Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MESTRE LOC NO JB DE HOJE

17 maio 2014

ECM LANÇA CONCERTO INÉDITO DE PAUL BLEY DE 2008

por Luiz Orlando Carneiro

Quando o pianista Paul Bley completou 80 anos, em novembro de 2012, longe dos festivais e dos clubes, dedicado a raros concertos solitários - geralmente em salas europeias - lembrei, nesta coluna, que o seu último CD tinha sido About time, gravado em 2007, e lançado pelo selo canadense JustinTime no ano seguinte. O disco registrava, somente, duas mais do que alentadas improvisações, a partir da faixa-título (33m30) e de Pent-up house (10m25) - este um irresistível tema de Sonny Rollins.

Também em 2007, a etiqueta alemã ECM, de Manfred Eicher, editara o álbum Solo in Mondsee, seis anos depois de terem sido gravadas, naquela cidade austríaca, num Bösendorfer Imperial, as 10 “variações” contidas no disco.

O crítico Ben Ratliff, do New York Times, foi muito feliz, quando sintetizou a arte de Paul Bley nos seguintes termos: “Profundamente original e esteticamente agressivo, Mr. Bley encontrou, há muito tempo, um caminho para expressar seus pensamentos elegantes e volumosos de um modo que implica completa autonomia (…). A música flui numa mistura de profundo conhecimento histórico e de seus próprios princípios invioláveis”.

'Paul Bley Play blue' foi gravado pelo pianista "cult" na Noruega
'Paul Bley Play blue' foi gravado pelo pianista "cult" na Noruega
O pianista “cult” volta agora à cena com o CD Paul Bley Play blue/ Oslo concert (ECM), disponível nas lojas virtuais desde o último dia 31/4, embora tenha sido gravado em 2008, no festival de jazz anual da capital norueguesa.

O título do álbum é um anagrama, um jogo de palavras, já que as letras de Paul Bley são as mesmas de “Play blue”. Ou seja, não se pense que naquele concerto em Oslo o pianista tenha se proposto a improvisar a partir de uma temática eminentemente bluesy, muito embora a segunda peça do recital, Way down South Suite (15m20), tenha momentos em que tal mood predomina.

Das cinco faixas do CD, a mais longa é a inicial, Far North (17m), desenvolvida, a partir de acordes em ostinato, em abstrações aparentemente sem norte. As elucubrações de Bley são mais imprevisíveis do que as ruminações melódico-harmônicas de Keith Jarrett. Numa mesma peça ele pode combinar o minimalismo de Erik Satie com a assimetria de Thelonious Monk, o lirismo de Bill Evans com os clusters tensos de Cecil Taylor. Ele é free, embora não seja desorganizado. E cultiva, em consonâncias e dissonâncias, os contrastes do “claro-escuro” que as oitavas graves e agudas do piano permitem.

Flame (7m40) e Longer (10m20) são improvisações mais, digamos, melódicas do que as já citadas. Mas nem por isso seus “episódios” têm centros tonais previsíveis ou mesmo reconhecíveis.

A conclusão do concerto – e ponto culminante do álbum - é uma “desconstrução” sensacional do Pent-up house de Sonny Rollins, com duração de pouco mais de quatro minutos, mas seguida de uma ovação (gravada) de 2m20.

Na review de Paul Bley Play blue/Oslo Concert, o respeitado jazz writer inglês Richard Williams assim adjetivou a arte do pianista nascido no Canadá, radicado nos Estados Unidos e cidadão do mundo: “Ele não hipnotiza como Keith Jarrett nos seus melhores momentos ou deixa os nervos eriçados como Cecil Taylor, mas suas performances criam um universo muito próprio no qual a substância triunfa sobre exibições óbvias de emoção ou virtuosismo”.

PRESERVATION HALL BAND NO BRASIL

O Preservation Hall foi aberto em Nova Orleans, no French Quarter, há mais de 50 anos, para preservar e reviver o primeiro estilo de jazz tal qual praticado e gravado, no início do Século 20, pelas bandas de “King” Oliver, Freddie Keppard, Kid Ory e do jovem Louis Armstrong. Quando o jazz clube começou a funcionar, lá se apresentavam sobreviventes dos primeiros tempos do estilo Nova Orleans, como o clarinetista George Lewis (1900-1968), a pianista-vocalista “Sweet” Emma Barrett (1897-1983) e o trompetista Kid Thomas (1896-1987).

O “New Orleans revival” promovido pela instituição continua até hoje, com muito sucesso, com constante renovação do plantel. E a Preservation Hall Jazz Band passa parte do ano em turnê, nos Estados Unidos e no exterior.

A atual formação da PHJB, cuja idade média é de 53 anos, faz um giro de quatro noites pelo Brasil, a partir da próxima quarta-feira (21/5), no Bourbon Street Music Club, em São Paulo. No dia seguinte, estará no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre; no dia 23 (sexta-feira) apresenta-se novamente em São Paulo, no Clube Athletico Paulistano; no sábado (24) será a principal atração do Bourbon Festival Paraty, na histórica cidade fluminense.

Os oito músicos da PHJB são: Charlie Gabriel (sax tenor, clarinete), o mais velho da banda, com 82 anos; Ben Jaffe (tuba, baixo, banjo, percussão, diretor artístico); Rickie Monie (piano); Joseph Lastie (bateria); Clint Maedgen (saxes tenor e barítono); Freddie Lonzo (trombone); Mark Braud (trompete); Ronnel Johnson (tuba), o mais jovem do grupo, 37 anos. Todos eles funcionam também como vocalistas, em certos números.

Os integrantes da Preservation Hall Jazz Band vão aproveitar a oportunidade para promover o CD That's it (Sony Legacy), de 11 faixas, com temas originais, lançado no ano passado.

Um comentário:

apostolojazz disse...

Prezado MauNah:
Mestre LOC é sempre um rosário de precisão.
Uma pena que envolvido em dezenas de exames (a saúde aos 80 anos pede), não poderei ir hoje ao Bourbon.
Enfim, fica a boa notícia.