Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

RECUPERANDO AS COLUNAS DO MESTRE LOC NO JB ONLINE

25 novembro 2014

Marquis Hill é a nova estrela do trompete

por Luiz Orlando Carneiro, em 15/11/14

A Thelonious Monk Institute of Jazz Competition é a mais importante disputa anual aberta a jovens músicos de talento comprovado em busca de renome. O vencedor ganha – além de US$ 25 mil – um contrato de gravação com a Concord Music. Nos três primeiros anos, o certame era exclusivamente para pianistas, e abriu caminho para as brilhantes carreiras de Marcus Roberts, Ted Rosenthal e Bill Cunliffe. A partir de 1990, foi estendido a outros instrumentistas (e também vocalistas), em sistema de rodízio.

Neste último domingo (8/11), em concerto de gala no Dolby Theater, Los Angeles, a 28ª Thelonious Monk Competition, dedicada a trompetistas, premiou Marquis Hill, 27 anos, nascido e criado em Chicago, onde se formou pela DePaul University. O segundo e terceiro colocados foram, respectivamente, Billy Buss, de Berkeley, California; e Adam O'Farrill, novaiorquino do Brooklyn, filho e neto de dois grandes chefes de orquestras especialistas no Afro-Cuban jazz: Arturo e Chico O'Farrill (1921-1981).

Como sempre, o corpo de jurados reuniu eminentes jazzmen – desta vez, é claro, ases do trompete: Quincy Jones, Randy Brecker, Jimmy Owens, Arturo Sandoval, Roy Hargrove e Ambrose Akinmusire (este, o mais jovem do júri, e vencedor da Thelonious Monk Competition de 2007).

Marquis Hill não é um ilustre desconhecido. Pelo menos na movimentada cena jazzística de Chicago, embora só agora vá ter acesso a um público bem maior, a partir dos próximos álbuns a serem gravados e distribuídos pela etiqueta Concord.

A discografia de Hill na condição de líder começou em 2012, com o álbum Sounds of the city, por ele mesmo produzido e editado, e que contou com dois convidados de peso: o saxofonista Greg Ward e o guitarrista Bobby Broom (um dos sidemen preferidos de Sua Excelência Sonny Rollins). No ano seguinte, o trompetista lançou The poet (Skiptone), à frente do seu conjunto Blacktet (Christopher McBride, sax alto; Joshua Thomas, vibrafone; Josh Moshier, piano; Joshua Ramos, baixo; Makaya McCraven, bateria).


Agora em outubro, no mesmo selo indie, saiu Modern flows EP, vol. 1, gravado em junho último, com o mesmo Blacktet. As 10 faixas do disco já estão disponíveis em iTunes, e exibem – além da técnica e da criatividade do pistonista rising star – composições e arranjos do líder em que os sopros e o vibrafone se harmonizam numa linguagem pós-bop refinada por sobre uma pulsação percussiva que remete, constantemente, à street dance. Em I remember Summer (4m30), King legend (2m45) e Legend's outro (3m30) os vocais pop ou na base dohip-hop sobrepõem-se à linguagem puramente jazzística. Mas os jazzófilos avessos a tais “desvios” vão certamente apreciar as demais faixas da seleção, principalmente Black harvest (5m), White shadows (7m10) e When we were kings (4m45).

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Mestre Tom Harrell faz nova viagem em 'Trip'

por Luiz Orlando Carneiro, em 22/11/14

O trompetista-compositor Tom Harrell foi personagem desta coluna há um ano (16/11/2013), por ocasião do lançamento do álbum Colors of a dream, no qual liderava um sexteto sem piano e com dois contrabaixos (Ugonna Okegwo e Esperanza Spalding), além de Wayne Escoffery (sax tenor), Jaleel Shaw (sax alto) e Jonathan Blake (bateria). Foi o sexto disco de uma série primorosa editada pela etiqueta HighNote, a maioria com o quinteto integrado por Escoffery, Okegwo, Blake e o pianista Danny Grisset. Os outros títulos foram: Light on (2006), Prana dance (2009), Roman nights (2010), The time of the sun (2011) e Number five (2012).

No trompete ou no flugelhorn, aos 68 anos, Tom Harrell é um mestre em matéria de engenho, arte e poética musical, no mesmo nível de excelência de Kenny Wheeler (1930-2014) e dos também mais idosos Enrico Rava e Tomasz Stanko.

Para gáudio de seus cultores, ele está de novo em evidência (sempre graças à HighNote) no CD Trip, agora à frente de um pianoless quartetcom o cada vez mais cotado saxofonista tenor Mark Turner, o fiel Ugonna Okegwo e o baterista Adam Cruz.

O novo quarteto também se chama Trip, e “viaja” a partir de peças escritas por Harrel. Mas com espaços abertos para diálogos e solos cativantes do líder e do saxofonista, e participações ativas do baixista e do baterista, que não se contentam apenas com a faina de sustentação rítmica, e se tornam – quando chamados – protagonistas em pé de igualdade com os principais atores.

A parte central do álbum é ocupada pela suíte Adventures of a Quixotic character – inspirada, é claro, nas andanças do Dom Quixote de La Mancha de Cervantes. São seis faixas (21 minutos de duração no total), das quais dois intermezzos em torno de um minuto cada (o camerístico The duke and the duchess e Sancho and Rocinante). A “viagem” começa pomposa em The ingenious gentleman (7m), com realce para a bateria de Adam Cruz, e continua fluente e inspirada, numa sucessão muito bem dosada de moods e solos, em Enchanted(3m), The princess (6m35) e Windmills (3m45).

As faixas do CD que não integram a suíte são as duas primeiras e as quatro últimas, com duração total de 30 minutos. São menos arquitetadas do que a obra central, mas nem por isso menos refinadas em matéria de estrutura melódico-harmônica. Além disso, têm campo mais livre para os solos preciosos de Tom Harrell, capaz de um lirismo ardente, mas sempre em estado de suspense. E também para maior exposição de Mark Turner, 49 anos, que o igualmente conceituado Ravi Coltrane, seu contemporâneo, considera “um dos mais importantes saxofonistas surgidos nos últimos 20 anos, e facilmente o mais influente”.

Destas faixas de Trip, as mais memoráveis são: a de abertura, Sunday (5m30), bluesy, em andamento relaxado; Cycle (6m10), tema complexo, espiralado, um tour de force em que se empenham com êxito os quatro membros do grupo; There (7m05), dançante, groovy, com solos generosos e descontraídos de Harrell e Turner; a balada Coming home (6m40), na qual reluz, especialmente, o fugelhorn do líder.

(As faixas de Trip podem seu ouvidas, na íntegra, em http://musicmp3.ru/artist_tom-harrell__album_trip.htm).








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