UMA OBRA
DE ARTE
Está
disponível nas melhores livrarias o livro
“JAZZ ATRAVÉS DOS TEMPOS” (João Francisco Franco Junqueira, editora Via
Impressa, 250 páginas, P&B, 2014), primorosa edição prefaciada pelo músico
Tito Martino como “Um Livro Para Ouvir”.
Trata-se
de obra de luxo editada em papel de 150 g/m², capa dura, formato 31,5cm x
26,5cm e trazendo 03 CD’s encartados (total de 42 faixas) com toda a paixão do
Autor discorrida em texto (inglês e português) preciso e intenso, vivido. O material fotográfico é de primeiríssima
qualidade e, com certeza, é trabalho gráfico sem par no mercado nacional.
A
obra contém 05 capítulos: (1) Os Deuses
do Jazz; (2) CD1 – 1910/1920; (3) CD2 – 1930/1940; (4) 1940/2000; (5) Instrumentos do Jazz.
Cada
uma das faixas dos CD’s é indicada com seu tempo de duração, autor, músicos e
seus instrumentos. As faixas foram
muito bem garimpadas dentro do universo discográfico do Jazz, sempre sendo
possível discordar-se dessa ou daquela preferência, até porque é totalmente
impossível abranger a totalidade dos músicos de JAZZ em apenas 250 páginas; omissões, portanto, são absolutamente lógicas
e consequentes de escolhas pessoais; uma
curiosidade é o foco na violinista francesa Florente Fourcade em gravação
datada de 2000.
O Autor revela-se francamente “tradicionalista”
desde seu primeiro contato com o JAZZ em 1952, tal como o músico Tito Martino
que acompanhou o trabalho com indicações essenciais e prefaciou a obra (em 1964
foi um dos criadores da “Traditional Jazz Band”, a banda paulistana que está completando
50 anos de estrada neste 2014, já sem Tito desde a década de 1980).
A
obra é obrigatória em todas as bibliotecas dos amantes do JAZZ, sejam iniciantes ou cultores ou ainda conhecedores
de longas datas. A ”viagem através dos
tempos” de João Francisco é um belo depoimento sobre suas sucessivas
descobertas no universo da “Arte Popular Maior”, tal como numa experiência de
vida desde os primeiros passos até a plena maturidade.
Ao
longo de sua obra o Autor aponta o
grande Johnny Hodges como o maior sax JAZZ de todos os tempos, com certeza uma
escolha de excelente bom gosto mas um tanto exagerada se escutarmos alguns
contemporâneos do próprio Hodges e percorrermos a trilha de nomes gerados a
partir de Charlie Parker.
Aquí
vale indicar a ressalva à obra (que com toda
a certeza será eliminada em uma próxima edição), absolutamente omissa em
relação a Charlie Parker, o motor da segunda
grande revolução na história do
JAZZ (a primeira, claro, reservada para Louis Armstrong). Desconsiderar muitos e muitos músicos de
JAZZ é até lógico em uma obra finita em
suas menos de 03 centenas de páginas, como já assinalado, mas não há como
omitir a figura seminal de Parker em uma
obra que percorre músicos em gravações de 1940 e até o ano de 2000.
Ao
longo do texto o Autor cita outro Autor, clássico na bibliografia do JAZZ, Joachim-Ernst Berendt, como uma de suas
referências. É exatamente Berendt que
cita em sua obra que “no
fim dos anos de 1970, o novo bebop se tornou uma execução dominante e, no
classicismo dos anos de 1980 e de 1990, ele se tornou tão determinante que
passou a ser confundido com o jazz em geral.
As composições de Charlie Parker são mais tocadas pelos jovens músicos
hoje do que nos anos de 1950. Desde o
fim dos anos de 1980, vem ocorrendo um renascimento do bebop por meio de
inúmeros relançamentos. Por mais que
esses jovens músicos se diferenciem em seu fraseado, todos estão de acordo com
o que disse Steve Reich sobre Charlie Parker:
é como se perguntassem o que se
acha de Johann Sebastian Bach - ele é simplesmente o padrão com o qual todos
tem de se medir.”
O mais importante do
livro, além das excelentes qualidades do texto e das gravações desse lançamento
ligado ao JAZZ, é a capacidade e a coragem do Autor em adentrar
o mercado com “uma obra de arte”, tão difícil de levar a bom termo em um
mercado coalhado de mesmices. É
conferir ! ! !
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