Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

23 setembro 2014


ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS  -  30
AL DI MEOLA guitarrista, compositor e produtor discográfico norteamericano, nasceu na cidade de Jersey, estado de New Jersey (que também abriga as sempre citadas e famosas cidades de Atlantic City, Hackensack, Jackson, Madison, Ocean City, Vineland e mais 296 outras), no dia 22 de julho de 1954 em família descendentes de napolitanos.
Em seu lar ouvia-se todo tipo de música, particularmente os clássicos italianos, maior paixão do pai.
Com a idade de 05 anos Di Meola interessou-se inicialmente pelo acordeom, escolha lógica para o núcleo familiar, logo após pela bateria, para aos 07 anos passar a dedicar-se à guitarra em muito influenciado pelo “rock” do final dos anos 1950 e início dos 1960.
Chegou a encantar muitos colegas e seus respectivos pais tocando em orquestras infantis.
Seu professor musical foi Bob Aslanian, guitarrista de JAZZ, grande incentivador para que ouvisse, estudasse e tocasse os mais diversos gêneros, aí incluídas a música erudita, o JAZZ e a bossa nova.     
Esse tipo de incentivo foi particularmente interessante para Di Meola, já que além de despertar-lhe para novos, musicalmente melhores e mais amplos horizontes que o “rock” e o “pop” então e infelizmente próprios de sua idade, dotaram-no de rígida e continuada  disciplina diária e de técnica progressivamente mais acurada, assim como de excelentes velocidade, destreza e fraseado.
Está claro que mesmo ouvindo e praticando “standards” tocados por guitarristas clássicos do JAZZ como Tal Farlow (Greensboro / Carolina do Norte, 07 de junho de 1921) e Kenny Burrell (Detroit / Michigan, 31 de julho de 1931), essa não era a seara preferida pelo jovem Di Meola, que em suas apresentações de adolescente, tal como os de sua geração, executava os “sucessos” de Eric Clapton (Ripley / Surrey, Inglaterra, 30 de março de 1945) e Jimmy Hendrix (Seattle / Washington, 27 de novembro de 1942), mas já exibindo muito de sua técnica, avançada em relação aos colegas de sua idade, além de maior diversidade de temas e de estilos.
Em determinado momento sentiu-se atraído pela música “country” e pelo estilo “picking” de “Doc” Watson (Arthel Watson, 02 de março de 1923, Carolina do Norte, ganhador do “Grammy” de 1973 e de 1974 pelos “Best Ethnic Or Traditional Recording” e que gravou intensamente até 1986), adotando a tendência de “seguir” na guitarra a Chet Atkins, somente não prosseguindo na cauda dessa influência por, em determinado instante e com 16 anos, ouvir a Larry Coryell (Galveston, Texas, 02 de abril de 1943).
Passou a ser viajante constante de ônibus de Jersey para New York como meio de poder seguir as atuações de Coryell pelos clubes de New York, conseguindo tocar com ele para poder, em consequência, receber seus conselhos e ensinamentos e tornarem-se amigos.     Por essa época Coryell já participava de experiências com o vibrafonista Gary Burton (Anderson / Indiana, 23 de janeiro de 1943), na busca de empobrecer o JAZZ misturando-o com “rock”.
Terminados seus estudos básicos com 17 anos em 1971, Di Meola ingressou no “Berklee College Of Music” de Boston, passando a residir em pequeno apartamento local, mas após poucos meses desligou-se e passou a integrar o grupo de Barry Miles.
Retornou à “Berklee” estudando arranjos e com 20 anos e em 1974 recebeu desde New York o convite de Chick Corea (Chelsea / Massassuchets, 12 de junho de 1941) para ensaiar com sua formação e de Stanley Clarke (Filadélfia / Pensilvânia, 30 de junho de 1951), a “Return To Forever”;   desse ensaio resultou seu ingresso no grupo substituindo o guitarrista William “Bill” Connors (Los Angeles / Califórnia, 24 de setembro de 1949, portanto 05 anos mais velho que Di Meola).
Estréia gloriosa e até 1976, portanto por cerca de 03 anos, multiplicaram-se as temporadas e as gravações, levando Di Meola a ombrear-se com as “estrelas” do apelidado “jazz.rock”, então Steve Gadd, Jan Hammer, Jaco Pastorius e Mingo Lewis, assim como com os “top” da guitarra:  Les Paul (Waukesha / Visconsin, 09 de junho de 1915), Paco de Lucía (Francisco Sanches Gómez, Algeciras / Cádiz, Andaluzia na Espanha, 21 de dezembro de 1947)  e John McLaughlin (Kirk Sandall / Yorkshire, 04 de janeiro de 1942).
Foi a fase mais, digamos assim, “popular” do “Return To Forever”, então com público seguidamente crescente, ávido pelo som da banda servindo de base para as composições  de Chick Corea. 
Por ocasião do lançamento da gravação “Romantic Warrior” a banda chegou a tocar em Filadélfia (no “Spectrum”) para público próximo a 10 mil pagantes, quantidade recorde para os padrões então vigentes.
A banda tocou em Paris para público superior a 20 mil espectadores e no Central Park para mais de 15 mil presentes.
Segundo o baixista Stanley Clarke em declaração para a revista “Down Beat”, a banda era admirada pelo que “tocava”, sem necessidade de pirotecnias e acrobacias, como era costume nas apresentações das bandas de “rock”.
Al Di Meola e Stanley Clarke desligaram-se do “Return To Forever” para seguir suas carreiras-solo, desde logo com maiores frutos para Di Meola com a gravação de seus álbuns “Land Of Midnight Sun” (primeiro álbum-solo de Di Meola) e “Elegant Gipsy” (com Paco de Lucia), ambos de 1976, “Casino” (com Les Paul) de 1977 e “Splendid Hotel” de 1979.
É exatamente com os já citados Paco e McLaughlin que Di Meola formou um trio no início dos anos 1980, com enorme reconhecimento e entusiasmo do público e da crítica, esta considerando-o o “guitarrista mais rápido que a própria sombra”.  Este trio gravou os álbuns  Friday Night in San Francisco”,  The Guitar Trio  e  Passion, Grace and Fire.    Esse trio de sucesso teve a duração de praticamente 03 anos, com seguidas apresentações em universidades, teatros e locais com grandes capacidades de público.  
Di Meola teve oportunidade prática no contato com esses outros 02 guitarristas de aprofundar-se na música latina, ai incluídos o “flamenco” e a música brasileira.
A essa altura Di Meola decidiu que nada mais tinha a demonstrar sobre o terreno musical até então trilhado, passando a tocar com sobriedade, de forma menos “cerebral” e mais elaborada.    Como ele mesmo definiu, “passou a executar sua música buscando o equilíbrio entre o cérebro e o sentimento”.
Aderiu à instrumentação eletrônica (sintetizadores), claro que ganhando recursos técnicos mas logicamente perdendo sua sonoridade pessoal.   Foi como se iniciasse uma segunda carreira, bem mais madura, sem exibicionismos naturais de sua anterior pouca idade e que podem ser notados em Larry Coryell e John McLaughlin, por exemplos.
É um virtuose vertiginoso, buscando harmonias e concepções rítmicas audazes, sempre bem inspirado, de toque sensual e exótico que, com certeza, tornam seu “discurso” bem pessoal e singular.
Segundo muitos críticos Al Di Meola não é um guitarrista de JAZZ, com certeza em função de seu largo período internado nos limites da “fusion” e da “world music”. 
Na realidade e em nossa particular opinião o que ouvimos em Di Meola são suas linhas melódicas, explorações harmônicas e capacidade de improvisações, o que se não é JAZZ, digamos “clássico”, com certeza reúne muitos dos seus atributos.   Ele é, antes de tudo e ao largo de escolas e de estilos, um GUITARRISTA.
Di Meola prossegue atualmente em franca atividade, podendo anotar-se a partir de sua agenda os seguintes compromissos, por exemplos:   no Opera House de Viena / Austria,  no Festival “La Milanesiana” realizado no Teatro Dal Verme em Milão / Itália, no “Ljubljana Festival” em Ljubljana / Eslovenia, em Hamburgo / Alemanha, em duo com Gonzalo Rubalcaba em Gent / Bélgica e em Reims / França, no Aspendos Amphitheatre de Antalya e no Cesme Alacati Amphitheatre de Cesme-Izmir / Turquia, no Palácio de la Opera em La Coruña / Espanha e no Kulturufer de Friedrichshafen / Alemanha.    Portanto uma alentada agenda para os 60 anos de Di Meola.
Algumas das principais gravações de Al Di Meola são:
-        “Touchstone”, 1970, com Chick Corea;
-        “No Mistery”, 1975, Polydor, com Chick Corea;
-        “Elegant Gipsy Suite”, 1976, CBS, com Paco de Lucia;
-        os 03 albuns citados anteriormente com Paco de Lucia e John McLaughlin;
-        “Electric Rendez-Vous”, 1982;
-        “Cielo e Terra”, EMI / Capitol, 1984;
-        “Tirami Su”, EMI / Capitol, 1987;
-        Orange And Blue”, Bluemoon, 1994;
-        “The Great Passion:  World Sinfonia”, Telarc, 2000;
-        “Vocal Rendezvous”, SPV, 2006.
Di Meola pode ser visto nos DVD’s:
-        “Live At Montreux 1986/1993”, Eagle Vision, 2004;
-        “Al Di Meola - 1992”, WBP, 2005;
-        “The Super Guitar Trio In Concert – Live 1990”,  TDK, 2205.
Para ler um pouco mais sobre Al Di Meola recomendamos (01) “Al Di Meola”, volume 18 da coleção “Folha Clássicos do Jazz” (texto preciso e conciso de Carlos Calado, 2007, 60 páginas, mais CD encartado com 09 faixas, 06 das quais da autoria de Di Meola) e (02) “Dictionnaire Du Jazz” (Philippe Carles, André Clergeat e Jean-Louis Comolli, 1988, Editions Robert Laffont, S.A., Paris, 1350 páginas), com excelente verbete sobre Di Meola.
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo.

apostolojazz@uol.com.br

 

Nenhum comentário: