Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 18

19 abril 2014

WILLIAM (Bill) HENRY BAUER, artisticamente BILLY BAUER, guitarrista norte-americano, nasceu em 14/novembro/1915 no Bronx, New York;   com apenas 09 anos de  idade, aprendeu a tocar banjo e ukelelê de forma auto-didata.   Com 14 anos começou a tocar nos bares clandestinos de New York, os “speak-easys”, bares ou botecos a maior parte dos quais clandestinos, gerados desde o início do século XX nos U.S.A. e, à época, servindo até a madrugada bebida proibida – mas devidamente “batizada” -  em função da “Lei Seca”.   
Observamos aqui que a “Lei Seca” nos U.S.A. foi editada em 16 de janeiro de 1919 (ratificada pela 18ª Emenda à Constituição),  entrou em vigor 01 ano depois, em 16 de janeiro de 1920 durante o 2º mandato do 28º Presidente americano, Woodrow Wilson, tendo sido abolida em 05 de dezembro de 1933 (21ª Emenda à Constituição), durante o 1º mandato do 32º Presidente, Franklin Delano Roosevelt;   vale dizer que a “Lei Seca” permaneceu em vigor por praticamente 14 anos.
BILLY BAUER passou a apresentar-se em rádio do Bronx e adotou a guitarra como seu instrumento, tendo como orientador o guitarrista Allan Reuss.   Formou e comandou um quarteto utilizando guitarra com amplificação (estávamos no período de 1933 a 1936).
Atuou na banda de Jerry Wald em 1939 (somente a partir de 1941 Wald assumiu certa constância e projeção enquanto “big band”, com arranjos de Ray Conniff e Jerry Gray, chegando a gravar para os selos Decca, Majestic e  Columbia), assim como nas formações de Dick Stabile (cujo tema de apresentação era o delicioso “Blue Nocturne”, teve como uma de suas vocalistas Paula Kelly e que anos mais tarde atuou no “The Dean Martin and Jerry Lewis Show”) e de Abe Lyman (que tinha como prefixo e sufixo, respectivamente, “Califórnia, Here I Come” e “Moon River América”, gravou para a Brunswick, para a Decca e para a marca Bluebird, na realidade um selo “econômico” da RCA  -  ao longo de sua permanência teve, entre outros, músicos do calibre de  Carmen Cavallaro, Jake Garcia, Fred Ferguson, Bill Clark e Si Zentner).
Essas experiências iniciais permitiram a BAUER melhorar consideravelmente sua técnica.
Em 1941 ingressou na orquestra de Carl Hoff (cuja importância praticamente limita-se ao fato de nela ter atuado BILLY BAUER, onde gravou seu primeiro solo para o selo “Okeh”).
Ao lado do magnífico “Flip” Phillips formou novo conjunto, para incorporar-se seguidamente à banda de Woody Herman de 1942 até 1946 (o “first herd” – o “primeiro rebanho” de Herman).   Então já era músico reputado, sendo clara a influência direta de Charles Christian.
Sempre em New York atuou com Benny Goodman, com Jack Teagarden e em pequena formação com Chubby Jackson e Bill Harris.
Uniu-se ao famoso grupo experimental de Lennie Tristano e Lee Konitz, uma das bases mais importantes para a consolidação do “cool jazz”. 
Aqui fazemos um parênteses para assinalar que BILLY BAUER gravou em diversas ocasiões com Charlie Parker, as primeiras delas em 13 e 20 de setembro de 1947 no “Estúdio Mutual” de New York e integrando os “All-Star Metronome Jazzmen” de Barry Ulanov, formado na ocasião por Dizzy Gillespie (trumpete), Parker (sax-alto), John LaPorta (clarinete), Lennie Tristano (piano), Ray Brown (baixo), Max Roach (bateria) e, claro, BILLY BAUER á guitarra.
Nesse mesmo ano e no mesmo local (com transmissão radiofônica pela “U.S.Treasury”) o grupo de Barry Ulanov foi ligeiramente modificado, com Fats Navarro substituindo Gillespie, incorporado ao grupo Allen Eager (sax-tenor), além de alterações na “cozinha”  =  Tommy Potter no baixo e Buddy Rich na bateria.  Essa gravação / transmissão possui incalculável valor jazzístico, já que contou, também,  com a “divina” Sarah Vaughan em dois dos temas executados. 
Em 03 de janeiro de 1949 Billy BAUER voltou a gravar com Parker, desta feita no “Estúdio da RCA” em New York, integrando os “Metronome All-Stars” (vencedores da enquete de 1948 da revista “Metronome”, sendo certo que BILLY BAUER foi vencedor de diversas outras enquetes posteriores, tanto dessa publicação quanto da concorrente “Down Beat”), com uma formação verdadeiramente “all-stars”:  Dizzy Gillespie, Fats Navarro e Miles Davis nos trumpetes, J.J.Johnson e Kai Winding nos trombones, Parker, Buddy DeFranco, Charlie Ventura e Ernie Cáceres às palhetas e uma “cozinha” com BILLY BAUER, Lennie Tristano, Eddie Safranski e Shelly Mane.
Somente anos mais tarde, em 1954 e em uma das últimas gravações de Charlie Parker, BILLY BAUER gravou outra vez ao lado de “Bird”, no “Estúdio Fine Sounds” de New York e para o selo VERVE, do produtor Norman Granz.
Fechado esse parênteses retornamos ao ano de 1950, em que BILLY BAUER ministra aulas no “New York Conservatory Of Modern Music” e a partir de 1953 passa a atuar em diversos programas da rede radiofônica da NBC, assim como em espetáculos da Broadway e para a televisão na banda de Bobby Byrne para o “Steve Allen Show”.
No ano de 1958 junta-se a Benny Goodman, em feliz reencontro para temporada européia na “Exposição de Bruxelas”.
De regresso a New York, em 1959 BAUER faz breve e brilhante temporada ao lado de Lee Konitz no “Half Note”.
De 1961 até 1963 organizou formação própria e apresentou-se em Long Island. 
Passou a excursionar com o grupo “Ice Capedes” (espetáculos sobre o gelo) para, em 1970, inaugurar sua própria escola de guitarra em New York, onde organiza o “Guitar Players Club”.
No final de sua carreira BAUER apresentou-se no “JVC de 1997”, em tributo a Barney Kessel e a Tal Farlow, liderando grupo ao lado de Jimmy Raney e do então iniciante Joe Satriani.
Escreveu alguns livros sobre seu instrumento e sua técnica, destacando-se “Basic Guitar Studies” e sua auto-biografia “Sideman”.
Já foi assinalado mas ampliamos o fato de que BILLY BAUER tocou e gravou com  muitos músicos “top” do JAZZ, tais como Charlie Parker, Lennie Tristano, Warne Marsh, Lee Konitz, Miles Davis, J.J.Johnson, Flip Phillips, Jack Teagarden, Bobby Hackett, Al Cohn, Woody Herman, Dizzy Gillespie e tantos e tantos outros.
Com sua guitarra foi músico inicialmente filiado ao movimento “bebop”, mais pela presença e lógica influência de outros músicos desse movimento, para identificar-se posterior e claramente ao “cool jazz”, onde fincou âncora como um dos seus mais legítimos representantes.
Possuidor de técnica superior, BILLLY BAUER revela a influência do notável pianista Lennie Tristano, do qual foi um dos mais importantes e brilhantes alunos, desfilando em seus solos longas, sinuosas, complexas e flutuantes linhas melódicas, com acordes dissonantes, uma  sonoridade que podemos definir como “etérea” e um fraseado muito refinado.
Como acompanhante é importante ouvi-lo na seção rítmica da banda de Woody Herman, ao lado de Chubby Jackson no baixo e Dave Tough na bateria (mais tarde Don Lamond), onde executa os acordes tal como um pianista ou um naipe de metais.
Algumas das gravações em que podemos ouvir a maestria de BILLY BAUER são:
-   Blowin’Up A Storm, com a banda de Woody Herman, de 1946;
-   Igor, com a mesma banda e do mesmo ano;
-   Subconscious Lee, com Lennie Tristano e Lee Konitz, de 1949 
-   Rebecca, com Lee Konitz, de 1950;
-   Topsy de 1956;
-   The Plectristde 1956;
-   Blues For Trombones, com J.J.Johnson e Kai Winding, de 1954;
-   It’s A Blue World, de 1956.
BILLY BAUER veio a falecer pouco antes de completar 90 anos, no dia 24 de junho de 2005, mesmo mês e ano do falecimento da grande atriz Anne Bancroft (lembra-se aqui o clássico “A Primeira Noite de Um Homem”, estrelado por ela e Dustin Hofman).
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
            apostolojazz@uol.com.br
 

 

4 comentários:

Nelson disse...

Mestre Apóstolo,
Bela e precisa resenha de Billy Bauer que, junto com Warne Marsh e Lee Konitz forma o trio dos "filhos escolásticos" de Tristano, a nosso ver "o pai do cool jazz".
Segue o excelente trabalho sobre s guitarristas que deixaram indeléveis seus nomes gravados na "Arte Maior".
Aproveito para desejar a vc. e aos seus uma Boa Páscoa.Outrossim, para os que aqui nos lêm e frequentam esse "cantinho do Jazz"
Abçs.
Nelson Reis

apostolojazz disse...

Prezado NELSON:
Paz, saúde, convívio familiar e muito JAZZ, são os votos com que retribuo os seus.
Abraços.

Unknown disse...

Que lindo esse meu avó!! Te amo.....

apostolojazz disse...

Ser amado por minha "primonétina" é um orgulho e uma alegria sem pares.