Nosso amigo, que ajustou o relógio das primaveras semana passada, traz-nos (particularmente aos fãs de Ciro Castanha) essa bela notícia em sua mais recente coluna.
Trio de Cyrus Chestnut grava primeiro CD ao vivo
Por Luiz Orlando Carneiro
Em Manhattan, há dois pequenos clubes particularmente
apreciados por jazzófilos enturmados e por músicos que neles se apresentam mais
por prazer do que por dinheiro ou prestígio: o Smalls, um basement na Rua 10
West, Greenwich Village; o Smoke, no Upper West Side, na Broadway, entre as
ruas 105 e 106 (Duke Ellington Boulevard). Seus proprietários criaram selos
exclusivos para gravar, ao vivo, jazzmende renome que lá se apresentam. O Live
at Smalls, fundado em 2010, já tem 30 CDs no catálogo (o pianista Ethan
Iverson, o guitarrista Peter Bernstein e o pianista-organista Larry Goldings
são alguns de seus destaques); o Smoke Sessions editou 10 títulos em um ano de
atividade (o pianista Harold Mabern, os saxofonistas Vincent Herring e Javon
Jackson são algumas de suas estrelas).
Da mais recente fornada oferecida pelo selo Smoke Sessions
merece especial atenção o álbum Midnight melodies, registro do trio de Cyrus
Chestnut, 51 anos, um dos mais respeitados e cativantes pianistas daquela
geração que começou a reinterpretar a mainstream do jazz, no fim da década de
1980, sob a liderança intelectual do trompetista-compositor Wynton Marsalis.
Os veteranos Victor Lewis (bateria) e Curtis Lundy (baixo)
são os acompanhantes de Chestnut nas 11 faixas do disco, selecionadas de setsde
duas noitadas de novembro do ano passado. É o primeiro registro ao vivo da
discografia do primoroso pianista, que diz se sentir “em casa” no Smoke, onde
tem à sua disposição um Steinway B que muito preza.
Ele aproveitou a oportunidade para reverenciar o subestimado
John Hicks (1941-2006), que foi sideman de líderes do quilate de Art Blakey,
David Murray, Arthur Blythe, e um dos mestres do teclado imortalizados na série
de recitais (solo) Live at Maybeck Hall, documentada pela Concord Records entre
1989 e 1995. Três peças de Hicks estão em Midnight melodies: Two heartbeats
(4m50) e Pocket full of blues (4m10), ambas em tempo rápido, no dialeto do
bebop clássico; Naima's love song, uma extensa performance (14m25) a partir de
uma também longa introdução a cappella, naquela atmosfera que remete ao hinário
gospel, fonte de inspiração permanente de Chestnut (Cf. CD Blessedquietness,
Atlantic, 1996).
O líder do trio assina apenas a meditativa To be determined
(5m10), enquanto o baterista Victor Lewis é o autor de Hey, it's me you're
talkin' to (7m15) – faixa em que exibe a sua arte nos tambores e pratos – e a
romântica I wanted to say (8m30).
Os standards jazzísticos escolhidos por Cyrus Chestnut para
o álbum gravado ao vivo no Smoke são bem íntimos dos iniciados: Bag's groove
(6m55), o “carro-chefe” do vibrafonista Milt Jackson (1923-99); Chelsea Bridge
(7m20) e U.M.M.G. (8m30), de Billy Strayhorn (1915-67);Giant steps (6m35), de
John Coltrane (1926-67), tratado pelo trio em ritmo de alucinante corrida de
obstáculos.
2 comentários:
Mais uma indicação primorosa de Mestre LOC, nesta ocasião com um pianista da melhor qualidade e representante de toda uma vertente da "mainstream".
Oxalá essas peças gravadas ao vivo cheguem às nossas lojas.
Pedro,
tá no Soulseek dando sopa...
Se não usar me fala poe email que dou as coordenadas.
Abraço,
Postar um comentário