de 1960 (em órgão com Harold Land),  (03) “Relax And Enjoy It” de 1961 e (04) “A Beatiful Friendship” de 1977.
 
 
(06)      JIMMY ROWLES   -   Rica história,  belo legado       (Resenha longa)
James George Rowles, JIMMY ROWLES, pianista, cantor, compositor e, por “hobby’, caricaturista norte-americano (como será relatado mais adiante e em função de episódio quando de sua estada no Brasil), nasceu em 19 de agosto de 1918 na cidade de Spokane, estado de Washington situado no extremo noroeste norte-americano (cuja capital é a cidade de Olympia e que conta com mais 114 outras cidades, ai incluídas as de Arlington, Kirkland, Seatttle, Vancouver, Tacoma, Aberdeen, Langley e outras).  Não confundir o estado de Washington com a cidade de Washington ou Distrito de Columbia, capital dos U.S.A., estas Washington e Columbia co-existentes e com governo municipal único, cuja construção foi iniciada em 1792 e inaugurada em 1800, originalmente formada por terras cedidas pelos estados de Maryland e de Virginia.
ROWLES veio a falecer em vias de completar 78 anos no dia 28 de maio de 1996, em conseqüência de acidente cardiovascular, na cidade de Burbank, estado da California,.
Inicialmente e por conta própria dedicou-se ao canto, mas logo passou ao piano com professores particulares;  tocou em bandas de Seattle enquanto era estudante na  “University of Washington”. 
Em 1940 mudou-se com a família para Los Angeles e com a idade de 22 anos realizou temporadas com orquestras de baile (Garwood Wam e Mouse Marsalino),  para logo em seguida conseguir suficiente projeção para atuar em formação liderada por Lester Young e com ninguém menos que Ben Webster e Tony Bennett, este em  estúdio de gravação, seguindo-se seu trabalho como acompanhante de Slim Gaillard e da “Lady Day”, Billie Holiday, isso já em 1941. No ano seguinte tocou por 05 meses com Benny Goodman e no biênio 1942/1943 atuou na formação de Woody Herman, sendo em seguida convocado para o serviço militar e retornando a trabalhar com Herman no biênio 1946/1947, logo após seu desligamento do exército.
Se esses alinhamentos com “estrelas” e em diferentes estilos não foi toda uma formação superior, onde mais ROWLES poderia ter estudado ? ? ?
Desligando-se da formação de Woody Herman ROWLES trabalhou sucessivamente com Les Brown, com a banda de Tommy Dorsey, em 1947 com Butch Stone e na formação de Benny Goodman e com Bob Crosby em seus programas radiofônicos (“Fitch Bandwagon” e transmitidos desde o “Club 15” com Crosby como “Mestre de Cerimônias”) de 1947 até 1951.
Lembramos que na formação de Bob Crosby, que tinha como prefixo “Summertime”  atuaram, entre outros e ao longo do tempo, Matty Matlock, Ray Bauduc, Bob Haggart, Billy Butterfield, Jess Stacy e Mugsy Spanier, tendo como arranjadores Paul Weston, Henry Mancini e Ray Conniff, além de vocalistas do porte de Doris Day e Anita O’Day.
Após essa larga contribuição para Crosby e seus “Bob Cats” ROWLES mudou-se para a Califórnia e passou a trabalhar como “freelance”.
Em 05 de novembro de 1952 ROWLES atua em apresentação na “University Of Oregon” ao lado de grupo formado por Charlie Parker, Chet Baker, Carson Smith e Shelly Manne, atuação que foi gravada e eternizada no estojo “BIRD”, CD número 17, com 03 temas:  “Ornithology”, “Barbados” e “Cool Blues”, este último em longa versão com 5’33”.
ROWLES teve uma filha, Stacy Rowles, executante de flugehorn (11 de setembro de 1954 a 30 de outubro de 2009). 
Teve a oportunidade de acompanhar músicos da estatura de Stan Getz, Benny Carter, Zoot Sims e muitas cantoras, entre as quais Carmen McRae, Julie London, Peggy Lee, novamente com Billie Holiday e a “Divina” Sarah Vaughan, além de atuar em trio e liderando diversas formações.
Em 1956 e 1957 ROWLES gravou para o selo “VERVE” acompanhando Billie Holiday em 02 albuns excelentes,  “Stormy Blues”  e  “Body And Soul”, este com um time de primeira grandeza:  Harry “Sweet” Edison (trumpete), Ben Webster (sax.tenor), Barney Kessell (guitarra), Red Mitchell (baixo) e Alvin Stoller e Larry Bunker à bateria, em conjunto com ROWLES nos proporcionam a beleza de “Body And Soul”, “They Can’t Take That Away From Me”, “Darn That Dream”, “Embraceable You” e outras pérolas.
ROWLES acompanhou também a grande Ella Fitzgerald (Ella Jane Fitzgerald,  Newport News, 25 de abril de 1917 a Beverly Hills, 15 de junho de 1996, a “First Lady of Song”), com “estréia” no “Mocambo” de Hollywood no final de 1956, assim como participou de gravações dela nesse final de ano.  Essa colaboração com Ella foi repetida anos depois, conforme relatado mais adiante.
ROWLES trabalhou para diversos estúdios cinematográficos, podendo citar-se RKO, 20th Centuty Fox e Universal, assim como para a televisão durante os anos de 1960 (rede “NBC”).      Foi pianista para atrizes que praticavam o canto, entre elas e destacadamente Marilyn Monroe.
ROWLES participou do “Newport Jazz Festival” de 1973, após o que mudou-se para New York, passando a liderar formações com músicos de ponta, a realizar inúmeras gravações e a atuar em eventos dos mais importantes, como no “Festival de Monterey” e na “Grande Parada de Nice” em 1978.
No excelente livro “The Great Jazz Pianists” (Len Lyons, 1ª edição em 1983, 320 páginas, talvez um dos melhores já escritos na área do JAZZ), após uma primeira parte com belo resumo sobre a história do “piano no JAZZ”, o Autor transcreve as entrevistas que manteve com 27 dos grandes pianistas de JAZZ, entre eles JIMMI ROWLES  -  páginas de 151 até 157  -  entrevista realizada em 1977 por ocasião de gravação de ROWLES com Ray Brown na “Concord Jazz”:  técnica, prática, influências, carreira, enfim, um belo panorama do músico, que vale a pena conhecer em detalhes.
Mestre LULA, Luiz Carlos Antunes, produtor e apresentador do programa radiofônico “O Assunto É Jazz” (Rádio Fluminense-FM, Niterói / RJ, iniciado em 06 de dezembro de 1958 e encerrado em 27 de setembro de 1995, contabilizando a incrível soma de 2.457 programas),  publicava aqui no “CJUB” de tempos em tempos suas “Histórias do Jazz”, em que relatava momentos que viveu ou dos quais foi testemunha ou citação, como no artigo do “Jornal do Brasil” de 20 de setembro de 1978 da autoria do jornalista José Nêumane Pinto, que relatou com fidelidade o ocorrido numa tarde feliz em pleno bar do Hotel Eldorado/Higienópolis, São Paulo.   Eis o texto:
“Art Tatum é uma nuvem, cujas mãos habilíssimas baixam ao teclado e executam obras inesquecíveis. George Shearing toca de costas para o piano especialmente construído para ele. Oscar Peterson devora o instrumento com garfo e faca.  E Erroll Garner é uma coleção de enciclopédias musicais de vários países do mundo, com mãos ágeis e sensíveis.  Assim, um grande pianista da historia do Jazz vê quatro de seus companheiros e os define entre os maiores de todos.   A definição é feita mais nos traços de um desenho simples e direto do que mesmo por palavras, mas JIMMY ROWLES, o homem que emocionou o público do Palácio das Convenções do Anhembi em São Paulo, semana passada, fazendo Debussy baixar em pleno I Festival Internacional de Jazz com seu solo de “The Peacocks”, também fala (aqui abrimos parênteses na narração de Mestre LULA, para lembrar que “The Peacocks”, essa composição famosa de ROWLES, foi incluída no longa metragem de 1986 “Round Midnight”, que valeu o “Oscar” de trilha sonora para Herbie Hancock).    Rosado, cabelos alvos, inquieto, o velho passeia nervosamente pelo bar do Hotel Eldorado Higienópolis quando nota o chamado de uma mesa.   Luiz Carlos Antunes,  expert em JAZZ no Rio de Janeiro, vê que ele quer companhia e, mesmo não falando bem inglês, o convida a se sentar.   Insone por excesso de cansaço durante as 48 horas anteriores em que permanecia no Brasil, uma das sete grandes atrações do Jazz At The Philarmonic - JATP - de Norman Granz, senta-se sem se fazer de rogado e beberica meia cerveja, enquanto se embala de recordações.  O trombonista Frank Rosolino senta-se ao seu lado.   O assunto da mesa é o piano na história do JAZZ.   Quem conta a história é JIMMY ROWLES, verbete da famosa Enciclopédia do Jazz de Leonard Feather, conhecido como o músico preferido pelos músicos, cujo álbum “The Peacocks”, com Stan Getz e a família Hendricks (Jon, Judy e Michelle) está sendo lançado no Brasil, agora, pela CBS.   O primeiro tema é o cego George Shearing, que, como disse o já citado Leonard Feather, bebeu água da fonte de Lennie Tristano, pianista que tinha seu próprio som caracterizado pelo uníssono de guitarra, vibrafone e piano e foi influenciado pelo homem dos acordes em bloco, Milt Buckner.   Para ROWLES, Shearing é o maior de todos os pianistas solo. Comenta isso, entre um gole de cerveja e um golpe rápido de caneta hidrográfica preta no papel branco que LULA lhe estende.  Luiz Carlos Antunes comenta que agora Shearing não quer mais saber de JAZZ e só grava comercialmente, com cordas e tudo.  ROWLES desenha o cego de costas para o piano e escreve a marca do instrumento:  para o cego, limitada.  O desenho quer dizer que Shearing não é cego em música, disse LULA.   E não para de desenhar quando o apresentador do programa de JAZZ da Rádio Difusora Fluminense do Rio fala em Art Tatum, o pianista que ele mais admira e admira tanto que fez questão de que isso constasse do verbete escrito sobre ele por Feather - Art Tatum é o gigante do piano. Ninguém sabe ou soube mais do que ele em termos de instrumento, enquanto desenha a nuvem com as mãos.   A mesa começa a ter mais participantes e Luiz Carlos Antunes se vê obrigado a explicar que Art Tatum era um músico vaidoso, que ele desafiava outros solistas com sua extraordinária habilidade técnica.  Ele chegava a tocar duas horas o mesmo tema em todos os tons maiores e menores da música  -  comenta LULA, que ainda explica: Tatum foi um dos reis do swing, um elo perfeito entre o stride piano de Earl Hines, entre outros da fase pioneira, e a linha mais moderna de um Bud Powell, por exemplo.  Erroll Garner é um dos pianistas preferidos de LULA e, por isso, seu nome surge na conversa, então já na descontração total.   Mais um papel é arrancado da pasta “O Assunto É Jazz”; mais um desenho brota das mãos do pianista.    Ele se lembra que Garner sempre tocou sentado sobre uma lista telefônica de Nova Iorque em cima da banqueta e, para demonstrar que o autor de “Misty” reúne influencias musicais do mundo inteiro, sendo até enciclopédico, desenha vários livros grossos com os nomes de vários países. Deles sai a mão que vai ao teclado.   O expert em JAZZ define JIMMY ROWLES como o músico dos músicos, pelo seu estilo diferente ao que foi apresentado logo no início da carreira, no trio do grande clarinetista Benny Goodman.    A conversa está animada quando aparece Benny Carter para se despedir.   ROWLES se levanta e beija o velho instrumentista duas vezes na face.    Quando Benny Carter sai não ouve o comentário do pianista:  - Esse é um dos maiores músicos da história do JAZZ. Vale a pena ouvi-lo quantas vezes for possível.  ROWLES, autor de “Ballad of Thelonius Monk” (ele é um baladista por excelência, segundo os críticos) é assim definido por Feather no verbete que lhe é dedicado na Enciclopédia.  Muito conhecido como o acompanhante favorito de todas as cantoras com quem trabalhou, é um artista de uma consumada imaginação harmônica. Por muitos anos ele se especializou em criar um repertório baseado nas composições de Duke Ellington e Billy Strayhorn.  Sua obra mais conhecida é a executada em solo, no Anhembi, “The Peacocks”, definida pelo critico de Jazz Dan Mogerstern (diretor de Estudos de Jazz da Universidade Rutgers e autor de “Jazz People” com Olé Brask) como:  não um original de JAZZ mas uma autêntica peça de música com ambiência impressionista de um prelúdio de Debussy”.
Claro que Mestre LULA conservou os desenhos feitos por ROWLES.
Em 1978 a “CBS” lançou entre nós o LP duplo “I Remember Bebop”,  uma feliz idéia e produção de Henri Renaud, reunindo 08 mestres do teclado, cada um deles lembrando um músico de JAZZ criador ou ligado às raízes do “bebop”.  As gravações com os pianistas foram realizadas em New York, de 02 e até 05 de novembro de 1977, nos estrúdios da “CBS”.
Assim, Al Haig aborda Dizzy Gillespie em 04 temas, Duke Jordan homenageia Tadd Dameron em 02 faixas, John Lewis se auto-dedica em 04 faixas, Sadik Hakim e Walter Bishop, Jr. em 06 temas recriam o clima de Charlie Parker, Barry Harris encanta com suas citações de Thelonius Monk em 04 temas, Tommy Flanagan assume a tarefa de mostrar-nos a obra de Bud Powell em 04 temas e, finalmente, JIMMI ROWLES fica encarregado de focar o noneto de Miles Davis em 03 temas do “The Complete Birth Of The Cool’ (“Jeru”, “Vênus de Milo” e “Godchild”).
O extenso texto das 02 contra-capas internas da autoria do produtor Henri Renaud  comenta um pouco sobre cada um desses mestres do teclado.  No tocante a JIMMI ROWLES ele escreve:
JIMMI ROWLES é aqui o responsável pela reedição de diversas peças gravadas pelo noneto de Miles Davis, onde os pianistas eram John Lewis ou Al Haig.  Dois dos temas “Jeru”(apelido de Gerry Mulligan) e “Vênus de Milo” são da pena de Gerry Mulligan enquanto que “Goodchild” de George Wallington, é aqui tocada na íntegra como no original, até o final da primeira parte (George é um brilhante pianista que lamentavelmente parou de tocar como profissional há alguns anos atrás).   JIMMI é um versátil pianista de JAZZ.  Ele pode tocar em solo com um espantoso trabalho “stride” da mão esquerda, além de ser um soberbo acompanhador (de Sarah Vaughan e de Alberta Hunter por exemplos) ou ainda integrando um quinteto ou uma grande orquestra.  Ele também é um completo pianista de trio, como se observa pelo seu trabalho, sublinhando a pulsação do contrabaixo (tocado por Rufus Reid, baixista regular da “Thad Jones & Mel Lewis Big Band”) e a bateria (Mickey Roker, atualmente com Dizzy Gillespie).  No final da década de 40, quando esteve na Califórnia, JIMMY tocou com Charlie Parker.   Ele começou na carreira musical com Lester Young e Billie Holiday, quando contava seus 20 anos.  Casualmente um outro pianista já tinha acompanhado Lester Young antes dele em 1934:  um jovem de 14 anos chamado John Lewis !”
ROWLES chegou a acompanhar sua filha Stacy Rowles e novamente a grande Ella Fitzgerald em 1980, sucedendo o pianista Paul Smith e com ela permanecendo por 02 anos.    Com ela esteve na gravação do álbum “The Best Is Yet To Come” de 1982, sob a direção musical de Nelson Riddle, assim como do seminal “Baby, Don’t You Quit Now” com canções de Johnny Mercer, além de seu álbum final, “All That Jazz”, de 1989 (prêmio “Grammy” de “Melhor Performance Vocal Feminina de Jazz”).
Em 1983 ROWLES trabalhou com Diana Krall em Los Angeles, logo após ela vir do Berklee College of Music de Boston, buscando desenvolvê-la em suas habilidades ao piano e encorajando-a a adicionar o canto ao seu repertório.
Ele retornou à Califórnia, sendo homenageado em Los Angeles em 1986 com a declaração do dia 14 de setembro como o "Jimmie Rowles Day".
Em 1994 ROWLES acompanhou, com temas de sua autoria, a cantora  de JAZZ Jeri Brown na gravação do album “A Timeless Place”.
ROWLES gravou com algumas dezenas de músicos importantes além dos já assinalados anteriormente, podendo citar-se Teddy Edwards, Barney Kessel, Scott Hamilton, Joe Pass, Pepper Adams, Charles Mingus, Dexter Gordon, George Auld, Bill Harris, Bud Shank, Shorty Rogers, Gerry Mulligan, Buddy Rich, Louie Bellson, Al Cohn, Bob Brookmeyer, Conte Candoli, Red Norvo, Gerald Wilson, Marty Paich e seu “Jazz Piano Quartet”, Harry Babasin, Buddy DeFranco, Ray Brown, Jimmy Giuffre, Lee Konitz, Bill Holman, Ben Webster, Sonny Stitt, Johnny Hodges e muitos mais.  
Em função dessa profusão de companhias em gravações a discografia de JIMMY ROWLES é bem alentada, contando-se às dezenas e entre as quais destacamos o que se segue.
-        “Rare, But Well Done”, com Art Mardigan e Red Mitchell, 1954
-        “Casa De Luz”, com Bud Shank e Shorty Rogers, 1954
-        “Stormy Blues”, com Billie Holiday, VERVE, 1955
-        “Body And Soul”, com Billie Holiday, VERVE, 1957
-        “Let's Get Acquainted with Jazz (For People Who Hate Jazz)”, com Barney Kessel, Harold Land, Mel Lewis, Red Mitchell, Pete Candoli e Larry Bunker, 1958
-        “Weather in a Jazz Vane”, 1958
-        “Upper Classmen”, 1959
-        “Problems”, com Jimmy Giuffre, 1959
-        “Our Delight”, 1968
-        “Some Other Spring”, 1972
-        Sarah Vaughan with The Jimmy Rowles Quintet”, 1974
-        “The Special Magic of Jimmy Rowles”, 1974
-        “Jazz Is a Fleeting Moment”,  piano-solo, 1974
-        “Grand Paws”, 1976
-        “Music's the Only Thing That's on My Mind”, 1976
-        “Heavy Love”, piano-solo, 1977
-        “The Peacoks”, 1977
-        “Scarab”, 1978
-        “Nature Boy”, 1978
-        “We Could Make Such Beautiful Music Together”, 1978
-        “Isfahan”, piano-solo, 1978
-        “Shade and Light”, 1978
-        “Jimmy Rowles Trio on Tour”, gravado ao vivo, 1978
-        “Tasty !, com Ray Brown, gravação em 1977, lançamento em 1979
-        “Paws That Refresh”, 1980
-        “Plays Ellington and Billy Strayhorn”, piano-solo, 1981
-        “Bill Evans: A Tribute”, 1982
-        “how Deep Is The Ocean”, 1982
-        “With the Red Mitchell Trio”, 1985
-        “Sometimes I'm Happy, Sometimes I'm Blue”, 1988
-        “Trio With Red Mitchell And Donald Bailey, 1988
-        “Lilac Time”.
Para o cinema e a televisão ROWLES teve a oportunidade de colaborar em muitas ocasiões, destacando-se:
-        “The Powers Girl”, longa metragem norte-americano de 1942, dirigido por Norman McLeod, 94 minutos, apresentando muitos músicos de JAZZ (Benny Goodman e sua orquestra em diversos números), entre eles ROWLES;
-        “Hit Parade Of 1947”, longa metragem norte-americano dirigido por Frank McDonald, 90 minutos, com a presença da banda de Woody Herman incluindo JIMMY ROWLES ao piano;
-        “M Squad”, série norte-americana para a televisão que se prolongou por 117 episódios (1957 até 1960) com a média de 26 minutos cada um, tendo Lee Marvin como protagonista, trilha sonora com músicos “west coast”, entre os quais ROWLES;
-        “The Swingin’ Singin’ Years”, documentário produzido para a televisão norte-americana, 1960, 52 minutos, dirigido por Barry Shear, apresentando pelo menos meia centena de músicos de JAZZ, como os das bandas de Woody Herman, de Ella Mae Morse, Charlie Barnet e Stan Kenton, pessoal da “west coast” e JIMMY ROWLES entre todos;
-        “Too Late Blues”, longa metragem norte-americano de 1961, 103 minutos, dirigido pelo grande John Cassavetes e com trilha sonora do autor do clássico “Laura”, David Raksin, incluindo números de JAZZ com a participação de ROWLES, Benny Carter, Shelly Manne e outros;
-        “War Hunt”, longa metragem norte-americano de 1961 com tema sobre a guerra, 83 minutos, dirigido por Denis Sanders, com trilha sonora a cargo dos músicos “west coast”, entre os quais ROWLES;
-        “Mark Murphy”, mini-take para a televisão norte-americana com o cantor Mark Murphy acompanhado por quinteto liderado por ROWLES, direção de Steve Binder, 1962, 25 minutos, incluído na série de Oscar Brown “Jazz Scene USA”;
-        “The Sammy Davis Show”, apresentação produzida para a televisão norte-americana em 1962, 25 minutos, com Sammy Davis acompanhado por quarteto  -  JIMMY ROWLES / piano, Victor Feldman / vibrafone, Bob Whitlock / baixo e Kenny Dennis / bateria;
-        “Arabesque”, longa metragem norte-americano dirigido por Stanley Donen, 1966, 105 minutos, trilha sonora de Henry Mancini executada por grupo “west coast”, tendo ROWLES ao piano;
-        “Wait Until Dark”, longa metragem norte-americano de 1967, 108 minutos, dirigido por Terence Young, tendo ROWLES ao piano na trilha sonora;
-        “Gunn”, longa metragem norte-americano dirigido por Blake Edwards, 1967, 94 minutos, trilha sonora em JAZZ de Henry Mancini executada por grupo “west coast”, tendo ROWLES ao piano.
JIMMY ROWLES foi influenciado, com certeza e em seu início, pelo piano refinado de Teddy Wilson e pela concepção orquestral do piano de Art Tatum. Sua infindável esteira de colaborações nos mais diversos “estilos” e “escolas” fizeram-no um dos grandes acompanhantes do “pós-IIª Guerra Mundial”, ao lado de Hank Jones e de Tommy Flanagan, seja pelo seu vasto conhecimento de repertórios, seja pelo talento ao piano.  Gosta de cantar, ainda que os recursos vocais não sejam sua “linha de frente”, mas ainda assim e como “a la Nat King Cole”, intimista e expressivo.
Em suma, JIMMY ROWLES foi um mestre das “88” que nos deixou magnífico legado para desfrutar “ad perpetum” ! ! !
Prosseguiremos  nos  próximos  dias
 

Um comentário:

Nelson disse...

Prezado Mestre Pedro, "O Apóstolo"

Muito obrigado por essa polpuda(abrangente)e fantastica resenha do formidável pianista Jimmy Rowles. Lembro-me de seus desenhos caricaturísticos feitos para o finado Mestre Lulla, vistos em casa deste, nas inúmeras vezes em que lá estivemos quando ainda estava em nosso convívio.
Jimmy, dotado de soberba tecnica e versatilidade "dentro das 88", deixou esse legado todo ao qual vc. aqui aborda, para o deleite dos amantes da "Nobre Arte" do jazz.
Continuo acompanhando os "seus pianistas"
Um forte abraço do
"Nels"