Série “PIANISTAS DE
JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas”
5ª Parte
(05) GERRY WIGGINS
- Clássico, Popular ou JAZZ ? (Resenha curta)
O
pianista americano Gerald Foster “Gerry” Wiggins nasceu em New York no dia 12
de maio de 1922.
Cursou
inicialmente música clássica na “Martin Smith Musical School” e posteriormente na “High School Of Music
& Art”.
Jovem
ainda passou a apreciar todos os músicos de JAZZ da década de 1930.
Iniciou-se
profissionalmente muito jovem, atuando com Stepin Fetchit por 01 ano, com Les
Hite por 06 meses e com apenas 16 anos teve sua primeira experiência
profissional importante, trabalhando durante 01 ano com Louis Armstrong
(!!!...).
Em
seguida trabalhou com Benny Carter, com o qual realizou temporada pelo Leste
americano, até que com 22 anos e em 1944 foi incorporado às Forças Armadas.
Durante
o serviço militar em Fort Lewis atuou com a banda militar local, até 1946.
Após
desligar-se retornou ao grupo de Benny Carter, com o qual realizou inúmeras
temporadas.
Acompanhou
a cantora Lena Horne (os mais belos dentes do cinema) de 1950 a1951 em
temporada pela Europa.
Foi
durante essa temporada com Lena Horne que Wiggins realizou suas primeiras
gravações em trio, para o selo “Vogue”.
Ao
regressar Wiggins fixou-se em Los Angeles, onde montou seu trio ao lado de Joe
Comfort e de Bill Douglas, para apresentações em clubes noturnos, ao mesmo
tempo em que gravava com Francis Faye, Ella Mae Morse e Lex Baster em diverso
estúdios da “cidade dos anjos”.
A
partir de 1956 e até 1958 Wiggins trabalhou com Spike Jones e com Helen Grayco,
ao mesmo tempo em que tocou para Kay Starr.
É
dessa época e em 1959 sua participação em filmes, destacando-se “Les Girls” com
a linda Mitzy Gaynor ao lado de Gene Kelly e “Quanto Mais Quente Melhor” (“Some
Like It Hot”, grande sucesso com Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon,
direção de Billy Wilder).
Nesse
ano de 1959 foi contratado por Harry Janes, para posteriormente passar a
trabalhar como “freelance” para estúdios de gravação e cinematográficos.
Após
essa atividade Wiggins atuou em Las Vegas com Teddy Edwards, Com Dinah
Washington, com Leroy Vinnegar, além de com Eartha Kitt e com Helen Humes,
simultaneamente com suas participações em festivais (destacando o de Nice no
final dos anos 70 do século passado) e em concertos.
Wiggins
é pai de Gerald Jr. (“J.J.”), nascido em 15 de abril de 1956, trombonista e
contrabaixista.
Gerald
Wiggins é pianista extremamente versátil, de toque sutil e, com certeza, remetendo-nos
a Nat “King” Cole” e de certa forma a Errol Garner, atuando no JAZZ e na música mais comercial sem
nenhum problema de adaptação, talvez até por sua formação clássica e seu
ecletismo de parceiros (imagine-se o que é tocar com Spike Jones e com os “Supremes”); se esse caleidoscópio de atuações pode por um
lado garantir-lhe presença em cenários distintos, por outra parte e com certeza
não lhe granjeou ao longo do tempo claro sucesso para o público jazzístico.
Wiggins
gravou com Rusty Bryant, Paul Horn, Nat “King” Cole, Kay Starr, Joe Morello,
Lou Rawls, Ernie Andrews, Harry “Sweet” Edison e Sam Fletcher, entre outros, o
que mostra um panorama bem abrangente.
Entre
suas gravações com certo destaque apontamos (01) “Wiggin’ With Wig” de 1950,
(02) “Wiggin’ Out” de 1960 (em órgão com Harold Land), (03) “Relax And Enjoy It” de 1961 e (04) “A
Beatiful Friendship” de 1977.
(06) JIMMY ROWLES -
Rica história, belo legado (Resenha longa)
James
George Rowles, JIMMY ROWLES,
pianista, cantor, compositor e, por “hobby’, caricaturista norte-americano
(como será relatado mais adiante e em função de episódio quando de sua estada
no Brasil), nasceu em 19 de agosto de 1918 na cidade de Spokane, estado de
Washington situado no extremo noroeste norte-americano (cuja capital é a cidade
de Olympia e que conta com mais 114 outras cidades, ai incluídas as de
Arlington, Kirkland, Seatttle, Vancouver, Tacoma, Aberdeen, Langley e
outras). Não confundir o estado de
Washington com a cidade de Washington ou Distrito de Columbia, capital dos
U.S.A., estas Washington e Columbia co-existentes e com governo municipal
único, cuja construção foi iniciada em 1792 e inaugurada em 1800, originalmente
formada por terras cedidas pelos estados de Maryland e de Virginia.
ROWLES
veio a falecer em vias de completar 78 anos no dia 28 de maio de 1996, em
conseqüência de acidente cardiovascular, na cidade de Burbank, estado da
California,.
Inicialmente
e por conta própria dedicou-se ao canto, mas logo passou ao piano com
professores particulares; tocou em
bandas de Seattle enquanto era estudante na
“University of Washington”.
Em 1940 mudou-se com a família para Los Angeles e com
a idade de 22 anos realizou temporadas com orquestras de baile (Garwood Wam e
Mouse Marsalino), para logo em seguida
conseguir suficiente projeção para atuar em formação liderada por Lester Young
e com ninguém menos que Ben Webster e Tony Bennett, este em
estúdio de gravação, seguindo-se seu trabalho como acompanhante de Slim
Gaillard e da “Lady Day”, Billie Holiday, isso já em 1941. No ano seguinte
tocou por 05 meses com Benny Goodman e no biênio 1942/1943 atuou na formação de
Woody Herman, sendo em seguida convocado para o serviço militar e retornando a
trabalhar com Herman no biênio 1946/1947, logo após seu desligamento do
exército.
Se
esses alinhamentos com “estrelas” e em diferentes estilos não foi toda uma
formação superior, onde mais ROWLES
poderia ter estudado ? ? ?
Desligando-se
da formação de Woody Herman ROWLES
trabalhou sucessivamente com Les Brown, com a banda de Tommy Dorsey, em 1947
com Butch Stone e na formação de Benny Goodman e com Bob Crosby em seus
programas radiofônicos (“Fitch Bandwagon” e transmitidos desde o “Club 15” com
Crosby como “Mestre de Cerimônias”) de 1947 até 1951.
Lembramos
que na formação de Bob Crosby, que tinha como prefixo “Summertime” atuaram, entre outros e ao longo do tempo,
Matty Matlock, Ray Bauduc, Bob Haggart, Billy Butterfield, Jess Stacy e Mugsy
Spanier, tendo como arranjadores Paul Weston, Henry Mancini e Ray Conniff, além
de vocalistas do porte de Doris Day e Anita O’Day.
Após
essa larga contribuição para Crosby e seus “Bob Cats” ROWLES mudou-se para a Califórnia e passou a trabalhar como “freelance”.
Em
05 de novembro de 1952 ROWLES atua
em apresentação na “University Of Oregon” ao lado de grupo formado por Charlie
Parker, Chet Baker, Carson Smith e Shelly Manne, atuação que foi gravada e
eternizada no estojo “BIRD”, CD número 17, com 03 temas: “Ornithology”, “Barbados” e “Cool Blues”,
este último em longa versão com 5’33”.
ROWLES
teve uma filha, Stacy Rowles, executante de flugehorn (11 de setembro de 1954 a
30 de outubro de 2009).
Teve
a oportunidade de acompanhar músicos da estatura de Stan Getz, Benny Carter,
Zoot Sims e muitas cantoras, entre as quais Carmen McRae, Julie London, Peggy
Lee, novamente com Billie Holiday e a “Divina” Sarah Vaughan, além de atuar em
trio e liderando diversas formações.
Em
1956 e 1957 ROWLES gravou para o
selo “VERVE” acompanhando Billie Holiday em 02 albuns excelentes, “Stormy Blues” e
“Body And Soul”, este com um time de primeira grandeza: Harry “Sweet” Edison (trumpete), Ben Webster
(sax.tenor), Barney Kessell (guitarra), Red Mitchell (baixo) e Alvin Stoller e
Larry Bunker à bateria, em conjunto com ROWLES
nos proporcionam a beleza de “Body And Soul”, “They Can’t Take That Away From
Me”, “Darn That Dream”, “Embraceable You” e outras pérolas.
ROWLES acompanhou
também a grande Ella Fitzgerald (Ella Jane Fitzgerald, Newport News, 25 de abril de 1917 a Beverly Hills, 15 de junho de 1996, a “First
Lady of Song”),
com “estréia” no “Mocambo” de Hollywood no final de 1956, assim como participou
de gravações dela nesse final de ano.
Essa colaboração com Ella foi repetida anos depois, conforme relatado
mais adiante.
ROWLES
trabalhou para diversos estúdios cinematográficos, podendo citar-se RKO, 20th
Centuty Fox e Universal, assim como para a televisão durante os anos de 1960
(rede “NBC”). Foi pianista para
atrizes que praticavam o canto, entre elas e destacadamente Marilyn Monroe.
ROWLES participou do “Newport Jazz Festival” de 1973, após o
que mudou-se para New York, passando a liderar formações com músicos de ponta,
a realizar inúmeras gravações e a atuar em eventos dos mais importantes, como
no “Festival de Monterey” e na “Grande Parada de Nice” em 1978.
No
excelente livro “The Great Jazz Pianists” (Len Lyons, 1ª edição em 1983, 320
páginas, talvez um dos melhores já escritos na área do JAZZ), após uma primeira parte com belo resumo sobre a história do
“piano no JAZZ”, o Autor transcreve
as entrevistas que manteve com 27 dos grandes pianistas de JAZZ, entre eles JIMMI
ROWLES - páginas de 151 até 157 -
entrevista realizada em 1977 por ocasião de gravação de ROWLES com Ray Brown na “Concord
Jazz”: técnica, prática, influências,
carreira, enfim, um belo panorama do músico, que vale a pena conhecer em
detalhes.
Mestre
LULA, Luiz Carlos Antunes, produtor
e apresentador do programa radiofônico “O Assunto É Jazz” (Rádio Fluminense-FM,
Niterói / RJ, iniciado em 06 de dezembro de 1958 e encerrado em 27 de setembro
de 1995, contabilizando a incrível soma de 2.457 programas), publicava aqui no “CJUB” de tempos em tempos
suas “Histórias do Jazz”, em que relatava momentos que viveu ou dos quais foi
testemunha ou citação, como no artigo do “Jornal do Brasil” de 20 de setembro
de 1978 da autoria do jornalista José Nêumane Pinto, que relatou com fidelidade
o ocorrido numa tarde feliz em pleno bar do Hotel Eldorado/Higienópolis, São
Paulo. Eis o texto:
“Art
Tatum é uma nuvem, cujas mãos habilíssimas baixam ao teclado e executam obras
inesquecíveis. George Shearing toca de costas para o piano especialmente
construído para ele. Oscar Peterson devora o instrumento com garfo e faca. E Erroll Garner é uma coleção de
enciclopédias musicais de vários países do mundo, com mãos ágeis e
sensíveis. Assim, um grande pianista da
historia do Jazz vê quatro de seus companheiros e os define entre os maiores de
todos. A definição é feita mais nos
traços de um desenho simples e direto do que mesmo por palavras, mas JIMMY ROWLES, o homem que emocionou o
público do Palácio das Convenções do Anhembi em São Paulo, semana passada,
fazendo Debussy baixar em pleno I Festival Internacional de Jazz com seu solo
de “The Peacocks”, também fala (aqui abrimos parênteses na narração de Mestre
LULA, para lembrar que “The Peacocks”,
essa composição famosa de ROWLES,
foi incluída no longa metragem de 1986 “Round
Midnight”, que valeu o “Oscar” de trilha sonora para Herbie Hancock). Rosado, cabelos alvos, inquieto, o velho
passeia nervosamente pelo bar do Hotel Eldorado Higienópolis quando nota o
chamado de uma mesa. Luiz Carlos
Antunes, expert em JAZZ no Rio de Janeiro, vê que ele quer companhia e, mesmo não
falando bem inglês, o convida a se sentar.
Insone por excesso de cansaço durante as 48 horas anteriores em que
permanecia no Brasil, uma das sete grandes atrações do Jazz At The Philarmonic
- JATP - de Norman Granz, senta-se sem se fazer de rogado e beberica meia cerveja,
enquanto se embala de recordações. O
trombonista Frank Rosolino senta-se ao seu lado. O assunto da mesa é o piano na história do JAZZ.
Quem conta a história é JIMMY
ROWLES, verbete da famosa Enciclopédia do Jazz de Leonard Feather,
conhecido como o músico preferido pelos músicos, cujo álbum “The Peacocks”, com
Stan Getz e a família Hendricks (Jon, Judy e Michelle) está sendo lançado no
Brasil, agora, pela CBS. O primeiro
tema é o cego George Shearing, que, como disse o já citado Leonard Feather,
bebeu água da fonte de Lennie Tristano, pianista que tinha seu próprio som
caracterizado pelo uníssono de guitarra, vibrafone e piano e foi influenciado
pelo homem dos acordes em bloco, Milt Buckner.
Para ROWLES, Shearing é o
maior de todos os pianistas solo. Comenta isso, entre um gole de cerveja e um
golpe rápido de caneta hidrográfica preta no papel branco que LULA lhe
estende. Luiz Carlos Antunes comenta que
agora Shearing não quer mais saber de JAZZ
e só grava comercialmente, com cordas e tudo. ROWLES
desenha o cego de costas para o piano e escreve a marca do instrumento: para o cego, limitada. O desenho quer dizer que Shearing não é cego
em música, disse LULA. E não para de
desenhar quando o apresentador do programa de JAZZ da Rádio Difusora Fluminense do Rio fala em Art Tatum, o
pianista que ele mais admira e admira tanto que fez questão de que isso
constasse do verbete escrito sobre ele por Feather - Art Tatum é o gigante do
piano. Ninguém sabe ou soube mais do que ele em termos de instrumento, enquanto
desenha a nuvem com as mãos. A mesa
começa a ter mais participantes e Luiz Carlos Antunes se vê obrigado a explicar
que Art Tatum era um músico vaidoso, que ele desafiava outros solistas com sua
extraordinária habilidade técnica. Ele
chegava a tocar duas horas o mesmo tema em todos os tons maiores e menores da
música -
comenta LULA, que ainda explica: Tatum foi um dos reis do swing, um elo
perfeito entre o stride piano de Earl Hines, entre outros da fase pioneira, e a
linha mais moderna de um Bud Powell, por exemplo. Erroll Garner é um dos pianistas preferidos
de LULA e, por isso, seu nome surge na conversa, então já na descontração
total. Mais um papel é arrancado da
pasta “O Assunto É Jazz”; mais um desenho brota das mãos do pianista. Ele se lembra que Garner sempre tocou
sentado sobre uma lista telefônica de Nova Iorque em cima da banqueta e, para
demonstrar que o autor de “Misty” reúne influencias musicais do mundo inteiro,
sendo até enciclopédico, desenha vários livros grossos com os nomes de vários
países. Deles sai a mão que vai ao teclado.
O expert em JAZZ define JIMMY ROWLES como o músico dos músicos,
pelo seu estilo diferente ao que foi apresentado logo no início da carreira, no
trio do grande clarinetista Benny Goodman.
A conversa está animada quando aparece Benny Carter para se
despedir. ROWLES se levanta e beija o velho instrumentista duas vezes na
face. Quando Benny Carter sai não ouve
o comentário do pianista: - Esse é um
dos maiores músicos da história do JAZZ.
Vale a pena ouvi-lo quantas vezes for possível.
ROWLES, autor de “Ballad of
Thelonius Monk” (ele é um baladista por excelência, segundo os críticos) é
assim definido por Feather no verbete que lhe é dedicado na Enciclopédia. Muito conhecido como o acompanhante favorito
de todas as cantoras com quem trabalhou, é um artista de uma consumada
imaginação harmônica. Por muitos anos ele se especializou em criar um
repertório baseado nas composições de Duke Ellington e Billy Strayhorn. Sua obra mais conhecida é a executada em
solo, no Anhembi, “The Peacocks”, definida pelo critico de Jazz Dan Mogerstern
(diretor de Estudos de Jazz da Universidade Rutgers e autor de “Jazz People”
com Olé Brask) como: não um original de JAZZ mas uma autêntica peça de música
com ambiência impressionista de um prelúdio de Debussy”.
Claro
que Mestre LULA conservou os desenhos feitos por ROWLES.
Em
1978 a “CBS” lançou entre nós o LP duplo “I Remember Bebop”, uma feliz idéia e produção de Henri Renaud,
reunindo 08 mestres do teclado, cada um deles lembrando um músico de JAZZ criador ou ligado às raízes do
“bebop”. As gravações com os pianistas
foram realizadas em New York, de 02 e até 05 de novembro de 1977, nos estrúdios
da “CBS”.
Assim,
Al Haig aborda Dizzy Gillespie em 04 temas, Duke Jordan homenageia Tadd Dameron
em 02 faixas, John Lewis se auto-dedica em 04 faixas, Sadik Hakim e Walter
Bishop, Jr. em 06 temas recriam o clima de Charlie Parker, Barry Harris encanta
com suas citações de Thelonius Monk em 04 temas, Tommy Flanagan assume a tarefa
de mostrar-nos a obra de Bud Powell em 04 temas e, finalmente, JIMMI ROWLES fica encarregado de focar
o noneto de Miles Davis em 03 temas do “The Complete Birth Of The Cool’
(“Jeru”, “Vênus de Milo” e “Godchild”).
O
extenso texto das 02 contra-capas internas da autoria do produtor Henri
Renaud comenta um pouco sobre cada um
desses mestres do teclado. No tocante a JIMMI ROWLES ele escreve:
“JIMMI ROWLES é aqui o responsável pela
reedição de diversas peças gravadas pelo noneto de Miles Davis, onde os
pianistas eram John Lewis ou Al Haig.
Dois dos temas “Jeru”(apelido de Gerry Mulligan) e “Vênus de Milo” são
da pena de Gerry Mulligan enquanto que “Goodchild” de George Wallington, é aqui
tocada na íntegra como no original, até o final da primeira parte (George é um
brilhante pianista que lamentavelmente parou de tocar como profissional há
alguns anos atrás). JIMMI é um versátil pianista de JAZZ.
Ele pode tocar em solo com um espantoso trabalho “stride” da mão
esquerda, além de ser um soberbo acompanhador (de Sarah Vaughan e de Alberta
Hunter por exemplos) ou ainda integrando um quinteto ou uma grande
orquestra. Ele também é um completo
pianista de trio, como se observa pelo seu trabalho, sublinhando a pulsação do
contrabaixo (tocado por Rufus Reid, baixista regular da “Thad Jones & Mel
Lewis Big Band”) e a bateria (Mickey Roker, atualmente com Dizzy
Gillespie). No final da década de 40,
quando esteve na Califórnia, JIMMY
tocou com Charlie Parker. Ele começou
na carreira musical com Lester Young e Billie Holiday, quando contava seus 20
anos. Casualmente um outro pianista já
tinha acompanhado Lester Young antes dele em 1934: um jovem de 14 anos chamado John Lewis !”
ROWLES
chegou a acompanhar sua filha Stacy Rowles e novamente a grande Ella Fitzgerald
em 1980, sucedendo o pianista Paul Smith
e com ela permanecendo por 02 anos.
Com ela esteve na gravação do álbum “The Best Is Yet To Come” de 1982,
sob a direção musical de Nelson Riddle, assim como do seminal “Baby, Don’t You
Quit Now” com canções de Johnny Mercer, além de seu álbum final, “All That
Jazz”, de 1989 (prêmio “Grammy” de
“Melhor Performance Vocal Feminina de Jazz”).
Em 1983 ROWLES
trabalhou com Diana Krall em Los Angeles, logo após ela vir do “Berklee
College of Music” de Boston, buscando
desenvolvê-la em suas habilidades ao piano e encorajando-a a adicionar o canto
ao seu repertório.
Ele retornou à Califórnia, sendo homenageado em Los
Angeles em 1986 com a declaração do dia 14 de setembro como o "Jimmie
Rowles Day".
Em
1994 ROWLES acompanhou, com temas de
sua autoria, a cantora de JAZZ Jeri Brown na gravação do album “A
Timeless Place”.
ROWLES
gravou com algumas dezenas de músicos importantes além dos já assinalados
anteriormente, podendo citar-se Teddy Edwards, Barney Kessel, Scott Hamilton,
Joe Pass, Pepper Adams, Charles Mingus, Dexter Gordon, George Auld, Bill
Harris, Bud Shank, Shorty Rogers, Gerry Mulligan, Buddy Rich, Louie Bellson, Al
Cohn, Bob Brookmeyer, Conte Candoli, Red Norvo, Gerald Wilson, Marty Paich e
seu “Jazz Piano Quartet”, Harry Babasin, Buddy DeFranco, Ray Brown, Jimmy
Giuffre, Lee Konitz, Bill Holman, Ben Webster, Sonny Stitt, Johnny Hodges e
muitos mais.
Em função dessa profusão de
companhias em gravações a discografia de JIMMY
ROWLES é bem alentada, contando-se às dezenas e entre as quais destacamos o
que se segue.
- “Casa De Luz”, com Bud Shank e Shorty Rogers, 1954
- “Stormy Blues”, com Billie Holiday, VERVE, 1955
- “Body And Soul”, com Billie Holiday, VERVE, 1957
- “Weather in a Jazz Vane”, 1958
- “Upper Classmen”, 1959
- “Problems”, com Jimmy Giuffre, 1959
- “Our Delight”, 1968
- “Some Other Spring”, 1972
- “The Special Magic of Jimmy Rowles”, 1974
- “Jazz Is a Fleeting Moment”, piano-solo, 1974
- “Grand Paws”, 1976
- “Music's the Only Thing That's on My
Mind”, 1976
- “Heavy Love”, piano-solo, 1977
- “The Peacoks”, 1977
- “Scarab”, 1978
- “Nature Boy”, 1978
- “We Could Make Such Beautiful Music
Together”, 1978
- “Isfahan”, piano-solo, 1978
- “Shade and Light”, 1978
- “Jimmy
Rowles Trio on Tour”, gravado ao vivo, 1978
- “Tasty
!,
com Ray Brown,
gravação em 1977, lançamento em 1979
- “Paws That Refresh”, 1980
- “Plays Ellington and Billy Strayhorn”, piano-solo, 1981
- “Bill Evans: A Tribute”, 1982
- “how Deep Is The Ocean”, 1982
- “With the Red Mitchell Trio”, 1985
- “Sometimes I'm Happy, Sometimes I'm
Blue”, 1988
- “Trio With Red Mitchell And Donald Bailey, 1988
- “Lilac
Time”.
Para o cinema e a televisão ROWLES teve a
oportunidade de colaborar em muitas ocasiões, destacando-se:
- “The
Powers Girl”, longa metragem norte-americano de 1942, dirigido por Norman
McLeod, 94 minutos, apresentando muitos músicos de JAZZ (Benny Goodman e
sua orquestra em diversos números), entre eles ROWLES;
- “Hit
Parade Of 1947”, longa metragem norte-americano dirigido por Frank McDonald, 90
minutos, com a presença da banda de Woody Herman incluindo JIMMY ROWLES
ao piano;
- “M
Squad”, série norte-americana para a televisão que se prolongou por 117
episódios (1957 até 1960) com a média de 26 minutos cada um, tendo Lee Marvin
como protagonista, trilha sonora com músicos “west coast”, entre os quais ROWLES;
- “The
Swingin’ Singin’ Years”, documentário produzido para a televisão
norte-americana, 1960, 52 minutos, dirigido por Barry Shear, apresentando pelo
menos meia centena de músicos de JAZZ, como os das bandas de Woody
Herman, de Ella Mae Morse, Charlie Barnet e Stan Kenton, pessoal da “west
coast” e JIMMY ROWLES entre todos;
- “Too
Late Blues”, longa metragem norte-americano de 1961, 103 minutos, dirigido pelo
grande John Cassavetes e com trilha sonora do autor do clássico “Laura”, David
Raksin, incluindo números de JAZZ com a participação de ROWLES,
Benny Carter, Shelly Manne e outros;
- “War
Hunt”, longa metragem norte-americano de 1961 com tema sobre a guerra, 83
minutos, dirigido por Denis Sanders, com trilha sonora a cargo dos músicos
“west coast”, entre os quais ROWLES;
- “Mark
Murphy”, mini-take para a televisão norte-americana com o cantor Mark Murphy
acompanhado por quinteto liderado por ROWLES, direção de Steve Binder,
1962, 25 minutos, incluído na série de Oscar Brown “Jazz Scene USA”;
- “The
Sammy Davis Show”, apresentação produzida para a televisão norte-americana em
1962, 25 minutos, com Sammy Davis acompanhado por quarteto - JIMMY
ROWLES / piano, Victor Feldman / vibrafone, Bob Whitlock / baixo e Kenny
Dennis / bateria;
- “Arabesque”,
longa metragem norte-americano dirigido por Stanley Donen, 1966, 105 minutos,
trilha sonora de Henry Mancini executada por grupo “west coast”, tendo ROWLES
ao piano;
- “Wait
Until Dark”, longa metragem norte-americano de 1967, 108 minutos, dirigido por
Terence Young, tendo ROWLES ao piano na trilha sonora;
- “Gunn”,
longa metragem norte-americano dirigido por Blake Edwards, 1967, 94 minutos,
trilha sonora em JAZZ de Henry Mancini executada por grupo “west coast”,
tendo ROWLES ao piano.
JIMMY
ROWLES foi influenciado, com
certeza e em seu início, pelo piano refinado de Teddy Wilson e pela concepção
orquestral do piano de Art Tatum. Sua infindável esteira de colaborações nos
mais diversos “estilos” e “escolas” fizeram-no um dos grandes acompanhantes do
“pós-IIª Guerra Mundial”, ao lado de Hank Jones e de Tommy Flanagan, seja pelo
seu vasto conhecimento de repertórios, seja pelo talento ao piano. Gosta de cantar, ainda que os recursos vocais
não sejam sua “linha de frente”, mas ainda assim e como “a la Nat King Cole”,
intimista e expressivo.
Em suma, JIMMY ROWLES foi um mestre das “88”
que nos deixou magnífico legado para desfrutar “ad perpetum” ! ! !
Prosseguiremos nos
próximos dias
Um comentário:
Prezado Mestre Pedro, "O Apóstolo"
Muito obrigado por essa polpuda(abrangente)e fantastica resenha do formidável pianista Jimmy Rowles. Lembro-me de seus desenhos caricaturísticos feitos para o finado Mestre Lulla, vistos em casa deste, nas inúmeras vezes em que lá estivemos quando ainda estava em nosso convívio.
Jimmy, dotado de soberba tecnica e versatilidade "dentro das 88", deixou esse legado todo ao qual vc. aqui aborda, para o deleite dos amantes da "Nobre Arte" do jazz.
Continuo acompanhando os "seus pianistas"
Um forte abraço do
"Nels"
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