Joseph Barry Galbraith, artisticamente BARRY GALBRAITH, nasceu no dia
18 de dezembro de 1919 em Pitisburg, estado da Pensilvânia, vindo a
falecer aos 63 anos em 13 de janeiro de 1983 na cidade de Bennington,
estado de Vermont.
Aprendeu a tocar o banjo de forma auto-didata, sendo que no início dos
anos 30 do século passado, portanto ainda na adolescência, passou a
dedicar-se à guitarra após ouvir o guitarrista Eddie Lang acompanhando o
cantor Bing Crosby.
Iniciou-se profissionalmente nos clubes de Pittsburgh e arredores, sendo
que em 1941 e com 22 anos atuou com Red Norvo e Babe Russin.
Nessa época e já em New York chegou a integrar a orquestra de Teddy
Powell, que havia constituído sua banda no ano anterior (1940), egresso
da banda de Abe Lyman em New York. Teddy Powell adotou como prefixo
de sua banda o tema “Blue Sentimental Mood”, chegando a atuar durante 01
ano no “Rustic Tavern” e a apresentar-se em diversos números do “Coca
Cola Spotlight Band Show”.
Na
banda de Teddy Powell, cujos arranjos eram assinados por, entre outros,
Ray Conniff, chegaram a tocar músicos do calibre de Charlie Ventura,
Pete Candoli e Milt Bernhardt. Isso significa que BARRY GALBRAITH,
ainda que auto-didata, “cursou’ uma excelente escola prática.
Ainda em 1941 e até 1942 BARRY passou a integrar outra banda importante,
a do pianista, arranjador e líder Claude Thornhill, que antes de montar
sua banda tocou nas de Hal Kemp, Benny Goodman, Ray Noble, Artie Shaw,
Freddy Martin e outras, isto é, possuía vasta experiência no “metiê” das
“Big Bands”. Tornhill havia iniciado sua banda no ano anterior e
adotado como prefixo o tema “Snowfall”. Participou como banda fixa do
programa de televisão “Judy ‘N Jill ‘N Johnny” nas temporadas de 1946 e
1947, gravou para as etiquetas Vocalion, Okeh, Columbia, Decca e Camden
e, ao longo do tempo, teve como músicos integrantes de sua banda Conrad
Gozzo, Irving Fazola, Nick Fatool, Billy Butterfield, John Graas, Dave
Tough, Randy Brooks, Gil Evans, Gerry Mulligan e muitos outros.
BARRY obteve sucesso e reconhecimento nesse período com Claude
Thornhill, mas desligou-se da banda para servir nas Forças Armadas
americanas de 1943 a 1946; retornou ao grupo de Thornhill nos anos de
1946 e 1947, época de participação da banda nos programas de televisão.
Mais “escola” para BARRY GALBRAITH ! ! !
É importante assinalar que Claude Tornhill possuía sólida formação
musical (sua mãe queria torná-lo pianista clássico), tendo estudado no
“Cincinnati Conservatory” e na “University Of Kentucky”; Claude também
serviu nas Forças Armadas, com destacada atuação na marinha.
Ainda assim e em 1942 BARRY chegou a incorporar-se à banda de Hal
McIntyre, sax.tenorista, clarinetista e flautista, que havia iniciado
sua banda em New York no ano anterior. Essa banda gravou para as
etiquetas Victor e Cosmo e adotou como prefixos os temas “Moon Mist” e
“Ecstasy”.
McIntire
possuía, também, larga vivência no cenário das “Big Bands”, já que era
egresso das formações de Glenn Miller, dos irmãos Dorsey (Jimmy e Tommy)
e de Smith Ballew. Teve como músicos, entre outros, Clarence Willard,
Vic Hamann, Dave Mathews e Larry Kinsey, contando com arranjos de Billy
May. BARRY GALBRAITH, portanto, sempre teve participação em
formações com músicos de primeira linha.
De 1947 e até 1970 BARRY trabalhou no rádio, na televisão (orquestras
das redes CBS e NBC) e nos estúdios de gravação, onde atuou com músicos
de primeira linha, citando-se entre os principais Coleman Hawkins, Joe
Newman, Betty Glamman (harpista então consagrada pela crítica e pelo
público), Hal McKusick, Ralph Burns, o também guitarrista Tal Farlow,
John Lewis (“remember” o Modern Jazz Quartet), Hank Jones, a vocalista
Chris Connor, Sam Most, os arranjadores George Russell e Gil Evans,
enfim, uma verdadeira “constelação” de astros musicais.
BARRY granjeou enorme prestígio entre os músicos e as gravadoras e era
nessa ocasião, muito provavelmente, o guitarrista mais ativo no panorama
novairquino.
Participou da gravação de mais de uma centena de de LP’s, quase que
totalmente como “sideman” e tendo como titulares, além dos já citados
anteriormente, Stan Kenton, Peggy Lee, Ella Fitzgerald, Tony Bennet,
Benny Goodman, Benson Brooks, Tommy Shepard, o “Manhattan Jazz Septet”,
Wild Bill Davinson, Willie Rodriguez e Jimmy Cleveland.
Podemos ouví-lo integrando a sessão rítmica composta por ele à guitarra,
Wynton Kelly, Keeter Betts e Jimmy Cobb (piano/baixo/bateria), na
clássica e seminal gravação “For Those In Love” (março de 1955, todos os
temas em arranjos de Quincy Jones) da cantora Dinah Washington (Ruth
Lee Jones nascida em Tuscaloosa, estado do Alabama, em 29 de agosto de
1924 e falecida no dia 14 de dezembro de 1963, cantora de jazz, blues e
música religiosa), com uma banda de qualidade superior: Clark Terry ao
trumpete, Jimmy Cleveland no trombone (solando a “la Frank Rosolino” em
“I Get A Kick Out of You”), Paul Quinichette no sax-tenor e Cecil Payne
ao sax-barítono. Essa gravação nos permite acompanhar solos excelentes
de todos os músicos, com Dinah em plena forma nos temas “I Get A Kick
Out of You”, “Blue Gardenia” (canção tornada clássica por Nat “King”
Cole e, nessa gravação de Dinah Wahington, com magnífico solo de BARRY
GALBRAITH), “Easy Living” (excelente versão de Dinah), “If I Had You” e
mais 06 standards do populário americano e sempre bem aproveitados no
JAZZ.
Também podemos apreciá-lo no documentário “After Hours” de 1961, 27
minutos, ao lado de Coleman Hawkins / sax.tenor, Roy Eldridge /
trumpete, Johnny Guarnieri / piano, Milt Hinton / contrabaixo e Cozy
Cole / bateria, em que é filmada uma “jam session” na madrugada do clube
do mesmo nome (“After Hours”) em New York.
O fato de atuar e gravar com grupos de outros titulares aparentemente
não trouxe para BARRY GALBRAITH maior popularidade mas, com absoluta
certeza, tornou-o um super-requisitado guitarrista por outros músicos,
que o tratavam com um astro muito estimado.
Gravou em seu nome ou com grande destaque para os selos DECCA (“Guitar
And The Wind”), Bethlehem (“East Coast Jazz nº 8 With Hal McKusick”),
Norgran (“Tal Farlow Álbum”), Jazz Kings (“Jimmy Hamilton Orchestra”) e
Mea Coral (“Jazz At Academy”).
Seu estilo sempre se revelou “moderno”, com toques inspirados em Charlie
Christian, Jimmy Raney e Tal Farlow.
Ainda que seu maior acervo de atuações e de gravações seja o de
acompanhante e mesmo que auto-didata, GALBRAITH possuía uma técnica
soberba, extraordinária, um solista que se destacou por sua delicadeza
nas linhas melódicas e pelo “swing” sempre presente.
Até o final da década de 50 do século passado GALBRAITH formou seção
rítmica com Hank Jones, Milt Hinton e Gus Johnson (piano, baixo e
bateria), grupo esse que permanece como referência, modelo e símbolo de
coesão, de liberdade e de agilidade dentro dos cânones do JAZZ. Ai ele
era um solista de “concerto” ! ! !
Durante os últimos anos de sua vida, 1971 e até quase o final de 1982,
com problemas na coluna, BARRY dedicou-se ao ensino.
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo.
PEDRO CARDOSO, São Paulo/SP, fevereiro/2013
Um comentário:
Mais um excelente capítulo de um futuro livro do nosso Apóstolo.
Abcs, Pedro,
llulla
Postar um comentário