ALGUMAS
POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA
E OS GUITARRISTAS - 30
AL DI MEOLA guitarrista, compositor e produtor discográfico norteamericano,
nasceu na cidade de Jersey, estado de New Jersey (que também abriga as sempre
citadas e famosas cidades de Atlantic City, Hackensack, Jackson, Madison, Ocean
City, Vineland e mais 296 outras), no dia 22 de julho de 1954 em família
descendentes de napolitanos.
Em seu lar ouvia-se todo tipo de música,
particularmente os clássicos italianos, maior paixão do pai.
Com a idade de 05 anos Di Meola interessou-se inicialmente pelo acordeom, escolha lógica
para o núcleo familiar, logo após pela bateria, para aos 07 anos passar a
dedicar-se à guitarra em muito influenciado pelo “rock” do final dos anos 1950
e início dos 1960.
Chegou a encantar muitos colegas e seus respectivos
pais tocando em orquestras infantis.
Seu professor musical foi Bob Aslanian, guitarrista de
JAZZ, grande incentivador para que
ouvisse, estudasse e tocasse os mais diversos gêneros, aí incluídas a música
erudita, o JAZZ e a bossa nova.
Esse tipo de incentivo foi particularmente
interessante para Di Meola, já que
além de despertar-lhe para novos, musicalmente melhores e mais amplos horizontes
que o “rock” e o “pop” então e infelizmente próprios de sua idade, dotaram-no
de rígida e continuada disciplina diária
e de técnica progressivamente mais acurada, assim como de excelentes
velocidade, destreza e fraseado.
Está claro que mesmo ouvindo e praticando “standards”
tocados por guitarristas clássicos do JAZZ
como Tal Farlow (Greensboro / Carolina do Norte, 07 de junho de 1921) e Kenny
Burrell (Detroit / Michigan, 31 de julho de 1931), essa não era a seara
preferida pelo jovem Di Meola, que em
suas apresentações de adolescente, tal como os de sua geração, executava os
“sucessos” de Eric Clapton (Ripley / Surrey, Inglaterra, 30 de março de 1945) e
Jimmy Hendrix (Seattle / Washington, 27 de novembro de 1942), mas já exibindo
muito de sua técnica, avançada em relação aos colegas de sua idade, além de
maior diversidade de temas e de estilos.
Em determinado momento sentiu-se atraído pela música
“country” e pelo estilo “picking” de “Doc” Watson (Arthel Watson, 02 de março
de 1923, Carolina do Norte, ganhador do “Grammy” de 1973 e de 1974 pelos “Best
Ethnic Or Traditional Recording” e que gravou intensamente até 1986), adotando
a tendência de “seguir” na guitarra a Chet Atkins, somente não prosseguindo na
cauda dessa influência por, em determinado instante e com 16 anos, ouvir a
Larry Coryell (Galveston, Texas, 02 de abril de 1943).
Passou a ser viajante constante de ônibus de Jersey para
New York como meio de poder seguir as atuações de Coryell pelos clubes de New
York, conseguindo tocar com ele para poder, em consequência, receber seus
conselhos e ensinamentos e tornarem-se amigos. Por essa época Coryell já participava de
experiências com o vibrafonista Gary Burton (Anderson / Indiana, 23 de janeiro
de 1943), na busca de empobrecer o JAZZ
misturando-o com “rock”.
Terminados seus estudos básicos com 17 anos em 1971, Di Meola ingressou no “Berklee College
Of Music” de Boston, passando a residir em pequeno apartamento local, mas após
poucos meses desligou-se e passou a integrar o grupo de Barry Miles.
Retornou à “Berklee” estudando arranjos e com 20 anos
e em 1974 recebeu desde New York o convite de Chick Corea (Chelsea /
Massassuchets, 12 de junho de 1941) para ensaiar com sua formação e de Stanley
Clarke (Filadélfia / Pensilvânia, 30 de junho de 1951), a “Return To Forever”; desse
ensaio resultou seu ingresso no grupo substituindo o guitarrista William “Bill”
Connors (Los Angeles / Califórnia, 24 de setembro de 1949, portanto 05 anos
mais velho que Di Meola).
Estréia gloriosa e até 1976, portanto por cerca de 03
anos, multiplicaram-se as temporadas e as gravações, levando Di Meola a ombrear-se com as “estrelas”
do apelidado “jazz.rock”, então Steve Gadd, Jan Hammer, Jaco Pastorius e Mingo
Lewis, assim como com os “top” da guitarra:
Les Paul (Waukesha / Visconsin, 09 de junho de 1915), Paco de Lucía (Francisco
Sanches Gómez, Algeciras / Cádiz, Andaluzia na Espanha, 21 de dezembro de 1947)
e John McLaughlin (Kirk Sandall /
Yorkshire, 04 de janeiro de 1942).
Foi a fase mais, digamos assim, “popular” do “Return
To Forever”, então com público seguidamente crescente, ávido pelo som da banda
servindo de base para as composições de
Chick Corea.
Por ocasião do lançamento da gravação “Romantic
Warrior” a banda chegou a tocar em Filadélfia (no “Spectrum”) para público
próximo a 10 mil pagantes, quantidade recorde para os padrões então vigentes.
A banda tocou em Paris para público superior a 20 mil
espectadores e no Central Park para mais de 15 mil presentes.
Segundo o baixista Stanley Clarke em declaração para a
revista “Down Beat”, a banda era admirada pelo que “tocava”, sem necessidade de
pirotecnias e acrobacias, como era costume nas apresentações das bandas de
“rock”.
Al Di Meola e Stanley Clarke desligaram-se do “Return To Forever”
para seguir suas carreiras-solo, desde logo com maiores frutos para Di Meola com a gravação de seus álbuns
“Land Of Midnight Sun” (primeiro álbum-solo de Di Meola) e “Elegant Gipsy” (com Paco de Lucia), ambos de 1976,
“Casino” (com Les Paul) de 1977 e “Splendid Hotel” de 1979.
É exatamente com os já citados Paco e McLaughlin que Di Meola formou um trio no início dos
anos 1980, com enorme reconhecimento e entusiasmo do público e da crítica, esta
considerando-o o “guitarrista mais rápido que a própria sombra”. Este trio gravou os álbuns “Friday Night in San Francisco”, “The Guitar Trio” e “Passion, Grace and Fire”. Esse trio de sucesso teve a duração de praticamente 03
anos, com seguidas apresentações em universidades, teatros e locais com grandes
capacidades de público.
Di Meola teve oportunidade prática no contato com esses outros
02 guitarristas de aprofundar-se na música latina, ai incluídos o “flamenco” e
a música brasileira.
A essa altura Di
Meola decidiu que nada mais tinha a demonstrar sobre o terreno musical até
então trilhado, passando a tocar com sobriedade, de forma menos “cerebral” e
mais elaborada. Como ele mesmo definiu,
“passou a executar sua música buscando o equilíbrio entre o cérebro e o
sentimento”.
Aderiu à instrumentação eletrônica (sintetizadores),
claro que ganhando recursos técnicos mas logicamente perdendo sua sonoridade
pessoal. Foi como se iniciasse uma
segunda carreira, bem mais madura, sem exibicionismos naturais de sua anterior
pouca idade e que podem ser notados em Larry Coryell e John McLaughlin, por
exemplos.
É um virtuose vertiginoso, buscando harmonias e
concepções rítmicas audazes, sempre bem inspirado, de toque sensual e exótico
que, com certeza, tornam seu “discurso” bem pessoal e singular.
Segundo muitos críticos Al Di Meola não é um guitarrista de JAZZ, com certeza em função de seu largo período internado nos
limites da “fusion” e da “world music”.
Na realidade e em nossa particular opinião o que
ouvimos em Di Meola são suas linhas
melódicas, explorações harmônicas e capacidade de improvisações, o que se não é
JAZZ, digamos “clássico”, com
certeza reúne muitos dos seus atributos.
Ele é, antes de tudo e ao largo de escolas e de estilos, um GUITARRISTA.
Di Meola prossegue atualmente em franca atividade, podendo
anotar-se a partir de sua agenda os seguintes compromissos, por exemplos: no Opera House de Viena / Austria, no Festival “La Milanesiana” realizado no
Teatro Dal Verme em Milão / Itália, no “Ljubljana Festival” em Ljubljana /
Eslovenia, em Hamburgo / Alemanha, em duo com Gonzalo Rubalcaba em Gent /
Bélgica e em Reims / França, no Aspendos Amphitheatre de Antalya e no Cesme
Alacati Amphitheatre de Cesme-Izmir / Turquia, no Palácio de la Opera em La
Coruña / Espanha e no Kulturufer de Friedrichshafen / Alemanha. Portanto uma alentada agenda para os 60
anos de Di Meola.
Algumas das principais gravações de Al Di Meola são:
- “Touchstone”, 1970, com Chick Corea;
- “No
Mistery”, 1975, Polydor, com Chick Corea;
- “Elegant
Gipsy Suite”, 1976, CBS, com Paco de Lucia;
- os 03
albuns citados anteriormente com Paco de Lucia e John McLaughlin;
- “Electric
Rendez-Vous”, 1982;
- “Cielo e Terra”, EMI / Capitol, 1984;
- “Tirami Su”, EMI / Capitol, 1987;
- “Orange
And Blue”, Bluemoon, 1994;
- “The Great Passion: World Sinfonia”, Telarc, 2000;
- “Vocal
Rendezvous”, SPV, 2006.
Di Meola pode ser visto nos DVD’s:
- “Live At Montreux 1986/1993”, Eagle Vision,
2004;
- “Al Di Meola - 1992”, WBP, 2005;
- “The Super Guitar Trio In Concert – Live 1990”, TDK, 2205.
Para ler um pouco mais sobre Al Di Meola recomendamos (01)
“Al Di Meola”, volume 18 da coleção “Folha Clássicos do Jazz” (texto preciso e
conciso de Carlos Calado, 2007, 60 páginas, mais CD encartado com 09 faixas, 06
das quais da autoria de Di Meola) e (02) “Dictionnaire Du Jazz”
(Philippe Carles, André Clergeat e Jean-Louis Comolli, 1988, Editions Robert
Laffont, S.A., Paris, 1350 páginas), com excelente verbete sobre Di Meola.
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo
artigo.
apostolojazz@uol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário