Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

10 dezembro 2014


UMA  OBRA  DE  ARTE
Está disponível nas melhores livrarias o livro  “JAZZ ATRAVÉS DOS TEMPOS” (João Francisco Franco Junqueira, editora Via Impressa, 250 páginas, P&B, 2014), primorosa edição prefaciada pelo músico Tito Martino como “Um Livro Para Ouvir”.
Trata-se de obra de luxo editada em papel de 150 g/m², capa dura, formato 31,5cm x 26,5cm e trazendo 03 CD’s encartados (total de 42 faixas) com toda a paixão do Autor discorrida em texto (inglês e português) preciso e intenso, vivido.  O material fotográfico é de primeiríssima qualidade e, com certeza, é trabalho gráfico sem par no mercado nacional.
A obra contém 05 capítulos:  (1) Os Deuses do Jazz;  (2) CD1 – 1910/1920;  (3) CD2 – 1930/1940;  (4) 1940/2000;  (5) Instrumentos do Jazz.
Cada uma das faixas dos CD’s é indicada com seu tempo de duração, autor, músicos e seus instrumentos.   As faixas foram muito bem garimpadas dentro do universo discográfico do Jazz, sempre sendo possível discordar-se dessa ou daquela preferência, até porque é totalmente impossível abranger a totalidade dos músicos de JAZZ em apenas 250 páginas;  omissões, portanto, são absolutamente lógicas e consequentes de escolhas pessoais;  uma curiosidade é o foco na violinista francesa Florente Fourcade em gravação datada de 2000.
O Autor revela-se francamente “tradicionalista” desde seu primeiro contato com o JAZZ em 1952, tal como o músico Tito Martino que acompanhou o trabalho com indicações essenciais e prefaciou a obra (em 1964 foi um dos criadores da “Traditional Jazz Band”, a banda paulistana que está completando 50 anos de estrada neste 2014, já sem Tito desde a década de 1980). 
A obra é obrigatória em todas as bibliotecas dos amantes do JAZZ, sejam  iniciantes ou cultores ou ainda conhecedores de longas datas.   A ”viagem através dos tempos” de João Francisco é um belo depoimento sobre suas sucessivas descobertas no universo da “Arte Popular Maior”, tal como numa experiência de vida desde os primeiros passos até a plena maturidade.
Ao longo de  sua obra o Autor aponta o grande Johnny Hodges como o maior sax JAZZ de todos os tempos, com certeza uma escolha de excelente bom gosto mas um tanto exagerada se escutarmos alguns contemporâneos do próprio Hodges e percorrermos a trilha de nomes gerados a partir de Charlie Parker.
Aquí vale indicar a ressalva à obra (que com toda  a certeza será eliminada em uma próxima edição), absolutamente omissa em relação a Charlie Parker, o motor da segunda  grande revolução na história do  JAZZ (a primeira, claro, reservada para Louis Armstrong).   Desconsiderar muitos e muitos músicos de JAZZ é até lógico em  uma obra finita em suas menos de 03 centenas de páginas, como já assinalado, mas não há como omitir a figura seminal de Parker em  uma obra que percorre músicos em gravações de 1940 e até o ano de 2000.     
Ao longo do texto o Autor cita outro Autor, clássico na  bibliografia do  JAZZ, Joachim-Ernst Berendt, como uma de suas referências.  É exatamente Berendt que cita em sua  obra que  no fim dos anos de 1970, o novo bebop se tornou uma execução dominante e, no classicismo dos anos de 1980 e de 1990, ele se tornou tão determinante que passou a ser confundido com o jazz em geral.  As composições de Charlie Parker são mais tocadas pelos jovens músicos hoje do que nos anos de 1950.  Desde o fim dos anos de 1980, vem ocorrendo um renascimento do bebop por meio de inúmeros relançamentos.  Por mais que esses jovens músicos se diferenciem em seu fraseado, todos estão de acordo com o que disse Steve Reich sobre Charlie Parker:     é como se perguntassem o que se acha de Johann Sebastian Bach  -  ele é simplesmente o padrão com o qual todos tem de se medir.
O mais importante do livro, além das excelentes qualidades do texto e das gravações desse lançamento ligado ao  JAZZ, é  a capacidade e a coragem do Autor em adentrar o mercado com “uma obra de arte”, tão difícil de levar a bom termo em um mercado coalhado de mesmices.    É conferir ! ! !

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