Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO MESTRE LOC NO JB, EM 9/8/14

18 agosto 2014

Correndo atrás do meu atraso. Sorry, Mestre!

Melissa Aldana, a nova estrela do sax tenor

por Luiz Orlando Carneiro

"No ano passado (21/9/2013), esta coluna registrou a vitória da saxofonista chilena Melissa Aldana, então com 24 anos, na competição anual do Thelonious Monk Institute of Jazz – o mais importante concurso aberto a jovens músicos de talento, em busca de renome. O vencedor recebe um prêmio-bolsa de US$ 25 mil, mais um contrato de gravação com o selo Concord.

A especialista no sax tenor - nascida em Santiago, e formada no Berklee College of Music de Boston - foi a primeira mulher-instrumentista a ganhar o cobiçado prêmio, lançado há 27 anos. E o seu feito valorizou-se mais ainda em face da relevância dos jurados: os eminentes Wayne Shorter, Jimmy Heath, Bobby Watson, Branford Marsalis e Jane Ira Bloom. Vale anotar que o seu pai, Marcos Aldana, também saxofonista tenor, participou da Thelonious Monk Competition em 1991, e foi um dos três semifinalistas do concurso.

Pois bem. A Concord Jazz vem de lançar o CD Melissa Aldana & Crash Trio, o terceiro e mais significativo de uma discografia iniciada na etiqueta Inner Circle (Free fall, 2010, e Second cycle, 2012), sob os auspícios do influente saxofonista Greg Osby, que foi professor de Melissa.

Agora, no comando do Crash Trio, ela dá um show de autoconfiança e de domínio técnico do sax tenor, sem esconder sua devoção ao patriarca Sonny Rollins, e sua confessa admiração por Michael Brecker (1949-2007) e pelo também magistral Mark Turner (que tem o dobro da sua idade).


Os companheiros de Melissa na nova empreitada são o seu compatriota Pablo Menares (contrabaixo) e o cubano Francisco Mela (bateria), cuja cotação na cena jazzística subiu ainda mais quando passou a integrar o quinteto US Five do grande saxofonista Joe Lovano, que gravou para a Blue Note os álbuns Folk art (2009), Bird songs (2011) e Cross culture (2013).

Das 10 peças do disco da Concord, quatro são assinadas pela líder, duas por Mela e outras tantas por Menares. A balada You're my everything (5m05) e Ask me now (4m15), joia de Thelonious Monk, completam a seleção temática.

As composições de Melissa são: M&M (4m55), um “cartão de visitas” que realça o seu sopro seguro e encorpado, concluído com uma destemida coda; Turning (5m40), de construção melódica sofisticada, mas sem overdressing, à la Joshua Redman; Bring him home (5m05), idem; New points (6m35), a faixa mais longa do CD, levada num balanço meio bossa nova.

Pablo Menares contribui com Tirapié (6m05) - cuja abertura é um solo de quase dois minutos do excelente baixista – e Perdón (4m15) – em clima mais meditativo. O baterista Mela escreveu Peace, love & music (5m45) – com referências rítmicas explícitas ao flamenco – e Dear Joe(3m55) – um dos momentos mais animados da sessão.

Deve-se sublinhar que, apesar das origens nacionais de Aldana, Menares e Mela, o envolvente Crash Trio não deve ser rotulado como um conjunto que toca Latin jazz, muito embora o tempero rítmico caribenho ou brasileiro seja acentuado, aqui e ali, pela seção rítmica superatuante, que responde prontamente às provocações da saxofonista-líder, no mesmo nível de excelência. É música previamente escrita e arranjada, mas desenvolvida (improvisada) em action playing, sem o radicalismo do free jazz.


Na faixa final do álbum, Ask me now, Melissa Aldana dispensa o apoio dos sidemen para uma brilhante recriação, totalmente a capella, da inesquecível balada de Monk."

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