Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

04 junho 2014

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS  -  23

Oscar Frederic Moore, para o meio musical  OSCAR  MOORE”, nasceu em Austin, estado do Texas, no dia 25 de dezembro de 1916, vindo a falecer a ponto de completar 65 anos em Las Vegas, Nevada, no dia 08 de outubro de 1981 de causa natural.
Ainda que seu nome e seu reconhecimento musical tivessem sido atrelados, com justiça diga-se, à participação e longa permanência no famoso trio do grande Nat “King” Cole, MOORE teve brilho próprio e claro prestígio e reconhecimento de público e crítica por suas qualidades.
Desde cedo e ouvindo seu irmão Johnny, dedicou-se ao estudo e à prática da guitarra, seu único instrumento e, em 1934 com 18 anos, estreou profissionalmente com o irmão, em trio por eles formado.
Tocou para a trilha sonora de filme da MGM, “Girl Crazy”, em que Mickey Rooney simula tocar guitarra e atua ao lado de Judy Garland (no filme temos a presença da grande banda de Tommy Dorsey).
Apenas 03 anos mais tarde e em 1937 assinou seu primeiro contrato profissional, exatamente para integrar o trio de Nat “King” Cole (completado com o baixista Wesley Prince), então denominado “King Cole And His Swingers” e atuando no “Sewanee Inn”:  estava dada a largada para sua fama nacional e internacional.   No trio de Nat “King” Cole OSCAR MOORE permanecerá por cerca de 10 anos (apenas com um breve intervalo em 1944).
A formação desse trio foi uma verdadeira epopéia, que podemos resumir da seguinte maneira:
-        o proprietário do “Sewanee Inn”, Bob Lewis”, teve oportunidade de apreciar Nat “King” Cole tocando em piano solo no “Century Club”;  
-        convidou-o para formar um grupo de tocar por algum tempo no “Sewanee”; 
-        Nat aceitou e percorreu alguns clubes buscando músicos para a empreitada; 
-        no clube “Paradise” Nat deparou-se com o fato de que o grande Lionel Hampton estava desfazendo sua orquestra para juntar-se a Benny Goodman (o que veio a gerar o formidável quarteto com Goodman / clarinete, Hampton / vibrafone, Teddy Wilson / piano e Gene Krupa / bateria);
-        com essa dispersão o baixista de Lionel, Wesley Prince, ficou desempregado, o que possibilitou a Nat contratá-lo (até porque e além de ser bom músico, Wesley tal como Nat também era filho de Pastor);
-        Wesley tinha OSCAR MOORE como amigo, já então tocando com muito “avanço” ao que os guitarristas da época faziam.
Assim o grupo foi formado e a fama e o respeito vieram pelo público e pela crítica.   Como aspecto humorístico, dizia-se que o trio não incorporou um baterista em sua formação, devido às pequenas dimensões do “Sewanee Inn”;   com piano, guitarra e baixo no pequeno palco, caso entrasse um baterista pelo menos uma dúzia de Clientes teria que sair do local.
O grupo mudou o nome para “The Original King Cole Trio” e até 1939 atuou em temporadas por todo o U.S.A., sempre nos melhores e mais famosos clubes, teatros e outros locais do país.
Nesse ano de 1939 e para a casa “Davis & Schwegler” o trio gravou seus primeiros temas, todos até hoje clássicos do JAZZ em trio:  “Anesthetic For Lovers”, “Ta-De-Ah”, “I Lost Control Of Myself”, “Let’s Get Happy”, “Land Of Make-Believe”, “Riffin’At The Bar-B-Q” e “That Please Be Mineable Feeling”.
Essas gravações, com boa vendagem no mercado americano e excelentes críticas, valeram para o trio em 1940 um contrato com a gravadora “DECCA”, onde estrearam com o sucesso mais que célebre do clássico “Sweet Lorraine”.
Quase que imediatamente foram contratados pela gravadora “CAPITOL”, em vínculo que permaneceu até o falecimento prematuro do líder Nat “King” Cole, vitimado por câncer de pulmão resultante de seu pertinaz apego ao fumo.
Durante toda a sua permanência com o trio de Nat “King” Cole, MOORE foi “o” guitarrista da formação, sempre com grande fama e apenas e de certa forma menos famoso que a figura do grande Charlie Christian, então figura seminal na guitarra do JAZZ, à época criando verdadeira revolução no instrumento.
O estilo e a técnica de MOORE sempre foram muito “avançados”, tanto por suas linhas de solo sobre melodias, quanto pela construção harmônica que impunha como apoio dos solos e nos acompanhamentos para o trio.
Diferentemente dos guitarristas da época cuja concepção do instrumento era “linear’, OSCAR MOORE tratava a guitarra de forma “orquestral” pela combinação eficaz e sempre tecnicamente perfeita das possibilidades e recursos do instrumento, tanto melódicas quanto harmônicas.     Esses estilo e técnica “avançados”, tão modernos para o então, eram imaginativos e coloridos, com sonoridade brilhante, ataque incisivo, freqüente emprego dos glissandos e um portamento, que no contexto do trio contribuíram de forma decisiva para o êxito do trio do grande Nat “King” Cole.
OSCAR MOORE sempre declarou sua admiração pelo guitarrista Eddie Lang e, claro, pelo genial Django Reinhardt.
Nesse contexto de trio MOORE serviu de modelo para muitos guitarristas posteriores, podendo ser citados grandes nomes como Tiny Grimes (com Art Tatum) e Herb Ellis (com Oscar Peterson).
OSCAR MOORE foi o vencedor, como melhor guitarrista, nas enquetes das revistas “Down Beat” e “Metronome” nos anos de 1945 até 1948;  ganhou ainda o “Troféu de Prata da revista “Esquire” em 1944 e 1945, assim como o “Troféu de Ouro” dessa publicação nos anos de 1946 e 1947;   ainda mais e com o trio de Nat, abiscoitou os concursos da “Down Beat” de 1944 até 1947, além dos da “Metronome” de 1945 até 1948.  Esses prêmios dão a exata noção de sua importância em época coalhada de mestres nos instrumento.
Desfeito o trio de “Nat “King” Cole, pelo falecimento deste, MOORE voltou a reunir-se a seu irmão na formação criada por eles e intitulada “The Three Blazers”, baseada em Los Angeles.
Após algum tempo com o irmão MOORE passou a atuar como “free-lance”, com atuações esporádicas e múltiplas gravações na linha do JAZZ e na música “pop”.
MOORE esteve afastado da atividade musical de meados da década de 50 do século passado até 1966, quando retornou gravando um “LP” dedicado a Nat “King” Cole.
OSCAR MOORE é autor de composições de grande beleza, destacando-se “I’ll Remember You”, “Afterglow”, “Old King Cole”, “Tell Me You’ll Wait For Me” e “Beatiful Moons Ago”.
Devem ser citadas como gravações para apreciar a arte e a técnica de OSCAR MOORE, entre outras (em seu nome e para as etiquetas Tampa, Verve e Skylark) as seguintes:
-   Nat King Cole Trio (DJM Records);
-   Nat King Cole Trio (Music For Pleasure);
-   Oscar Moore Trio (Vedette);
-   Fabulous Guitar (Parker);
-   History Of Jazz (Capitol);
-   Just Jazz (Modern);
-   Swing Guitars (Norgran);
-   Nat King Cole  -  The Trio Recordings  -  04 volumes (Laserlight);
-   Nat “King” Cole  -  Sweet Lorraine (MoviePlay);
-   The Nat king Cole Trio  -  Trio Classics – 02 CD’s (Paraboxx Music);
-   Nat King Cole Shows  -  02 volumes (On The Air, Portugal).
É importante assinalar as gravações “Body And Soul” (1944) e “Route 66” (1946) de OSCAR MOORE com o “King Cole Trio”.
Com Lionel Hampton, MOORE fez-se presente na gravação de 1940 “Jack The Bellboy”.
São mais que destaque as gravações de MOORE com muitos músicos “top” do JAZZ, em diferentes formações, podendo ser citados Art Tatum, Benny Carter, Lionel Hampton, Coleman Hawkins, Bill Coleman e os “Capitol International Jazzmen”.
Em conclusão podemos afirmar que OSCAR MOORE foi um guitarrista que, se inicialmente deveu sua fama e prestígio à participação no trio de Nat “King” Cole, com certeza teve total reconhecimento da crítica e do público por suas qualidades de interpretação e de apuradas técnica e inovação.

Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
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